sábado, 30 de janeiro de 2010

COMO PODEMOS AVALIAR UM GOVERNO?

moodle.apvm.net

Em “Desenvolvimento como liberdade” (Companhia das Letras; 2004; 4ª reimpressão; São Paulo, São Paulo), Amartya Sen, Premio Nobel de Economia, ex-membro da Presidência do Banco Mundial, ex-professor da Universidade de Harvard, esposo de Emma Rothschild – autora, por sua vez, de “Sentimentos Econômicos”, um denso ensaio acerca de Adam Smith, Condorcet e o Iluminismo – nos convida a percebermos o contraste entre “um mundo de opulência sem precedentes” e “um mundo de privação, destituição e opressão extraordinárias.”



Na verdade Amartya Sen nos convida a entendermos o desenvolvimento como “um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam”, e, não, como algo a ser identificado com o crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou modernização social. Ao se referir à expansão das liberdades reais Amartya Sen se refere, por exemplo, aos serviços de educação e saúde – e aqui eu acrescento segurança pública – e os direitos civis (a possibilidade de participar efetivamente do governo e das discussões e averiguações públicas em relação ao dinheiro do povo).



Aceitar esse ideário como premissa implica em compreender que somente podemos considerar desenvolvido ou em desenvolvimento um País, Estado ou Município no qual, à título de esclarecimento, e em termos bastante simplificados, o dispêndio com obras públicas, tais como calçamentos, praças, ruas, estradas, asfaltamento, prédios, pontes, açudes, barragens, somente ocorra como conseqüência da implantação de políticas públicas voltadas para o avanço em áreas como educação, saúde e segurança. Políticas públicas estabelecidas claramente através de programas e projetos que tenham metas, prazos, alocação de recursos humanos e financeiros e possam ser acompanhados e questionados pela sociedade.



Óbvio que a lógica é outra. As obras públicas são sempre “vendidas” à sociedade como sendo essenciais para o desenvolvimento. Essa lógica, consciente ou inconscientemente, busca privilegiar quem há de se beneficiar diretamente com ela, ou seja, aqueles que detêm o capital em suas mãos e querem o retorno imediato do investimento realizado: um exemplo particular dessa lógica é a relação estreitíssima, no Brasil, entre empreiteiros, construtores, empresários da construção civil e os governos, sejam estes federais, estaduais e municipais, os quais depois de realizadas as eleições, pressionam seus candidatos a investirem em obras.



Entretanto a constatação daquilo que se afirma aqui pode ser feita por qualquer um: basta que nos perguntemos se com todo o investimento em obras ocorrido no Brasil, digamos, desde Fernando Henrique Cardoso, houve diminuição sensível da miséria, e a educação, a saúde, a segurança pública, estão significativamente melhores. É claro que não. Muito ao contrário. O que nós percebemos, nitidamente, é que o avanço, se é que houve, é um verniz que não resiste a uma visita a postos de saúde, escolas públicas e delegacias de polícia.



Portanto a conclusão é óbvia: desconfiemos de qualquer obra que não esteja atrelada a uma política pública na área de educação, saúde ou segurança. Para começo de assunto.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

VÁGNER ARAÚJO ACUSA JOSÉ AGRIPINO DE DEIXAR CRIANÇAS MORREREM DE FOME

Leia no http://www.fatorrrh.com.br/:

"Documento não prova e nem acusa



Este documento reproduzido na postagem anterior e que comprovaria a responsabilidade do Senador José Agripino pela morte de milhares de crianças, é um texto retirado do site do também Senador Garibaldi Alves Filho.



O texto fala do crescimento do programa do leite durante o Governo Garibaldi Filho, o fortalecimento econômico com o surgimento de novas usinas de leite, a ampliação e melhoria na pecuária leiteira bovina e o acréscimo do leite de cabra na base alimentar das crianças e nutrizes.



A única referência ao suposto crime em massa não acusa o Senador Agripino, nem seu Governo, não o responsabiliza diretamente pelo crescimento da mortalidade infantil.



Fala que o Programa do Leite no Governo Garibaldi Filho ajudou a reduzir a mortalidade infantil.



Não enxerguei no texto uma relação de causa e efeito.



Não sou médico nem nutricionista, mas imagino que a mortalidade infantil no Nordeste deve ter várias outras causas e não somente a má alimentação.



Pediria até a ajuda de profissionais da área para que enviem ao Fator RRH algum documento que comprove essa minha suspeita, que terei satisfação em publicar.



A ilação do assassinato em massa é do Secretário Vagner Araújo e o Fator RRH reproduz abaixo o único parágrafo onde há alguma referência, mesmo indireta, ao tema da acusação.



A gravíssima acusação feita pelo Secretário Vagner Araújo continua sem comprovação.



É melhor aguardar provas consistentes e sérias, se existirem.



Até por que na mensagem via twitter ao Fator RRH o Secretário diz que a acusação está ancorada "em vários estudos" e até agora foi exibido somente um texto jornalístico de um site.



Para que a acusação se consolide em sua gravidade, vou aguardar a exibição dos "estudos", certamente mais aprofundados e que respaldarão a denúncia.



Abaixo, a única referência feita no site do Senador Garibaldi Filho ao tema mortalidade infantil e programa do leite:



O complemento alimentar de 130 mil famílias norte-rio-grandenses oferecido pelo Governo do Estado ajudou a reduzir a mortalidade naquele período de 77,50 crianças mortas a cada mil para 32,00."

Leia mais no http://www.fatorrrh.com.br/

ONTEM FOI DIA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

blog.cacaonova.com

Dia de São Tomaz de Aquino

Por Nonato Amorim, no blog do Nassif:

Nassif & Amigos, hoje é dia de Santo Tomaz de Aquino, um primor de sabedoria entre todos os santos. Dele compilei da Wikpedia as 5 vias de demonstração da existência de Deus.

Primeira via
Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido.

Segunda via
Causa Primeira: Decorre da relação “causa-e-efeito” que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita.
Terceira via
Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.

Quarta via

Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.
Quinta via

Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada.

MORRE SALINGER

livingromcom.typepad.com

J. D. Salinger

Morre o escritor J.D. Salinger, aos 91 anos, nos EUA.

Autor do clássico 'O Apanhador no Campo de Centeio', vivia isolado em sua casa em New Hampshire.

De Agências internacionais, em O Estado de S. Paulo:

O filho do escritor, em um comunicado divulgado pelo representante literário de Salinger, disse que ele morreu de causas naturais. Há décadas vivia isolado, por sua própria vontade, em sua casa em Cornish. Era avesso a jornalistas, mantendo-se distante das entrevistas e fotos, como aqui no Brasil fazem os escritores brasileiros Rubem Fonseca e Dalton Trevisan.



JUVENTUDE


Giacomo Casanova

“Casanova, que sabia muito que a raiva e o ódio impressionam a juventude muito mais que a meiguice e a ternura, conscientizou-se imediatamente que bastaria um apelo insolente de sua parte para fazer com que a carreta parasse e ele tivesse a moça a sua disposição para fazer com ela o que melhor lhe apetecesse” (“O RETORNO DE CASANOVA”; Arthur Schnitzler).

"SEO" CHICO PIU E A TEORIA DA EVOLUÇÃO


Não fossem as fotografias guardadas com muito carinho, nas quais um Honório de Medeiros magro e sorridente, sem rugas e cabelos grisalhos, as lembranças daquele mágico passeio a cavalo até a fazenda de café de “Seo” Chico Piu, serra acima na área rural de São Carlos, interior montanhoso de São Paulo, tudo seria apenas borrão na minha memória, algo como um filme antigo, com paisagens e pessoas esmaecidas pelo tempo. Pego-as e sorrio, sempre. Depois, um toque de amargor toma conta do espírito e lamenta a juventude passada, os amigos que se foram, os sonhos desfeitos, as promessas não cumpridas, os amores perdidos. “C’est la vie”, dizem os franceses.

Naquela tarde conheci Chico Piu, homem sob todos os aspectos singular. Em primeiro lugar vivia quase recluso, lá no seu pé de serra. Raras vezes descia à cidade. Bastava-lhe, para viver bem, estar pisando descalço sua terra rica e roxa cercado por sua gente, que lhe margeava como uma tribo o seu cacique. “Seo” Chico era baixo, moreno gretado pelo sol, de braços e pernas fortes, espadaúdo, e com uma face como que esculpida em bronze, com traços muito demarcados. Mas o que mais impressionava eram seus pés. Eles, de fato, se viram sapatos, ou mesmo chinelos, havia sido em tempos idos, segundo suas próprias palavras. Eram verdadeiros cascos, endurecidos por todos os invernos e verões aos quais “Seo” Chico os havia submetido. Segundo nos contou, descia descalço até mesmo para a cidade, aonde raramente ia. E não sentia frio ou calor, não era sensível à água ou à rocha mais dura.

“Seo” Chico era homem de pouca conversa quando no trabalho ao qual se entregava como qualquer um dos seus trabalhadores. Colhia o café, batia, ensilava, ensacava, derrubava as reses, ferrava-as... Um maestro em pleno exercício de sua arte, cegamente obedecido por seus músicos. Era, basicamente, dono de cafezais e de rebanho leiteiro. Vivesse no Sertão nordestino e tivesse aqui terra e gado como aqueles seria um homem de posses, por assim dizer. No final de uma tarde como aquela, no entanto, tempo esfriando ligeiro indicando noite gelada, visita no pátio da casa grande e rústica, a sisudez era deixada de lado e o café forte e a aguardente feita sob sua própria orientação lhe iluminavam o semblante e abriam seu coração e mente originando conversas recheadas de casos passados e argutas observações acerca da vida.

Mas tudo que é bom dura pouco.

Com a chegada da noite veio a hora de voltar sob a fria luz da lua. Tomamos o último café, bebemos a última caneca de cachaça e ele, se despedindo, bateu na anca da mula que me conduzia, apontou para mim e quase como para si próprio, refletindo, e me disse ter o tempo lhe ensinado que a vida era como uma serra da qual cada um que descia era por que o outro que subia lhe tomara o lugar. Dito isso, deu um passo para trás, ajeitou o casaco de lã por sobre os ombros incomodados com o sereno da noite e lá ficou, a nos observar partindo, com seus pés indiferentes à temperatura que caíra bruscamente e, com certeza, a todo meu conhecimento sorvido dos livros de teoria da evolução que diziam, de forma muito pomposa e circunspecta, aquilo que ele deduzira somente observando, no seu pé de serra, a vida passando ao largo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A CANALHA SE REAGRUPA


linguadetrapo.blogspot.com

Banqueiros


Deu em o globo:


"Governos e banqueiros em guerra: Executivos financeiros criticam regulação proposta por autoridades.

O Fórum Econômico Mundial, em Davos, abriu ontem com uma disputa aberta entre banqueiros e governantes. Passado o susto da maior crise financeira desde 1929, bancos e outras instituições financeiras voltaram com força a Davos, reagindo à proposta de maior regulação sobre os mercados. Mas líderes políticos, como o presidente francês, Nicolas Sarkozy, engrossaram o tom.

Num discurso vigoroso na abertura oficial do Fórum, Sarkozy se queixou de “comportamentos indecentes” e “lucros excessivos”.

- Só vamos salvar o capitalismo se o refundarmos, tornando-o mais moral — disse Sarkozy, num dos discursos mais radicais na abertura do Fórum.

Horas antes do discurso do presidente francês, representantes de grandes bancos defenderam menos regulação, dizendo que o cerco ao mercado vai reduzir emprego e gerar outras crises no futuro. O presidente do banco inglês Barclays, Bob Diamond, alertou para a possibilidade de um êxodo de bancos de Londres e Nova York na direção de outros centros financeiros, em Cingapura, Taiwan ou Zurique."




DECISÃO HISTÓRICA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Deu em o globo


"Uma referência (Editorial)

Com a decisão de afastar o desembargador Roberto Wider, corregedor-geral da Justiça do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) marca uma posição forte, necessária e oportuna contra um dos piores males da atual realidade brasileira, a impunidade.

Wider é acusado de favorecer a ação do lobista Eduardo Raschkovsky na Justiça fluminense e de lavrar decisões em troca de propinas, como revelou O GLOBO em novembro de 2009.

O desembargador, por decisão unânime do CNJ, tomada na terça-feira, perdeu o cargo e será processado na esfera administrativa. Segundo denúncias, o lobista, amigo de Wider, interferia em nomeações de oficiais de cartórios de notas feitas pelo desembargador, além de negociar com políticos despachos do corregedor, quando ele presidia o Tribunal Eleitoral do estado.

Duro com os fichas-sujas, Roberto Wider criaria dificuldades para o amigo comercializar facilidades.

Quando foi instituído, com a aprovação da emenda constitucional da reforma do Judiciário, no final de 2004, o CNJ era entendido como instrumento do “controle ex-terno do Judiciário”.

Termo inapropriado, pois não se tratava de uma intervenção “de fora” nos tribunais, mas um reforço na Corregedoria e, tanto quanto isso, a criação de uma instância reguladora, sem, por óbvio, interferir na imprescindível independência do magistrado para julgar.

O CNJ tem correspondido às melhores expectativas, nos dois planos: na correção e no estabelecimento e uniformização de princípios administrativos, algo inexistente no talvez mais atrasado segmento da máquina pública, do ponto de vista gerencial.

Um Poder Judiciário forte, isento, zelador da Constituição, é fundamental em qualquer país.

Em especial no Brasil, em que, apesar de duas décadas e meia de estabilidade democrática, há inclusive iniciativas do próprio Executivo contra liberdades garantidas na Carta; e existem desmandos no Legislativo capazes de solapar a crença da sociedade no regime da democracia representativa, o melhor que a Humanidade conseguiu desenvolver.

Por sugestiva coincidência, o ato do CNJ no caso Wider ocorre enquanto deputados distritais em Brasília executam uma patranha para saírem impunes — eles e o governador Arruda — do escândalo do mensalão do DEM, enquanto o presidente Lula faz pouco-caso da legislação eleitoral e desfila com a candidata Dilma Rousseff por palanques, atropelando o calendário eleitoral.

São casos típicos de uma sociedade com valores entorpecidos pela impunidade quase generalizada.

A decisão do CNJ de processar o desembargador precisa ser entendida como um parâmetro para a vida pública."












SIGILO DA JUSTIÇA, MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO E CONFLITO ENTRE DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PRIVACIDADE

Do Estadão
 
A censura ao Estado abriu discussão pública sobre questões como o sigilo de Justiça, a morosidade do Judiciário e o conflito entre os direitos à liberdade de expressão e à privacidade. Juristas, cientistas políticos e parlamentares debateram, nas páginas do jornal, de que forma esses tópicos se relacionaram com a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
 
O sigilo de Justiça, que cobre a investigação sobre supostas irregularidades praticadas pelo empresário Fernando Sarney, embasou a proibição da publicação de informações pelo Estado. Mas especialistas afirmaram que quem tem obrigação de preservar o sigilo são os agentes públicos, não a imprensa.
 
“O sigilo legal, cuja violação é punível no Código Penal, é dever do servidor que o guarda”, afirmou o advogado e deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), autor da consulta ao Supremo Tribunal Federal que derrubou a Lei de Imprensa herdada da ditadura. “Fatos públicos, ligados ao poder público, não podem ser encobertos pelo manto da intimidade”, disse o presidente da Associação Brasileira de Direito Constitucional, Flávio Pansieri.
 
“Quando um processo corre em segredo de Justiça, ele deixa de ser secreto se a notícia vaza, e cabe então ao Judiciário punir o responsável por esse vazamento”, opinou, em artigo, o filósofo José Arthur Gianotti. Entrevistado sobre a questão, o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou para a banalização do sigilo judicial. “A regra constitucional não é o segredo, é a publicidade”, disse.
 
Outro aspecto debatido foi o eventual conflito entre dois direitos previstos na Constituição – à liberdade de expressão e à privacidade. “Não se pode invocar o direito à intimidade, em caso de homem público”, afirmou o professor de ética Carlos Alberto Di Franco, em debate transmitido pela TV Estadão.
 
“Em casos de relevada importância, em que estão em jogo, de um lado, a proteção da honra de pessoas públicas através de censura prévia e, de outro, o debate público de questões de significativo interesse público, não há dúvida de que este segundo deve prevalecer”, afirmaram, em artigo, Paula Martins e Mila Molina, representantes no Brasil da ONG Artigo 19, que atua em defesa da liberdade de imprensa.






"CARNAVAL NOS PARRACHOS"

Por Laélio Ferreira

M O T E :

A rafameia se arrancha

faz carnaval nos parrachos

G L O S A :

I)



Nouveau riche vai de lancha,



piranha vai, convidada...



Muito brilho. Enfumaçada,



a rafameia se arrancha!



No cenário de cangancha,



proliferam os rapa-tachos,



as bibas arrumam machos,



farto corre o doze-anos



e a súcia de carcamanos



faz carnaval nos parrachos...!



II)



Político vai, e se escancha



no ouvido dos marqueteiros:



nos sussuros inzoneiros



a rafameia se arrancha...



- “Fulano, será, deslancha?”



- pergunta um, já borracho.



- “Depende do cambalacho!



- responde um assessor de imprensa...



A cambada não dispensa:



faz carnaval nos parrachos!

ESTRATÉGIA


blogs.diariodepernambuco.com.br

“Nunca dê uma opção às pessoas: elas inevitavelmente fazem as escolhas erradas” (“GIRI”; Marc Olden)











FRAGMENTOS



O olhar do filósofo é um olhar desvendador. Busca desvendar aquilo que está oculto pelo véu da aparência. Busca a verdade, a essência de algo. É, portanto, um olhar investigador, um olhar que pergunta, compara, diferencia, sopesa, para, no final, meticulosamente, apresentar um resultado que pode não satisfazer por que sempre apenas aproximativo.


X


A Sociedade se mantém coesa, relativamente organizada, em conseqüência de relações de domínio. A norma jurídica, que externa essas relações, cumpre o papel de impor o que se deve fazer e estabelecer a sanção pelo seu descumprimento. O próprio Poder, entretanto, tem suas astúcias quando é combatido pela norma jurídica: estas quedam inertes se os juízes sentam em cima dos processos ou os engavetam e cumprem o seu papel, enquanto classe, de defender seus interesses.


X


Alguém alienado: ausente de si.


X


As aulas estão por vir e a dúvida ressurge: como fazer os alunos transformarem os livros em seus companheiros? A cada semestre a mesma pergunta se repete e a mesma resposta também: “Leram algo durante as férias?” “Algum livro?” “Qual?” E se estabelece o silêncio quase nunca rompido. Devo forçá-los? Cobrar, exigir, impor a leitura de alguma das obras fundamentais da filosofia do Direito? Talvez não, é impossível recordar de alguém que tenha chegado a amar os livros dessa forma. No final das contas, não somos nós que escolhemos os livros, este é que nos escolhem.

X


O PT não conseguiu instrumentalizar a corrupção em favor do seu projeto de Poder por que a corrupção o instrumentalizou antes, muito antes. Ele não sabe, mas as idéias têm vida e nos homens, nos quais habitam, desenvolvem estratégias de sobrevivência que implica em crescer e se reproduzir para não morrer. Não é assim que os vírus sobrevivem? Não é assim que funciona a evolução, que deve ser vista sem qualquer perspectiva valorativa? Esqueçamos Teilhard de Chardin e sua teoria de que o homem marcha, evoluindo, para um “Ômega” que seria sua plenitude com Deus. Como nos mostra a “seleção do mais apto”, não há um valor a ser alcançado, exceto sobreviver...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CHAVEZ RADICALIZA

Deu na Folha de S. Paulo:


Chávez radicaliza (Editorial)

Proibida de transmitir seu sinal aberto em 2007, a rede televisiva RCTV, de perfil crítico ao atual governo da Venezuela, teve agora o seu canal a cabo também suspenso, no último domingo.

Outras cinco emissoras foram retiradas das grades de programação no mesmo dia, por ordem do Executivo venezuelano, acusadas de descumprir a obrigação de retransmitirem "mensagens do governo".

De nada adiantou a Rádio Caracas Televisão recorrer judicialmente da obrigação de fornecer um palanque a mais ao presidente Hugo Chávez. Antes mesmo de haver decisão judicial, o corte do sinal foi imposto pelo governo da Venezuela.

O gesto autoritário, recorrente sob Chávez, reflete também as circunstâncias atuais de seu governo. A recessão econômica, a inflação crescente e a "cubanização" de serviços básicos -o país convive com racionamentos de água e energia- cobram seu preço político.

Enquanto, no início de 2009, a aprovação popular do governo alcançava 60%, ao final do ano o apoio caíra para menos da metade da população.
Acuado, Chávez tenta limitar a atuação da mídia, pois, num país de instituições carcomidas e cooptadas, o que sustenta o regime é sua ligação direta com as massas -para o que a imprensa livre é sempre um entrave.
É nesse objetivo que se inserem seus longos discursos, a tentativa de impô-los a todos os meios televisivos e também seu histrionismo.

Sempre que ameaçado, Chávez lança mão desses recursos para agitar e polarizar o país, com resultados às vezes trágicos. Desde anteontem, protestos favoráveis e contrários ao presidente já levaram à morte de dois estudantes.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, criticou a suspensão da transmissão dos canais de TV. Os governos dos Estados Unidos e da França também condenaram o cerceamento do direito à informação.

Do Itamaraty, nenhuma palavra. Após os surtos de exaltação em Honduras, o Brasil não vê razão para manifestar-se diante dos ataques do chavismo à imprensa.

Para a ministra Dilma Rousseff, Chávez "faz isso em função da problemática dele". E a "problemática" do governo Lula é adotar padrões opostos de reação, conforme sua proximidade ideológica com o agressor.


ESCREVER


ginavivinetto.files.word.press.com

Hemingway

“Mostrou-lhe a necessidade de desligar-se do jornalismo. Não poderia fazer literatura no mesmo estilo da reportagem, simplesmente contando fatos, mas devia extrair da realidade um significado. Ele precisava libertar-se da retórica e aproximar-se mais do discurso espontâneo, sem temer a repetição de palavras ou frases” (“O SOL TAMBÉM SE LEVANTA”; Hemingway).

ADEUS, INFÂNCIA


curvelo.blog.terra.com

Quando minha filha tinha sete anos, comunicou-me gravemente que não acreditava mais em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e na Turma da Mônica. “Acreditar como?”, perguntei. “Que existem, papai.” “E agora?”, insisti. “Papai, é que já sou adulta.”

Ponderei que Papai Noel, por exemplo, existiria enquanto nele acreditassem. Não adiantou. “Papai, se eu acreditar então ele existe p’ra mim?” Fiquei olhando. E agora?, me perguntei, como explicar que Papai Noel é mais ou menos igual ao amor, ou seja, existe enquanto nós acreditarmos?

Quando pela primeira vez ela disse que “talvez Papai Noel não existisse”, senti algo parecido com um desconforto um pouco dolorido. Sua infância estaria indo embora tão cedo? Essas crianças de hoje tornavam-se, mesmo, adultas antes do tempo? E imaginei, na época, que logo, logo, não estaria mais vendo seus braços gordos segurando o guidão da bicicleta, o cabelo espalhado pelo vento, a gargalhada espontânea passando ligeiro por mim no Bosque dos Namorados enquanto seu vulto se perdia ao longe.

Aquela conversa franca e contínua, na qual todos os fatos do dia são narrados ao mesmo tempo em que passam por um processo de avaliação muito pessoal, como quando me comunicou que “eu fui atrás de Pedro Jorge, papai, e disse a ele que não estava mais paquerando com ele, e acho que está certo assim, papai, por que eu sou muito nova p’ra pensar nisso, não é”, seria substituída pelo recolhimento natural da adolescência. Aí a história seria outra: nós, adultos, ficaríamos procurando palavras para nos comunicarmos, e encontraríamos impaciência e silêncio.

Depois, o mundo a levaria. E assim como com todos os outros, a nossa esperança passaria a ser a internet, o telefone, as visitas esporádicas. Viriam marido e filhos e a dimensão do sentimento que sentiria por ela talvez não pudesse nunca mais ser expressa da forma como o fazia naqueles tempos, quando a tinha ao meu lado, na rede, me contando minuciosamente tudo quanto acontecera na escola e eu aproveitava para fazer cócegas no seu pescoço e assanhar seu cabelo, sob um protesto silenciado com promessas de me comportar que nunca foram cumpridas.




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

AUTO-PROMOÇÃO

Este blog agradece a Aluísio Lacerda, Jânio Rêgo, Ângelo Osmiro, Manoel Severo e Sérgio Dantas por freqüentá-lo.

Honório de Medeiros

RECADO DE SÉRGIO DANTAS

"Sem dúvida, umas da melhores obras dos últimos tempos, mesmo se considerarmos que é uma biografia; uma 'síntese histórica'.

O escritor foi a fundo. Por exemplo, na questão da presença de Lampião me Juazeiro, Lira enfocou bem o papel de Floro Bartolomeu no estranho convite, assim como mostrou a inexistência de um suposto encontro deste com o cangaceiro.

O mito que houve esse conclave entre Lampião, Padre Cicero e o 'Coronel' Floro é apenas ficção ,como já de muito se sabe.

Floro, de fato, viajou para o Rio de Janeiro - acometido de sífilis em estado terciário - no início de fevereiro de 1926, enquanto Lampião só chegará ao Juzeiro em março.

Outro enfoque fantástico é o 'esmiuçar' da história (sempre ela) da Beata Maria de Araújo, desconhecida pela maioria dos Nordestinos.

Não sei se minha sugestão teria alguma força, mas creio que é obra imprescindível para quem deseja entender NORDESTE!

Sérgio Dantas.

RECADO DE ALUÍSIO LACERDA

Mestre Chico Honório,

O ex-governador Cortez Pereira era o maior defensor do manual ecológico do Padre Cícero. Represar todos os rios e riachos e plantar algaroba eram recomendações que Cortez fazia sempre que falava para as muitas platéias do semi-árido. Basta visitar sua Fazenda em Campo Redondo. Na vizinha Paraiba, o divulgador da algaroba é o grande Manoelito. Sua palestra na Assembléia Legislativa do RN, nos anos´90 foi inesquecível.
 
Um abraço,

Aluisio Lacerda

ESCREVER

“O autor mais admirado por ele era Blaise Pascal. Em busca de uma perfeição comparável à do escritor-filósofo, Saint-Exupèry empreendia um árduo processo de revisão e reescrita que reduzia em duas terças partes seus manuscritos originais” (“Vida e Morte do Pequeno Príncipe”; Paul Webster).

PATOS, ONDE HOUVE UMA LAGOA (1)



Patos, Paraíba

Saímos cedo de Pau dos Ferros no rumo de Patos, na Paraíba, em busca das raízes de Massilon. Lá chegamos ao meio-dia. Hospedamo-nos no Hotel Zurick. À noite perguntamos ao recepcionista por que esse nome. Com certo sarcasmo sertanejo ele nos disse: “o homem andou por lá e por certo achou esse nome bonito.” Franklin Jorge comenta: “se Cascudo tivesse estado aqui escreveria uma crônica com o seguinte título “Zurick em pleno Sertão paraibano; faria algo grandioso e o dono terminaria recebendo o título de cônsul honorário da Suíça”.
 
Fomo à Matriz. Prédio simples. Chegamos em plena missa das 16:00 horas. Rodeamos a Igreja cujos fundos dão para uma rua estreita, pequena. Olhávamos para uma porta, indecisos, quando um homem trigueiro, alto, encorpado, trinta e poucos anos, cabelo curtíssimo, vestido com uma camisa de mangas compridas abotoada nos pulsos se aproximou maciamente. Perguntei-lhe se ali era a Secretaria da Paróquia. Ele disse que não e nos apontou onde ficava. Perguntei-lhe se era padre. Confirmou com aqueles ademanes típicos, mas discretos, de seminarista, contidos por sua estrutura física maciça embora não desmesurada e nos entregou sua mão também macia para apertarmos. Padre Francisco foi gentil, delicado.
 
Na livraria da cidade perguntamos à vendedora pelas obras dos autores locais. Ela nos apontou, com certa displicência, um canto afastado de uma estante. Encontramos uma gramática em versos, que eu logo comprei, e livros e mais livros de um poeta local. Nada mais. Depois, fomos às ruas: vibrantes, febris, plenamente comerciais. Carros, motos, bicicletas... Pessoas vinham e iam rápidas, com aquele semblante típico de quem precisa chegar logo em algum lugar qualquer, para resolver algo. Não havia pedintes, nem pastoradores de carro, nem lavadores de pára-brisa, nem deficientes físicos. Havia somente uma louca, personagem folclórico, que me aborda na farmácia: “lindão, me dê um dinheiro”. Como não dar? “Ela dá sempre esse golpe em quem não é daqui” diz-me o caixa da farmácia. Raros são os passeantes. Os flâneurs. A maioria mulheres. As mulheres de Patos são belas, não bonitas. Há uma diferença entre ser bela e ser bonita. A mulher, quando é bela, desafia o tempo. Não pede emprestado à juventude aquilo já possui. Belas, as mulheres de Patos. Suavemente arredondadas, como um ideal rafaelita amoldado à realidade anoréxica dos tempos atuais. Altivas. Ou contidas. Ou dissimuladas. Pernas longas, levemente grossas, torneadas. Narizes afilados. Belos dentes. Compõem um contraste marcante com o bulício comercial suburbano que ocupa nossos olhos quando caminhamos pelas ruas da cidade. Não haveria ruas onde não se compra e não se vende? Aparentemente não. Em qualquer lugar há essa atividade febril, tipicamente burguesa, que pressupõe uma interação constante entre as pessoas e que se opõe à percepção do aparente distanciamento das belas mulheres de Patos.
 
“Por que Patos?”, pergunto a Virgílio Trindade, a quem seu primo homônimo Virgílio Trindade, comerciante no Mercado Central, a quem procuramos por indicação de um transeunte como sendo bastante antigo na praça, na tentativa de encontrar dois antigos amigos de meu pai, reputa como escritor. Recebeu-nos muito bem. Tem um programa político em uma rádio importante da cidade. Magro, moreno, careca, sentado por trás de um birô anacrônico em um escritório de um só vão no centro da cidade, nos deu, com uma voz característica de fumante e locutor, um seu livro de crônicas, “Relíquias”. Falou-nos do seu programa político: “é complicado”. “Por quê?” “A gente está falando com alguém ao telefone e no ar e ele grita: eu voto em Lula! Já pensou?”



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ESCREVER



Saint-Exupéry

“Porque não existem testemunhos, mas sim homens que testemunham. Não existem aventuras, mas aventureiros. Não existe leitura direta do real. O real é como um monte de tijolos que poderá tomar qualquer forma. Que importa se esse jornalista redigiu o seu livro e não apontou senão o concreto, se ele interveio, obrigatoriamente, entre o real e sua expressão? Ele escolheu os materiais – porque não contou tudo – e lhes impôs uma ordem. A sua ordem. Ao impor sua ordem a essa matéria em bruto, ele construiu o seu edifício. O que é verdade para fatos concretos também é verdade para as palavras” (“Um Sentido para a Vida”; Antoine de Saint-Exupéry).




"PADRE CÍCERO", DE LIRA NETO


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Pe. Cícero

Concluída na madrugada do sábado, 23 de janeiro do corrente, a leitura de “Padre Cícero”, do escritor cearense Lira Neto, cujo subtítulo é “Poder, Fé e Guerra no Sertão”, Companhia das Letras - “um tijolo” - como diz Aluísio Lacerda, passo a recomendá-lo vivamente aos amigos leitores do blog.


Lira Neto foi, para mim, uma grande e agradável surpresa. Nascido em Fortaleza, Ceará, 1963, já abocanhou o Jabuti em 2007, na categoria “melhor biografia” por “O Inimigo do Rei: Uma Biografia de José de Alencar”. Também escreveu “Maysa: Só Numa Multidão de Amores”, e “Castello: A Marcha para a Ditadura”. Não os li, mas que prometem, prometem.


Duvido que os outros sejam tão bons quanto “Padre Cícero”. Tão bons quanto, assinalo.


Primeiro por que é muito bem escrito: a leitura é muito agradável, flui fácil, o texto é envolvente; segundo por que a reconstituição histórica, inclusive em termos fotográficos, é primorosa; e terceiro, mas, não, por fim, é impressionante a dimensão do personagem principal e daqueles “secundários”, como é o caso do Dr. Floro Bartolomeu, baiano, médico, garimpeiro, político, ferrabrás, a “alma negra” do Padre Cícero, ou mesmo da Beata Maria de Araújo, negra, analfabeta, protagonista do “milagre do Juazeiro”, que consistiu em cuspir hóstias transformadas em sangue, quando da Comunhão. A Beata, que até palmatoradas tomou do Vigário do Crato, e foi exilada durante anos de sua Juazeiro natal por ordem da Igreja, também entrava em êxtase e apresentava os estigmas de Cristo, ao mesmo tempo em que se banhava de sangue para logo depois “acordar” limpa e sem qualquer marca no corpo – fenômenos constatados por padres e médicos.


Mas há outros personagens menores sumamente interessantes: o que dizer do Conde Adolphe Achille van den Brule, ex-camareiro do Papa Leão XIII, companheiro e sócio de Floro Bartolomeu, que se apaixonou por uma Juazeirense e, mesmo sendo casado na Europa e lá tendo deixado dois filhos, casou-se novamente no Cariri, nele fincou raízes e nunca mais voltou?


Além dos personagens, alguns fatos históricos relatados na obra chamam a atenção, como a tomada do poder central, em Fortaleza, pelos coronéis do Cariri tendo, à frente, Floro Bartolomeu e um exército de cangaceiros, jagunços, romeiros e devotos de Padre Cícero, todos pelo “padim” abençoados? Revolta que derrubou, na ponta do fuzil, o Governador Franco Rabelo, amado pelos fortalezenses, e, de permeio, matou o nosso Capitão José da Penha, que com ele se solidarizara?


O livro deixa algumas interrogações no ar: qual o passado de Floro Bartolomeu e o fim do Conde van den Brule? Por outro lado demonstra, à exaustão, como a incompetência da Igreja Oficial, externada, principalmente, dentre outros, por intermédio do Segundo Bispo do Ceará Dom Joaquim José Vieira. Preconceito, racismo, intransigência, autoritarismo, alheamento, burrice, tudo isso serviu como combustível de primeira grandeza para alimentar o incêndio fanático no qual se transformou Padre Cícero.

E o quê dizer de Padre Cícero? Nada. É preciso ler o livro. Entretanto é possível ter uma noção de sua sabedoria tomando conhecimento de seu catecismo ecológico, vazado lá pelos idos da virada do século XIX para o XX, e distribuído com os agricultores:


“Não toquem fogo no roçado nem na caatinga; não cacem mais e deixem os bichos viverem; não criem o boi nem o bode soltos; façam cercados e deixem o pasto descansar para se refazer; não plantem em serra acima, nem façam roçado em ladeira muito em pé: deixem o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza; façam uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água da chuva; represem os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta; plantem cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o Sertão todo seja uma mata só; aprendam a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar vocês a conviverem com a seca. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer; mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o Sertão vai virar um deserto só.”


Enfim, uma grande obra. Para ser lida ou para ser estudada. Ou ambas, nada impede.

domingo, 24 de janeiro de 2010

O JUDICIÁRIO NÃO EXORBITA!



Deu no Estado de São Paulo:
O Judiciário não exorbita (Editorial).

"Primeiro foi o juiz Álvaro Ciardini, da 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, que, em liminar concedida numa ação popular, afastou da presidência da Câmara Distrital de Brasília o deputado Leonardo Prudente - aquele que escondeu nas meias o dinheiro do "mensalão do DEM".

Em seguida foi o juiz Vinicius Santos, da 7ª Vara da Fazenda do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que determinou que os oito deputados distritais envolvidos no escândalo não poderão votar matérias que se refiram aos pedidos de impeachment do governador José Roberto Arruda.

No despacho o magistrado lembrou aquilo que os deputados não poderiam ter esquecido: "A ninguém é dado o direito de ser juiz da própria causa." E foi além: "A participação de alguém em investigação, em procedimento, onde se apuram fatos relacionados à sua pessoa fere as mais elementares regras da razão. É atentado frontal à razoabilidade, moralidade e impessoalidade, previstos pela Constituição da República."
 
Com isso, o juiz quebrou a cadeia de solidariedade que tem garantido a impunidade de políticos submetidos a Conselhos de Ética e Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), de onde saem absolvidos - frequentemente depois de terem reduzido a pó o decoro - porque são julgados por aliados e íntimos amigos - quando não por eles próprios, como pretendiam fazer deputados distritais de Brasília.

Mas não se pode deixar de observar que foi com muita esperteza que a base aliada do governador José Roberto Arruda aproveitou o despacho do juiz Vinicius Santos para acabar com a CPI da Corrupção na Câmara Distrital.

Seu presidente, o deputado Alírio Neto - não por coincidência, ex-secretário do governador Arruda -, argumentou que o juiz determinara o "reconhecimento da invalidade de todo ato deliberativo já praticado, no qual houve a interferência direta e cômputo do voto dos deputados ora afastados" e extinguiu a CPI, além de considerar nula a composição da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e os atos por ela praticados.

Com isso os aliados de Arruda tentaram retardar o processo de impeachment, pois, anulada a formação da CCJ, o prazo de 20 dias para a apresentação do relatório dos pedidos de impeachment, que acaba na terça-feira, teria de ser reaberto.

Além disso, seria adiado o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do governador José Roberto Arruda, Durval Barbosa, que, beneficiado por delação premiada, entregou às autoridades as gravações que mostram políticos brasilienses recebendo dinheiro vivo do suposto "propinoduto" exposto pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.

Nesse depoimento, como Barbosa confidenciara a advogados, seriam feitas novas revelações e, provavelmente, exibidas provas gravadas de outras falcatruas perpetradas no esquema do mensalão.

De certo, não contavam os aliados do governador com nova e pronta decisão do juiz Vinicius Santos que, em despacho, esclareceu que a decisão de quarta-feira se referia única e exclusivamente ao processo de impeachment na Comissão de Justiça e na Comissão Especial. Com isso, desarmou a artimanha dos mensaleiros.

O fato é que a Justiça está dando à Câmara Distrital de Brasília o tratamento profilático que deveria estar sendo aplicado pelos deputados que não foram contaminados pela corrupção. É o Poder Judiciário intervindo - legitimamente - para restabelecer o equilíbrio no exercício de outro Poder.

Ultimamente, têm sido frequentes as críticas - às vezes indignadas - de parlamentares e governantes ao Poder Judiciário, quando este interfere em atos legislativos ou determina a perda de mandatos, geralmente por desrespeito comprovado à legislação eleitoral.

Tem-se alegado, nesses casos, a quebra do princípio da separação e independência dos Poderes de Estado. O que os críticos não consideram é que há contrapesos para garantir ou restabelecer, quando necessário, o equilíbrio do sistema.
Assim, não se admite que agentes de um Poder transformem prerrogativas em privilégios ou que usem em causa própria - e ilegítima - as regras do ordenamento jurídico, em detrimento dos princípios de moralidade contidos no Direito positivo.

É por isso que essas interferências do Poder Judiciário no comportamento dos integrantes das Casas Legislativas não significam exorbitância alguma. Antes, fazem parte do sistema imunológico do sistema democrático."


CORPO DE EDITH, RAINHA SAXÃ, VAI PARA CASA


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Edith, Rainha Saxã

"Após mais de um milênio, corpo de Edith, ancestral da realeza europeia, vai para casa"

Publicada em 21/01/2010 às 08h47m, O Globo:

"Edith, uma rainha tão bela e popular que seria uma espécie de Princesa Diana da Idade Média, finalmente voltará para casa, mais de um milênio após sua morte. O corpo que se acredita ser da rainha - Eadgyth era o seu nome saxão - foi identificado numa cripta da Catedral de Magdeburgo, na Alemanha, e será enviado para Inglaterra, onde testes confirmarão que se trata mesmo da irmã de Atelstan, o primeiro rei da Inglaterra unificada; e da esposa do saxão Otto I, o primeiro imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Casamento marcou aliança histórica: enviada como um presente diplomático pelo irmão para Otto, Edith se tornou popular na terra do marido, com quem teve duas filhas. Ela morreu em 946 e arqueólogos disseram que o corpo é o mais antigo de um membro da realizada britânica. Edith é ancestral de praticamente todos os membros de famílias reais europeias. Os descendentes de Edith e Otto governaram o que hoje compõe boa parte do território da Alemanha até 1254.

Neta de outro rei poderoso, Alfredo, o Grande, Edith foi enviada para Otto por Atelstan junto com Adiva, sua outra irmã. Otto poderia escolher a princesa que mais lhe agradasse. Ficou com Edith e despachou Adiva de volta - esta acabou se casando com outro rei, cujo nome se perdeu na História. A Universidade de Bristol recebeu e analisará o corpo, envolvido em seda e dentro de sarcófago de pedra descrito como magnífico."

UMA INFELIZ E DESASTRADA DECISÃO

Deu na IstoÉ desta semana (27/01/10):

“UMA INFELIZ E DESASTRADA DECISÃO

Um tribunal de Buenos Aires determinou que ‘não é crime de ódio racial’ alguém dirigir-se a um judeu e dizer: ‘Adolf Hitler deveria ter matado todos vocês’. A infeliz, imprudente e desastrada sentença foi dada no caso de um homem de origem judaica que recorrera à Justiça porque se sentiu perseguido ao ouvir de um interlocutor, durante uma discussão, a frase citada entre aspas.”

A OPÇÃO PELO REALISMO


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“Tudo que é compreendido, está certo”.

Oscar Wilde, “Balada do Cárcere de Reading”

Talvez não seja possível, pelo que conhecemos hoje, chegarmos algum dia a alguma conclusão acerca da discussão entre Realismo e Idealismo. Podemos tomar posição, enfileirar argumentos tão mais numerosos quanto o são aqueles que se nos contrapõem no campo das idéias. É possível persuadir a nós mesmos, tão tentadoras parecem as premissas das quais podemos partir para justificar esse ou aquele caminho, mas, com certeza, é brumosa a estrada e sempre somos surpreendidos pela constatação de que nele estamos sem sabermos ao certo de qual lugar partimos e, muito menos, uma vez que o conhecimento engendra tantas novas opções a cada passo, aonde podemos chegar.
Bachelard já o pressentia, na década de 30, apontando a característica pré-científica desse ponto-de-partida ou mesmo do próprio caminho: “desde William James, tem-se repetido freqüentemente que todo homem culto segue fatalmente uma metafísica”. Essa metafísica, para ele, na realidade, são duas: a do Idealismo ingênuo e a do Realismo intransigente. O primeiro seria devedor da utopia da razão absoluta, a quem competiria classificar o universo qual posto em um mundo perfeito, acabado e organizado; o segundo, refém da crença no imediato que a realidade oferece. Pedimos vênia para uma ligeira discordância: encontramos argumentos sólidos para crer no Realismo, não o intransigente, mas aquele que não comporta adjetivos.

Não há como ser diferente. Pode haver algo de mais metafísico que o projeto positivista, essa exacerbação realista surgida para destruir a própria metafísica? E o que seria ele? Nada mais que a crença no conhecimento que derivasse da experiência. Derivar a experiência sensorial das impressões, das sensações não significa outra coisa senão a volta à cena, do antigo critério da lógica indutiva. Mas essa lógica não cumpre a expectativa que teimosamente lhe devotam seus defensores, como o demonstrou David Hume em "Enquiry Concerning Human Understanding".

Mas não somente Hume. Com efeito, o assim denominado “problema da indução” é um dos temas fundamentais de uma das obras mais importantes da epistemologia moderna, qual seja "A Lógica da Pesquisa Científica", de Sir Karl Raymond Popper. Nela, o filósofo austríaco naturalizado inglês retoma a discussão iniciada por Hume e a aprofunda, propondo uma solução para a questão que, também, se constituiu objeto de preocupação de Kant, que tentou superá-la e não o conseguiu, propondo que o princípio da indução fosse válido a priori. A solução proposta por Popper, que é o método hipotético-dedutivo corroborado pela experiência, somente surge em decorrência da sua constatação de que a passagem, conforme Hume anunciara, de “enunciados singulares (por vezes denominados também enunciados ‘particulares’), tais como descrições dos resultados de observações ou experimentos, para enunciados universais, tais como hipóteses ou teorias”, não se justifica logicamente.

Popper acrescenta:

“O problema da indução também pode ser apresentado como a indagação acerca da validade ou verdade de enunciados universais que encontrem base na experiência, tais como as hipóteses e os sistemas teóricos das ciências empíricas. Muitas pessoas acreditam, com efeito, que a verdade desses enunciados universais é ‘conhecida através da experiência’; contudo, está claro que a descrição de uma experiência – de uma observação ou de um resultado de um experimento – só pode ser um enunciado singular e não um enunciado universal. Nesses termos, as pessoas que dizem que é com base na experiência que conhecemos a verdade de um enunciado universal querem normalmente dizer que a verdade desse enunciado universal pode, de uma forma ou de outra, reduzir-se à verdade de enunciados singulares e que, por experiência, sabe-se serem estes verdadeiros. Eqüivale isso a dizer que o enunciado universal baseia-se em inferência indutiva.”

Assim, a lógica indutiva, na solução proposta por Popper, passa a ser um meio através do qual se pode submeter à prova uma teoria. É o que Popper denomina de “prova dedutiva de teorias”. Ou seja, é o modelo hipotético-dedutivo, que consiste no seguinte: “A partir de uma idéia nova, formulada conjecturalmente, e ainda não justificada de algum modo – antecipação, hipótese, sistema teórico ou algo análogo – pode-se tirar conclusões por meio de dedução lógica. Essas conclusões são em seguida comparadas entre si e com outros enunciados pertinentes, de modo a descobrir-se que relações lógicas (equivalência, dedutibilidade, compatibilidade ou incompatibilidade) existem no caso. Poderemos, se quisermos, distinguir quatro diferentes linhas ao longo das quais se pode submeter à prova uma teoria. Há, em primeiro lugar, a comparação lógica das conclusões umas às outras, com o que se põe à prova a coerência lógica do sistema. Há, em segundo lugar, a investigação da forma lógica da teoria, com o objetivo de determinar se ela apresenta o caráter de uma teoria empírica ou científica, ou se é, por exemplo, tautológica. Em terceiro lugar, vem a comparação com outras teorias, com o objetivo, sobretudo, de determinar se a teoria representará um avanço de ordem científica, no caso de passar satisfatoriamente as várias provas. Finalmente, há a comprovação da teoria por meio de aplicações empíricas das conclusões que dela se possam deduzir.”

E o que não dizer, por outro lado, do Idealismo ingênuo? “Não existem fatos somente interpretações”, observa Friedrich Nietsche, por exemplo, lembrado por Vattimo ( 2001:17) quando este defende sua crença idealista e critica o Realismo. E acrescenta:

“Esta frase de Friedrich Nietsche, que, mesmo com alguma cautela (já que poderia soar ainda como uma outra afirmação metafísica), pode ser assumida como a divisa da ontologia hermenêutica, é também aquela sobre a qual versam as polêmicas daqueles que, sempre mais freqüentemente nos últimos tempos, cedem àquela que proponho de chamar ‘tentação do realismo’”.
Entretanto, podemos considerar, com Popper, haja vista a afirmação acerca da inconclusa discussão mencionada acima, sobre o Realismo não ser demonstrável nem refutável, pois como qualquer outra teoria filosófica ou metafísica despida de conteúdo empírico, excetuando-se, neste caso, a lógica, não podem ser suas asserções submetidas a teste, que mesmo assim parece sensato, no sentido do senso comum erudito, acatar a tese de ser indiscutível o fato de “Qualquer discussão do realismo, e especialmente todos os argumentos contra ele, [terem] de ser formulados em alguma linguagem. Mas a linguagem humana é essencialmente descritiva (e argumentativa), e uma descrição sem ambigüidades é sempre realista: é de alguma coisa – de algum estado de coisas, que pode ser real ou imaginário podendo, então, tal descrição ser submetida a critérios de verossimilitude”. Tese essa bem menos crua, em defesa do Realismo, que a de Samuel Johnson, não o filósofo americano mas, sim, o literato inglês, ao responder a Berkeley, o qual, juntamente com Hume e Kant, constituem o cerne do pensamento idealista: “com um pontapé numa pedra”, dizendo: “refuto-o assim”.
 
Ainda com Popper, admitir ser um dos maiores erros da filosofia apresentar a “evidência por si mesma” como argumento a favor de qualquer sentença, como é feito por praticamente todas as filosofias idealistas, a despeito do caráter conjectural do conhecimento, mesmo quando tratamos com leis naturais, como aquelas que compõem a mecânica de Newton, ontem aparentemente “evidentes por si mesmas”, mas depois entendidas como válidas somente até certo limite pela física relativística de Einstein. Popper lembra que as filosofias idealistas são, muitas vezes, sistemas de apologética de certas crenças dogmáticas, ao mencionar:

“O fato de que uma sentença pareça a alguém, ou mesmo a todos nós, ‘evidente por si mesma’, isto é, o fato de que alguém, ou mesmo todos nós, acreditemos em sua verdade e não possamos conceber que ela seja falsa não é razão para que ela seja verdadeira”.

Com Bachelard, continuando a perfilar argumentos em defesa do Realismo, podemos perceber e criticar as conseqüências do idealismo kantiano, que pretende pôr ordem nas “imagens que faz da natureza, atando-se ao que elas têm de imediato”, deixando de ultrapassar o mero sensitivismo. Ou, com Miaille, especificamente no subuniverso jurídico, perceber o caráter de obstáculo epistemológico que esse Idealismo representa, qual seja o de elaborar uma teoria jurídica que é uma idealização do mundo, não uma explicação científica:

“A questão pode assim ser formulada: dão-nos as abstrações da ciência jurídica uma representação ideológica do mundo do direito, ou, pelo contrário, uma explicação científica? Desde já dou a resposta: a ciência jurídica, tal qual ela é concebida e apresentada, não é senão uma imagem do mundo do direito, não uma explicação. Como é que se manifesta esta representação? É o que temos de procurar explicar agora, para mostrar em que este idealismo constitui um obstáculo epistemológico”.

E Miaille o explica, demonstrando em que consiste esse conjunto de noções, definições, idéias jurídicas que tudo justificam por nada justificarem – moldes proteiformes a serviço do Poder Político. Não por outra razão, como apontado mais além, neste texto, pode-se observar o uso político de aparatos teóricos, tal como o que se faz, por exemplo, ao se mudar o entendimento, o significado, a interpretação de determinada norma jurídica quando ocorre mudança na estrutura do Poder.

Então, uma vez que não é possível escoimar-se de uma metafísica, que o seja através deste auto-de-fé no Realismo. É sensato crer na existência real, objetiva e independente do mundo. É sensato crer que “existem coisas reais, independentes da consciência”. (Hessen, 2000:73). E não é sensato acreditar no Idealismo, bem como no Realismo exacerbado, seja em sua vertente lógico-positivista, empirista, ou fenomenológica.

Ainda, como último argumento em defesa do Realismo, citar Winston Churchill, de quem Popper transcreve um texto do seu “My Early Life – A Roving Comission”:

“Alguns de meus primos que haviam tido a grande vantagem de uma educação universitária costumavam provocar-me com argumentos para provar que nenhuma coisa tem qualquer existência, exceto o que pensamos dela...” “Sempre me apoiei no seguinte argumento, que arquitetei para mim mesmo, há muitos anos... Lá está esse grande sol aparentemente firmado em base não melhor que nossos sentidos físicos. Mas felizmente há um método, inteiramente à parte de nossos sentidos físicos, para testar a realidade do sol... Astrônomos... predisseram por (matemática e) razão pura que um ponto negro passará sobre o sol um certo dia. Olhamos e nosso sentido de visão imediatamente nos diz que os cálculos deles estão confirmados... Utilizamos o que se chama em feitura de mapas militares uma ‘posição cruzada’. Obtivemos testemunhos independentes da realidade do sol. Quando meus amigos metafísicos me dizem que os dados com os quais os astrônomos fizeram seus cálculos foram obtidos originalmente, necessariamente, pela evidência de seus sentidos, digo ‘Não’. Eles poderiam, de qualquer forma em teoria, ser obtidos por máquinas calculadoras automáticas postas em movimento pela luz caída sobre elas sem qualquer mistura dos sentidos humanos em qualquer etapa... Reafirmo com ênfase... que o sol é real, e também que é quente – de fato, quente como o inferno e que, se os metafísicos disso duvidam, devem ir lá e ver.”

Em conclusão, julgo ser possível, dada a fragilidade teórica dos fundamentos do Idealismo e Realismo exacerbado, conceber uma instrumentalização, consciente ou inconsciente, do aparato conceitual de cada uma dessas teorias para outros propósitos que não apenas o da busca do conhecimento. Isso é impensável em termos de uma ciência que se estabelece, ela própria, quando e somente quando suas afirmações (algo real) acerca de algo (existente no espaço e no tempo) sobrevivem às críticas, aos testes, às provas. Quanto menos frágil for o fundamento de uma teoria científica, menos ela se presta a manipulações de natureza política.