sábado, 2 de junho de 2012

A FEIRA DO SERTÃO, POR UM GRANDE POETA

TUDO PINÇADO DO MEDIOCRIDADE-PLURAL.BLOGSPOT.COM.BR

de Laélio Ferreira


 
 
"A GENTE ENCONTRA NA FEIRA
NOS CAFUNDÓ DO SERTÃO"

NOTA: De autor ainda desconhecido, segundo nota do E-mail que
encaminhou o mote e as glosas. Que apareça, pois o
autor da obra prima!

G L O S A S :

Caco de cuia, cabaça,
Taxo de barro coité,
Urupema, jereré,
Baleeira e alçapão,
Gamela de molungú,
Trinxête, pinhão, ponteira
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
 
Enfileira de piaba,
Cangatí, cará, corró,
Pau de cangalha, bozó,
Candeeiro, lampião,
Caçoá, jarra, quartinha,
Machado, foice e peneira,
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
 
Mel de cana, rapadura,
Caco de fazer pipoca,
Fogo de flexa, taboca,
Torradeira de assar pão,
Alfinim, caldo de cana,
Chapéu de couro e perneira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
 
 Trança de alho, arapuca,
Quixó, de pegar preá,
Sacola de caroá,
Cabo de enxada, mourão,
Lamparina à querozene,
Dobradiça de porteira,
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
 

Chinelo de couro cru,
Marra, chocalho, sacola,
Grampo de cêrca, gaiola,
Bodoque, mão de pilão,
Serrote, sela, cabresto,
Banco de pau e cadeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
 
Fruta de palma, araçá,
Queijo de coalho, paçoca,
Bolo, mingau, tapioca,
Umbu maduro melão,
Pilão de pizar tempero,
Feito de pau de aroeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
 
Fumo de rolo, tabaco,
Mel de abelha, cortiço,
Medalha de Padim Ciço,
Foto do Frei Damião,
Anzol de pescar traira,
Cama de pau e esteira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
 

Casca de pau pra remédio,
Pau-darco roxo, jurema,
Marcela, boldo, alfazema,
Alecrim, manjerião
Babosa, espinheira, santa,
Fedegoso, quixabeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.

Um velho numa barraca,
Vendendo cocada branca
Um pote embaixo da banca
Com água de cacimbão,
Um camelô receitando
Pomada para frieira
A gente avista na feira
Nos cafundó do Sertão. 

Uma vitrola fanhosa,
Um cabra perto encostado,
Vendendo disco arranhado
Da época de lampião,
LP. De Gonzagão,
Tocando Mulher rendeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do Sertão.

Feijão de corda, cuscuz
Com manteiga feita em casa
Cabrito assado na brasa,
Aguardente com limão,
Sarapatel com pimenta,
Galinha com macaxeira,
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.

Caminhão pau de arara,
Levando gente e trazendo,
Gente subindo e descendo,
Jumento, carro de mão,
Menino pedindo um pão
Outros batendo carteira,
A gente avista na feira
NOS CAFUNDÓ DO SERTÃO."

A ÚLTIMA E DECISIVA BATALHA NA "GUERRA DAS MOSCAS"


Carlos Santos
 
 
"Tudo ou nada"


A administração do Mossoró West Shopping (MWS) está com uma missão quase impossível: colocar fim à ‘esquadrilha de moscas’ que diariamente ocupa seu ambiente interno, da Praça de Alimentação às suas lojas de produtos/serviços diversos.

A tarefa não é fácil. E não se pode dizer precipitadamente que não tenha ocorrido empenho à eliminação desse incômodo inaceitável num equipamento mercantil com tais características. O esforço é cotidiano e frenético, mas sem êxito.

Desde sua inauguração há mais de quatro anos, o MWS teve pelo menos duas empresas especializadas em pragas e detetização – com conceito no mercado – atuando no local. Sem sucesso. Perderam feio a guerra para esses “dípteros” (animais que possuem duas asas).

A praga, de fazer inveja às maldições que teriam assolado o Egito, conforme contam as sagradas escrituras, tem demonstrado enorme resistência. Fazem acrobacias e transitam soberanas, imponentes, de ‘nariz empinado’. Não parecem se incomodar com a impertinente presença humana, coabitando o mesmo espaço comercial.




As moscas tornaram-se habituês do lugar. Revelam um lado refinado e chique, como se fossem de uma nova espécie: a ‘Musca Patricinha’.

Sentem-se bem entre mármores, escadas rolantes, granitos, colunas e vitrines iluminadas. O que não chega a ter a concordância da clientela capitalista, obrigada a dividir mesas, cadeiras e os espaços físicos do shopping com esses insetos gosmentos. Eles, de graça; o consumidor, pagando.

Fala-se no shopping, na contratação de uma terceira empresa, sob custo não revelado, para finalmente bani-las. Colocar um fim no problema. Se a nova tentativa falhar, o jeito é recorrermos à turma da lagoa: os sapos. A partir daí, passaremos a testemunhar uma batalha de caráter biológico, com esse exército saltitando entre nossos pés, em lojas e corredores, numa cruzada definitiva.

Predadores naturais das esvoaçantes moscas, os batráquios podem ser chamados a essa ‘deliciosa’ (para eles) refeição. Não duvidemos. Uniriam o útil ao agradável. Com sorte, podem até realimentar o lirismo dos contos de fadas, cedendo um beijo para quem acredita poder descobrir um príncipe encantado em seus lábios finos e gélidos.
Quem duvida, heim?

Princesas, candidatem-se! Moscas, cuidem-se!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

ATÉ QUANDO, STF?

Por Honório de Medeiros
 

Nunca antes neste País, parodiando Lula da Silva, o STF se deu ares de tanta mediocridade.
Se um País se medir pelos titulares dos seus poderes, estamos fritos.
Dos último cinco Presidentes do STF, três em nada engrandeceram a antigamente vetusta instituição.
Primeiro, Nelson Jobim, o fraudador da Constituição Federal. Quem quiser saber mais leia: “Anatomia de uma fraude à Constituição”, elaborado em agosto de 2006, de Adriano Benayon, doutor em economia, diplomata, advogado, consultor legislativo da Câmara Federal e do Senado, professor de economia política na Universidade de Brasília (UnB), e Pedro Antônio Dourado de Rezende, professor de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB), coordenador do programa de Extensão Universitária em Criptografia e Segurança Computacional da UnB, ATC PhD em Matemática Aplicada pela Universidade de Berkeley (EUA), ex-representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), em www.cic.unb.br/~pedro/trabs/fraudea_f.
Depois, Gilmar Mendes. Para tanto basta ler “A degradação do judiciário”, artigo de Dalmo de Abreu Dallari jamais respondido, e à disposição dos interessados em www.sul21.com.br/jornal/2012/05/ha-dez-anos-professor-da-usp-foi-profetico-gilmar-mendes-sera-uma-tragedia-no-stf. Quem há de esquecer sua enfurecida cruzada para libertar Daniel Dantas atropelando uma súmula vinculante? E, atualmente, seu envolvimento no episódio com Jobim e Lula?
Finalmente Peluzo. Quanto a este, nunca será demais lembrar sua investida odienta contra o CNJ, na pessoa da Ministra Eliana Calmon, na tentativa de impedir a investigação dos mal-feitos de seu Órgão de origem, o TJSP.
Tempos estes de absoluta mediocridade. Como é medíocre a nossa elite dirigente.
Oh, tempora, oh, mores! Como diria Cícero...

VOTOS, GRANAS E DENÚNCIAS NA CAMPANHA DE 2012

Leia em www.blogcarlossantos.com.br:
 
 
"Tempo quente"
 
Ouvi algumas vozes empresariais influentes e alguns conhecedores profundos da política resmungando e asseverando: a grana vai estar curta na campanha eleitoral deste ano.

Escândalo do Caixa 2 do DEM/Rosalba, Operação Vulcano, Casos dos Precatórios e Sinal Fechado (Detran); Operação Impacto, Operação Hígia e Folioduto assustam financiadores.

Passar dinheiro por debaixo do pano fica cada dia mais difícil. Hoje, qualquer zé-mané tem um celular com gravador ou câmera.

As denúncias pipocam de todos os lados.

Campanhas devem ter forte teor de judicialização.

Ter uma boa retarguarda jurídica para defesa e ataque é muito mais prioritária do que marketing.


Sei não…

FUJA DOS VÍCIOS DE LINGUAGEM



Por Laélio Ferreira
Sabe o que é tautologia?

É o termo usado para definir um dos vícios, e erros, mais comuns de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:
- elo de ligação
...
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exacta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livreescolha
- superávit positivo
- todosforam unânimes
- conviver junto
- facto real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planear antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a últimaversão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .
Note que todas essas repetições são dispensáveis.
Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.
(De um imeio de WALCI PEREIRA JOANNOU)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O PRECIOSO VILLAÇA


Escritor Franklin Jorge


Por Franklin Jorge

Escritor – como opção – uma forma superior de vida, assim como o monarquismo e o sacerdócio, eis a única e integral vocação de Antonio Carlos Villaça para as letras, condensa experiências e idéias em sentenças aforísticas, algo lispectorianas, pensadas em profundo silêncio e escritas com sofreguidão e gulodice abissais.

Numa prosa arfante e elíptica, personalíssima, atua o autor de “O nariz do morto”, iludindo-nos com a magia da literatura. Uma literatura, a sua, não conformista, serena e desesperada; contemplativa e observadora, plena de pausas gramaticais e deliberada pontuação excessiva que dir-se-ia, por sua abruptidão – arfante, dispnéica -, capaz de induzir o leitor a suspender a leitura e cismar numa longa e absorvente ruminação.

Malgrado não ter a rigor uma “biografia” – peripécias, aventuras, envolvimento com fatos históricos etc –, Villaça consegue extrair do seu olhar arguto e analítico sobre os homens, a essencialidade mesma da condição humana.

Representante de uma estirpe de escritores embebidos em humanismo, banhado em angústia e poesia moderna, mantém-se jovial, guardando e velando o menino buliçoso e inquieto que continua existindo nele, o amigo de Manuel Bandeira – o melhor Manuel do mundo -, uma flor humana, Manuel Bandeira.

Recordo-o em dois momentos de sua vida, no Rio de Janeiro e em Natal, ambos marcados por uma emoção muito viva. Em 1979, passeando por nossas ruas, no usufruto do seu cristianismo hedônico; entontecido nessa luz sobrenatural que distingue a cidade oceânica com uma invisível redoma. Natal, pois, o seduziu e encantou.

Visitou Cascudo em seu chalé, numa das tardes mais intensas da sua vida, e impressionou-se com a fidelidade do autor de “Prelúdio e fuga do real” à terra natal. Foi quando o interrogou sobre Bibi, a babá inesquecível, a ama longínqua, ali presentíssima. Cascudo fumava alegremente o seu charuto. E perturbou-se com a pergunta a respeito da sua ama, a mais poderosa presença da sua vida, toda vivida aqui, por toda a cidade, no meio do povo, como um “provinciano incurável”.

Villaça não sabia que naquele dia transcorria as “Bodas de Ouro” do seu anfitrião quando Dona Dahlia, “gentilíssima”, o recebeu no alto da escada e em seguida o introduziu no museu cascudiano. Surdo e quase cego, Cascudo respondeu à curiosidade villaciana com uma fluência calorosa.“Mas devo tanto a essa mulher”, confessou num rompante. Tudo o que sabia, veio dela, Bibi, sua grande fonte inesgotável. E Villaça se lembra que Cascudo se pôs a falar dela, a evocar a ama perdida no tempo. Em seu solilóquio, diante de uns olhos vivazes, vibrava no menino de súbito despertado para o mundo, ouvindo os contos de Bibi.

Havia tanta vida nele – recorda Villaça. –Tanto élan, tanto frêmito…

No ano seguinte, no Rio, após o almoço numa taberna portuguesa, Villaça quis levar-me em visita à casa apalacetada da sua avó Antonia, magistralmente retratada em “O nariz do morto” (Editora Rocco, 1975). De São Cristóvão ao Cosme Velho, possuído daquela alegria do menino que passeia, desvelou-me a alma mesma do Rio. A rua faz-lhe bem, a multidão o alegra. Cada bairro, cada rua, cada praça, cada casa tinham a sua história individualizadora e um nome que as distinguiam. Estavam vivas na memória hospitaleira de Villaça, o cardeal das letras.

Ali, naquela casa, apontava Villaça, teria vivido Nelson Rodrigues, o moralista truculento, antes de mudar-se para o Leme; em Santa Teresa, naquele miradouro de onde se descortina a cidade com a baía da Guanabara ao fundo, Adelino Magalhães, grande escritor esquecido, viveu; agora passávamos pelo Flamengo, diante do edifício onde morava o nosso amigo Walmir Ayala… Em Laranjeiras, a casa do reacionaríssimo Gustavo Corção e, no Cosme Velho, a casa onde morou Cecília, esse chão onde viveu e morreu Machado de Assis, e onde ainda há de viver por muitos anos o artista Augusto Rodrigues… O criador da Escolinha de Arte do Brasil.

De repente, diante da carcaça de uma casa em avançado processo de demolição, portas e vitrais já enfileirados ao longo do muro, mandou parar o táxi. Sem que me dissesse nada, percebi que estávamos diante da casa da infância e da mocidade de Antoninha, sua avó Antonia, de quem, por gratidão de seus pais, herdaria a versão masculina do nome.

Villaça estava visivelmente emocionado e deve ter-se lembrado que essa avó, tão presente em sua memória, ao vê-lo roxo e nu sobre a bancada de mármore, recém-nascido e dado como morto, em seu desespero pôs-se a sacudi-lo com tanta paixão que o trouxe de volta à vida.

Lançou um último olhar sobre a casa – esse olhar contemplativo, alongado e comunicante que conhecemos – e viu as suas tias-avós, as meninas Chiquinha, Cotinha, Juju e Helena,irmãs de Antoninha… Em que pensaria, naquele momento, diante daqueles escombros? Ter-se-ia lembrado que sua tia Cotinha, afilhada de Machado de Assis, levara certa vez um beliscão do autor de “D. Casmurro”, porque não conseguira recitar corretamente uns versos que ele escrevera especialmente para uma festa em família? Onde estaria, agora, toda essa gente do seu sangue? Para onde vão os que desertam desse mundo?

A casa, afinal, era por aqui…

.Fragmento de “Os diários do Rio” [inédito]

HÁ CALOR NA ESCURIDÃO


Bárbara de Medeiros



Por Bárbara de Medeiros



Soldados brancos se aproximam
De armas na mão, sem sangue nas veias.
Tento me preparar,
Mas para quê?
A guerra já está aqui,
A batalha já foi perdida.
Se for pra eu morrer,
Deixe-me morrer assim:
O frio do inverno me sauda,
Seus longos braços me abraçam
Desesperado, tento me aquecer
Por fim desisto
Por que insisto?
Há calor na escuridão.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

LULA, GILMAR E JOBIM, UMA TRINCA DO ESCRACHO!


Gilmar Mendes

blogdopego.blogspot.com

 

Por Elio Gaspari, O Globo

O que aconteceu no dia 26 de abril no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça, da Defesa, e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal? Certo mesmo, só que lá se encontraram Lula, o ministro Gilmar Mendes e o dono da casa.

Os repórteres Rodrigo Rangel e Otávio Cabral revelaram a lembrança de Mendes. Coisa tenebrosa. Lula recomendou que se adiasse o julgamento do mensalão: “É inconveniente julgar esse processo agora”, e contou que estava caitituando votos da Corte.

Cármen Lúcia? “Vou falar com o Pertence para cuidar dela.” Referia-se ao ex-ministro Sepúlveda Pertence, por coincidência presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência.

Dias Toffoli? “Ele tem de participar do julgamento.” (O ministro, como ex-advogado-geral da União, poderia dar-se por impedido.)

Ricardo Lewandowski? “Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão.”
Joaquim Barbosa: “Complexado.”

Finalmente, Lula prensou Mendes com uma pergunta. “E a viagem a Berlim?”

Por trás da curiosidade estava a maledicência de que o ministro fizera uma viagem a Berlim com o senador Demóstenes Torres e parte do paganini por conta de Carlinhos Cachoeira. O ministro rebateu a insinuação e dobrou a aposta: “Vá fundo na CPI.”

O repórter Jorge Bastos Moreno ouviu a narrativa de Jobim: “Não houve nada disso.” Ele contou que o encontro ocorreu por acaso, durou cerca de uma hora, e em nenhum momento os dois estiveram a sós. Dias depois, corrigiu-se e disse que marcou o encontro a pedido de Lula.

O ex-presidente, por intermédio de sua assessoria, contestou, indignado, a reconstrução de Gilmar Mendes.
Alguém está mentindo. Ou mente Gilmar, ou mentem Lula e Jobim.

Pela narrativa de Gilmar, “fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. O ministro conta que narrou o episódio ao presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, na quarta-feira da semana passada, 27 dias depois do ocorrido.

Infelizmente, ambos mantiveram-no restrito ao mundo de confidências que alimentam a nobiliarquia de Brasília.

Se a narrativa de Gilmar é verdadeira, o escracho começou na própria conversa. Nem Lula poderia ter dito o que disse, nem Gilmar poderia ter ouvido. Sua perplexidade diante das “insinuações despropositadas” deveria ter sido expressa no ato.

A comunicação do ocorrido ao ministro Ayres Britto deveria ter desencadeado uma imediata iniciativa pública. A essa altura era Britto quem não poderia ter ouvido o que Gilmar lhe contou. O cargo em que está investido recomendava que pedisse ao colega que narrasse o episódio na sala de sessões da Corte, ao vivo e em cores, como já fez o ministro Joaquim Barbosa quando julgou impertinente um telefonema que lhe dera um ex-ministro da Casa, advogando um caso milionário.

Nessa ocasião, Barbosa começou a construir sua fama de intratável.

Um Supremo Tribunal Federal com onze juízes intratáveis jamais acabaria metido numa história dessas.

P.S.- A memória exige o registro de que em 2008 o ministro Gilmar Mendes, presidindo o STF, denunciou um “estado policialesco” a partir da leitura do que seria a transcrição de uma conversa que tivera com o senador Demóstenes Torres. Até hoje não apareceu o áudio desse grampo.

COMENTÁRIO DO BLOG:

"Viva os três patetas!"

PAÍS TEM 700 MIL FAMÍLIAS EM EXTREMA POBREZA




Pente-fino promovido pelo ministério mostra que estatísticas oficiais ignoravam legião de miseráveis, que ficaram descobertas até pelos programas sociais incrementados na gestão do ex-presidente Lula

27 de maio de 2012

Roldão Arruda - O Estado de S.Paulo

Um ano atrás, o governo federal pôs em andamento uma operação para localizar os chamados miseráveis invisíveis do Brasil - aquelas famílias que, embora extremamente pobres, não estão sob o abrigo de programas sociais e de transferência de renda, como o Bolsa Família. Na época, baseado em dados do IBGE, o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu como meta encontrar e cadastrar 800 mil famílias até 2013. Na semana passada, porém, chegou à mesa da ministra Tereza Campello, em Brasília, um número bem acima do esperado: só no primeiro ano de busca foram localizadas 700 mil famílias em situação de extrema pobreza e invisíveis.

Considerando apenas o chefe da família, isso corresponde à população de João Pessoa (PB). Se for levada em conta toda a família, com a média de quatro pessoas, é uma Salvador inteira que estava fora dos programas.

O resultado da operação, conhecida como busca ativa, também surpreende pelas características dessa população: 40% das famílias invisíveis estão em cidades com mais de 100 mil habitantes. Com o desdobramento e a análise das estatísticas, é provável que se constate que a maioria dos miseráveis invisíveis não estão nos grotões das regiões Norte e Nordeste, como quase sempre se imagina, mas na periferia dos centros urbanos.

"Estamos falando de famílias extremamente pobres que até agora não faziam parte do cadastro único do governo federal e por isso não eram vistas na sua integridade, de acordo com suas necessidades e carências", observa a ministra Tereza Campelo. "Podiam ter filhos na escola, mas não tinham acesso ao básico dos programas sociais, como o Bolsa Família, a tarifa social de energia elétrica e outras ações."

Para chegar a essas pessoas o ministério partiu do princípio de que, por algum motivo, elas não conseguiam chegar aos serviços de assistência social das prefeituras e pedir a inscrição no cadastro único. "Era preciso sair dos escritórios. Mobilizamos prefeituras, agentes de saúde, empresas de distribuição de energia elétrica", conta Tereza. "As prefeituras estão sendo remuneradas por esse trabalho."

Acidentado. Em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, a assistente social Marisa Lima foi uma dessas agentes mobilizadas para caçar os invisíveis. Em janeiro deste ano ela estava trabalhando na Unidade Básica de Saúde Municipal do Centro, na Avenida dos Coqueiros, quando apareceu por lá Raimundo Marques Ferreira, pintor de paredes, de 52 anos.

Buscava remédios e assistência médica, rotina que segue desde 2007 quando sofreu um acidente de trabalho. Caiu num fosso de elevador e teve os movimentos motores do lado esquerdo do corpo comprometidos. Como não era registrado e a empresa fechou as portas após o acidente, ficou sem nenhum tipo de cobertura. Os laudos médicos, que guarda presos com um elástico, indicam que também sofre com depressão e problemas neurológicos.

Separado, Ferreira mora com quatro filhos num cômodo de pouco mais de 30 metros quadrados, no fundo de um quintal, na Vila Zazu, bairro pobre de Franco da Rocha. É uma casa limpa, mas úmida e escura, erguida rente a um barranco ameaçador. Na época das chuvas, Ferreira sempre é visitado pela Defesa Civil, que insiste para que abandone o lugar. "Sair para onde?", indaga. "Aqui eu não pago aluguel."

Não sabia como fazer. No centro de saúde, abordado pela assistente social, o pintor contou que "já tinha ouvido falar" do Bolsa Família, mas não sabia se tinha direito, nem como se inscrever. Hoje recebe R$ 102 por mês, que usa sobretudo para pagar as contas de água e luz e comprar alguma comida. Dois de seus filhos, com 16 e 13 anos, foram inscritos no Ação Jovem, do governo estadual, que garante R$ 80 por mês, desde que frequentem a escola.

Agora a assistência social orienta Ferreira para que obtenha uma aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, no INSS. Se conseguir, ele quer ampliar a casa onde mora e investir em cursos de informática para os filhos menores. Ele tem o olhar triste e fala em voz baixa, com modos tão humildes que dá a impressão de assustar-se com o mundo à sua volta.

A MELHOR AMIGA

Por Ricardo Sobral

Muito já se escreveu sobre a figura da melhor amiga. Cabe aos doutores em ciências aplicáveis à espécie explicar o fenômeno. Limito-me, pois, como tristemunha ocular, contar um causo que se assucedeu, e não foi no vale do Assu. Os nomes são tão verdadeiros quanto uma nota de mil reais. É bom para todos que assim seja.

Moema é morena, cor de jambo, cabelos pretos e lisos, olhos de jabuticaba, elétrica, direta e objetiva. Alba é loura, cabelos cacheados, olhos claros, fugidios, gestos lentos, estudados. Uma é para a outra a melhor amiga. Estudam juntas desde a primeira escolaridade até a universidade. As outras têm inveja das duas e de tão bonita amizade. Aos vinte e sete anos, experientes, pré-balzaquianas, não há segredo de uma para a outra e pode se afirmar que até então viveram juntas os momentos mais importantes de suas vidas, além de compartilharem quase tudo, exceto escovas de dentes e namorados.

- Alba, amiga, não te conto.

- Diga logo, mulher, não faça arrodeio . Quer me matar, é? - disse Alba rindo.

- Preciso desabafar, tem que ser com você, minha melhor amiga – Afirmou Moema bem baixinho, com receio de ser ouvida, embora não existisse ninguém por perto.

- Lá vem você outra vez, já sei, o namorado apresentou defeito de fábrica e você o despachou.

- Não. Pelo contrário, estou apaixonadíssima. Mais que isso, amiga, jamais pensei, nem nos meus devaneios de adolescente, que existisse nesse mundo um homem como Raul. Simplesmente é o máximo! Não preciso dizer mais nada. É o máximo!

Moema só tem palavras para enaltecer o namorado, cuidando sempre de acrescentar a descoberta de um novo dote. O que não varia é o final do elogio: o máximo!

Amiga íntima, fiel, solidária e inseparável, até que Alba procura com todas as suas forças exorcizar o fantasma da melhor amiga dizendo Raul é o máximo!

Desgraçadamente, não consegue. Ao contrário, a lembrança vira sonho; o sonho convola-se em desejo, e o desejo mina suas resistências, sente que já não se governa. Ajoelha-se em cima de caroços de milho, reza profundamente, faz promessa, jura fidelidade à amiga, chora, faz plano de viajar, quem sabe uma temporada no exterior não tiraria do seu ser o “máximo” de Moema?

- Meu Deus, não posso fazer isso com Moema. Afinal, é a minha melhor amiga. Me ajude.

Por certo Deus não ouve os seus gritos de socorro, embora sinceros e tonitroantes como as trombetas de Jericó.

Moema não tarda em observar que se operara em Alba uma mudança radical. Agora, é outra pessoa, praticamente irreconhecível. Raul também mudara, rareia cada vez mais; e, quando presente, alheia-se; revela-se enfadonho e contumaz queixoso de enxaquecas intermitentes.

Quando Moema descobre a dupla traição chora initerruptamente por quatro noites e quatro dias sem se alimentar. Só água, nem caldinho desce. Pensa que vai morrer de tanta dor; dor que jamais sentira, que sequer sabia existir. Sua melhor amiga, mais que o namorado, havia lhe roubado a alegria de viver. Não sorria mais; não frequenta salão; não se arruma e pouco compra roupas. Vira um Dom Casmurro de Machado de Assis.

E assim vive por três intermináveis anos. Mas, como não há mal que seja eterno nem bem que sempre dure, um dia sente-se curada, fortalecida. Dá a volta por cima. Apaixona-se ainda mais. Beatriz, que assumira o lugar de Alba, notou:

- Amiga, você me esconde alguma coisa. Esse andar sacudido, esse sorriso tipo rio cheio - de barreira a barreira - e essa pele sedosa querem dizer o que?

- Ah! Nem te falei, amiga, pois achei que não valia a pena falar. Não vai dar certo mesmo. O Rogério não é o meu tipo, e além do mais seu desempenho não pode ser considerado nem mesmo satisfatório.

A duras penas, Moema aprendera a lição. Depois, cachorro mordido de cobra tem mede de linguiça.

Preserva o namorado e a melhor amiga.

Até hoje, passados tantos anos, Beatriz, como melhor amiga de Moema, só não entende uma coisa: porque Moema continua com Rogério.

terça-feira, 29 de maio de 2012

PRAZER DA LEITURA


Carlos Santos, por Ricardo Lopes


Por Carlos Santos

blogcarlossantos.com.br

Chego para abastecer meu ‘transporte’ num posto de combustível de Mossoró e a frentista demora a me atender. Nem me queixo. Estamos próximos das 22h do sábado (26).

- Está lendo, né? – brinco.

A leitura de uma revista com texto sobre psicanálise a tirara de sintonia em pleno horário de expediente. Lia sobre Sigmund Freud, o “pai da psicanálise”.

- Adoro Freud – transborda ela. E passa a falar sobre a personalidade do autor de estudos emblemáticos quanto à mente e o corportamento humano. Parece ter intimidade com ele. Fala com ar que oscila entre o professoral e o coloquial.

Vez por outra a gente encontra essas preciosidades: a leitura que empolga e os mais simples envolvidos por ela. São um alento para um país que não lê.

Ontem, direto de Paris-França, via Twitter, Jean-Paul Prates (ex-secretário do Governo Wilma de Faria-PSB) dizia: “Antigamente, a cena típica do metrô de Paris era o leitor de jornais. Hoje são os operadores de iPhones.”

Parisienses letrados, agora sob outra plataforma de leitura e gosto pela cultura, o conhecimento.

Nós, aqui do outro lado do Atlântico e abaixo da linha do Equador, ainda engatinhando no prazer da escrita – seja ela impressa ou digitalizada.

domingo, 27 de maio de 2012

O QUÊ CONVERSAVAM, JUNTOS, TANTOS JORNALISTAS E UM PROFESSOR DE FILOSOFIA DO DIREITO?


No tempo que Carlos Santos ainda era jovem e magro. Da esquerda para a direita, no sentido horário,

Jânio Rêgo, Carlos Santos, Cleilma Fernandes, Carlos Duarte, Franklin Jorge e Honório de Medeiros.

HOUVE, UM DIA, "METRALHAS" EM PAU DOS FERROS


Os lendários "metralhas", todos devidamente domesticados, alguns anos depois de suas peripécias!

Da esquerda para a direita, no sentido horário, João Batista Costa Fontes, Honório de Medeiros, Etelânio Figueirêdo e Laércio. Dá idéia do nível de domesticação a ausência, na mesa, de bebidas e mulheres. 

ALGUNS DE NÓS SAIMOS DE MOSSORÓ, MAS MOSSORÓ NUNCA SAIU DE NÓS!


Da esquerda para a direita, no sentido horário: Anchieta Medeiros, Fernando Negreiros, Segundo Paula, Honório de Medeiros e Benjamin Jr.


MUSEU LAURO DA ESCÓSSIA, EM MOSSORÓ, MANTÉM PRECIOSIDADES INACESSÍVEIS

Do O Mossoroense

museuNa última sexta-feira, 18, foi comemorado o Dia Mundial dos Museus. A data foi instituída pelo Comitê Internacional dos Museus (Icom), com o objetivo de chamar a atenção da sociedade e do público para a importância dos centros históricos. Em Mossoró, o acervo do Museu Municipal Lauro da Escóssia, o principal da cidade, está indisponível à população desde o ano 2000, época em que foi anunciada pela primeira vez uma reforma na estrutura do local, obra que só foi iniciada no mês passado. Dessa forma, muitos daqueles que desejam conhecer um pouco mais do passado mossoroense, sequer tem informações sobre o que realmente está preservado no espaço.

"É uma coleção riquíssima, por isso é uma pena que hoje o Museu, apesar de não estar totalmente fechado, disponibilize para os visitantes apenas aquele material que está exposto logo em sua entrada. Para se ter uma ideia, no Lauro da Escóssia está guardado o despacho original emitido pelo juiz que autorizou Celina Guimarães Viana a ser a primeira eleitora da América do Sul, um documento que, por não estar preservado adequadamente, não pode mais ser exposto à população", destaca o historiador Geraldo Maia.

Além do documento citado pelo historiador, outras preciosidades compõem o acervo do Museu Municipal, que está dividido entre as seguintes categorias: arqueologia, paleontologia, abolição da escravatura em Mossoró, fotografias e desenhos, cangaço, imprensa mossoroense, e ainda objetos diversos, como livros, telefones manuais, discos de cera, entre outros. "Lá está preservada a coleção de todos os jornais que circularam na cidade, como o Jornal do Comércio de Mossoró, e as primeiras edições do jornal O Mossoroense", diz Geraldo Maia.

No setor dedicado à abolição dos escravos, são encontrados elementos como os restos mortais de alguns abolicionistas, o diploma da Sociedade Libertadora de Mossoró, e ainda fotografias de ex-escravos mossoroenses. Já o material referente ao cangaço engloba objetos como uma arma deixada pelo bando de Lampião durante o ataque a cidade, em 1927, estilhaços de balas disparadas pelo grupo, e fotos dos defensores de Mossoró.
O acervo contempla também um candeeiro fabricado em 1955, uma palmatória, assim como fotos de ex-prefeitos da cidade e toda a coleção fotográfica de Manuelito Pereira, que registrou durante décadas fatos importantes da história de Mossoró e personalidades locais. Todo esse material só estará disponível novamente a população no mês de outubro, data prevista pela direção do Museu para que a reforma que está sendo realizada no local, orçada em aproximadamente R$ 300 mil, seja concluída. "Tudo que as pessoas quiserem saber sobre Mossoró está no Museu Lauro da Escóssia, e esperamos que após as obras, o público possa dispor desse rico acervo, que há mais de 12 anos está inacessível", conclui Geraldo Maia

OAB VAI DECIDIR SE FILOSOFIA DO DIREITO ENTRA NO EXAME

Com o argumento de que o mundo atual exige cada vez mais a formação de um advogado que não seja mero repetidor de leis e normas, o Colégio de Presidentes de Comissões de Exame de Ordem Unificado do Conselho Federal da OAB quer incluir, nos futuros Exames de Ordem, questões sobre Filosofia do Direito. A ideia, que ainda não passa de uma proposta, será examinada pela Diretoria da OAB Nacional na segunda-feira (28/5).

A reunião também vai definir a partir de quando a disciplina será cobrada na prova, caso a proposta venha a ser aprovada. A intenção é que sejam cobrados também conceitos de de Ética e Hermenêutica da Filosofia do Direito, conteúdos que dizem mais diretamente à formação e exercício profissional do advogado.

O Colégio tem apenas função consultiva em casos como esse. De acordo com os idealizadores, o advogado precisa ser uma pessoa que saiba interpretar as normas, caso do que cuida a Hermenêutica, e também uma pessoa que possua conduta reta e adequada, o que é tratado pela Ética.

Um total de 111.910 estudantes e bacharéis em Direito prestarão a prova objetiva (primeira fase) do VII Exame de Ordem Unificado, no próximo domingo (27/5), a partir das 14h, em 163 pontos em todo o país. As questões da etapa objetiva do Exame abrangerão as disciplinas profissionalizantes obrigatórias e integrantes do currículo mínimo do curso de Direito e, no mínimo, 15% de questões versando sobre o Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei 8.906/94) e seu Regulamento Geral, Código de Ética e Disciplina e Direitos Humanos. A etapa subjetiva ou prova prático-profissional será aplicada no dia 8 de julho deste ano. Com informações da Assessoria de Comunicação do Conselho Federal da OAB.

Revista Consultor Jurídico, 24 de maio de 2012