* Honório de
Medeiros
O Senador republicano pelo Arizona Jeff Flakes anunciou, esta semana, em duro discurso contra Donald Trump, que não disputará a reeleição em 2018.
Disse ele: "Hoje me ergo para dizer: já basta". “Tenho filhos e netos. Não serei cúmplice de Trump”.
E continuou:
“A permanência contínua no posto não é a razão para se candidatar a um cargo. E há momentos em que devemos arriscar nossas carreiras para defender nossos princípios.”
“Lamento o estado de nossa desunião, lamento o caráter destrutivo de nossa política, a indecência de nosso discurso, a vulgaridade de nossa liderança, lamento que se ceda em nossa autoridade moral (...)”.
“Temos de deixar de fingir que a degradação de nossa política e as ações de alguns de nosso Executivo são normais. Não são. Quando esse comportamento emana do mais alto de nosso Governo, é perigoso para nossa democracia. Projeta uma corrupção do espírito e fraqueza. Os jovens estão olhando. Que faremos quando nos perguntarem ‘por que você não fez nada?’"
(...)
“Tenho filhos e netos ante os quais responder senhor presidente, e, portanto, não serei cúmplice.”
Aí está.
Ao Senador Jeff Flakes, as minhas homenagens.
Quanto a Temer, segundo pesquisas da Consultoria Eurasia, fartamente veiculadas na mídia, com aprovação de apenas 3% da população, tem rejeição maior que Maduro, Trump e o presidente acusado de corrupção da África do Sul (*).
E gastou uma fábula para se manter no poder, conforme reportagem do jornal “O Globo” intitulada “Antes de votação, Temer distribuiu R$ 15 bilhões em programas e emendas”, publicada na edição deste domingo (16) de outubro, em matéria assinada pelos repórteres Leonardo Barretto, Letícia Fernandes, Cristiane Jungblut e Catarina Alencastro.
Por fim Temer tem, contra si, duas acusações por corrupção passiva, que irão lhe perseguir tão logo desocupe a cadeira de Presidente da República.
Estes são tempos mais que sombrios.
Talvez não sejam inéditos: alguém há de recordar que na história de nossa civilização não foram poucas às vezes nas quais nossos líderes insistiram em deixar o Homem comum órfão de esperança.
Entretanto nunca estivemos tão desiludidos.
Tomemos o exemplo do Brasil de hoje. O que podemos ensinar aos nossos filhos, quando tudo quanto eles vêm dos nossos líderes, em todos os poderes é a desagregação do nosso legado comum moral?
Resistir? Ir embora? Alienar-se ainda mais?
São jovens, mas não somente eles, que se perguntam, estupefatos, como é possível termos um Presidente da República que enfrenta pesadas acusações de corrupção, usa a máquina do Estado para se manter no cargo, e chafurda no mais baixo índice de popularidade de nossa história, e, quem sabe, do próprio mundo, e continua no poder!
O senhor tem razão, Senador Jeff Flakes: os jovens estão olhando.
São jovens cujo sonho maior, percebe-se facilmente, é irem embora, deixaram para trás o pesadelo que é o Brasil hoje.
Como lhes negar um "sigam em frente"?
(*) Fonte: Último Segundo - iG @ http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2017-10-26/michel-temer-rejeicao.html