terça-feira, 3 de abril de 2018

INTELECTUAL: A SÍNDROME DE ROLANDO LERO


* Honório de Medeiros

Parte dos nossos intelectuais sofre da Síndrome de Rolando Lero.

Consiste isso em explicar o passado a partir de suas crenças pessoais, alterando a explicação conforme surjam obstáculos fáticos ou racionais de natureza relevante, que os levam a adaptá-la para assegurar sua sobrevivência (da explicação).

Como quando o marxismo pretendeu explicar o cangaço enquanto luta de classes.

Ou como quando a antropologia política explicou as sociedades indígenas sem estado enquanto sociedades primitivas.

Ou, ainda, como quando a psicanálise fundamentou sua teoria exclusivamente no complexo de édipo e electra.

O verdadeiro conhecimento é aquele que propõe hipóteses acerca do futuro, fazendo predições ousadas que, uma vez concretizadas, assegurarão a validade e a relevância do pensamento do intelectual que as elaborou.

Dizer por qual razão se ganhou ou perdeu essa ou aquela eleição é tarefa inglória, dada a impossibilidade de se dispor de todas as variáveis envolvidas no processo analisado.

Digam-me quem vai ganha-las, daqui para a frente. Isso é ciência.

O resto é lero.