sábado, 2 de março de 2013

QUAL CONSTITUIÇÃO?

Robert Darnton, em "Os dentes falsos de George Washington":

"Examine a correspondência entre Jefferson e Madison e você topará com observações como esta: 'A terra pertence sempre à geração contemporânea (...). Cada Constituição, portanto, e cada lei, expira (sic) naturalmente ao final de dezenove anos. Se forem levadas a durar mais, trata-se de um ato de força, e não de direito".

Lysander Spooner, em "No Treason", compilado por George Woodcock em "Os grandes escritos ANARQUISTAS":

"A Constituição não tem autoridade ou obrigação inerentes. Não tem nenhuma autoridade, a não ser pelo contato homem a homem. Nem mesmo pretende ser um contrato entre pessoas. No máximo pretende ser um contrato entre pessoas que viveram há 80 anos".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DE UM PAI APAIXONADO



 
A Princesa do meu Reino
 
 

Parece que foi ontem, mas você tinha ainda quatro ano:
 
-      Papai, o medo pode transformar a gente em herói, não é?
-      Como assim, Bárbara?
-      Como Mogli, papai.
-      O que é que tem Mogli?
-      Ora, papai, ele estava com medo dos bichos e aí ele fez muitas coisas.
-      Como Mogli?
-      Sim Papai. Você não gosta de Coragem, o Cão Covarde?
-      Gosto.
-      Então? Coragem não é medroso? E ele sempre não salva sua dona?
 
Minha filósofa...
 
Não pude perceber, não tinha como, não é, naquele momento, sua inteligência fulgurante, a rapidez e a profundidade do seu raciocínio, sua propensão para a abstração. Não pude pressentir, ali, sua capacidade de viajar da matemática para a literatura, fazendo conexões complexas, com a simplicidade que somente alguns privilegiados possuem...
 
 
Minha bela...
 
 
E essa sua beleza moreno-clara que chama a atenção pela simplicidade harmoniosa dos traços, esse rosto suave emoldurado pelo sorriso luminoso que é uma das suas características físicas mais marcantes?
 
 
Minha amiga e confidente...
 
 
Não é assim que nós somos? Amigos desde sempre? Não nos divertimos em longos debates espirituosos e tortuosos, com todas as armas retóricas possíveis, cheios de estratégias e táticas inimagináveis? Não nos consolamos mutuamente, quando a tristeza quer nos arrebatar? Não nos escutamos mutuamente quando o dia ensolarado insiste em se fazer noite tempestuoso? Não já beijei suas lágrimas? Não fui abraçado forte e carinhosamente por você nos meus cansaços?
 
 
Minha inspiração...
 
 
Que dizer do seu apurado senso social? De sua indignação com as injustiças? De sua tristeza com a miséria, com a humilhação, com a opressão? Do quanto você me inspira? Do quanto você me impediu, muitas vezes, de entregar os pontos?
 
 
Conclusão:  
 
Tudo foi, minha princesa, uma eternidade que passou como em um piscar de olhos, de tão feliz: cada segundo, cada minuto, hora, dia, anos, desde o momento mágico em que a tive pela primeira vez nos braços, tão frágil, tão indefesa, tão pequenina, até hoje, quinze anos depois, quando eu a olho e abraço, e meu coração se contrai, acelera, e percebo a menina-moça encantadora que você se tornou.
 
Deus lhe abençoe, meu amor: que a vida lhe seja leve!
 
Honório de Medeiros