quarta-feira, 27 de agosto de 2014

APRENDER A APRENDER



* Honório de Medeiros (*)


1) APRENDEMOS (conhecemos) quando nos defrontamos com um problema, qualquer que seja ele: como lembra Popper, "cada problema surge da descoberta de que algo não está em ordem com nosso suposto conhecimento; ou examinado logicamente, da descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos; ou, declarado talvez mais corretamente, da descoberta de uma contradição aparente entre nosso suposto conhecimento e os supostos fatos..." 

a) ESSE problema pode ser inesperado (não por outra razão a sabedoria popular diz: “a necessidade é a mãe da invenção); 

b) OU provocado; 

b.1) AO deliberadamente problematizarmos as coisas e/ou os fenômenos; como disse Bachelard, “O conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão”; 

b.1.1) POR intermédio da contra-argumentação, utilizando o contra-exemplo que expõe a contradição da teoria exposta; 

2) QUALQUER problema é, antes de tudo, uma questão do espírito (intelectual), mesmo no trabalho puramente mecânico. 

3) ELABORAMOS teorias que são soluções provisórias ao problema e devem ser testadas. 

a) O teste dirá se erramos ou acertamos; 

b) O erro nos ensina, posto que não precisaremos mais trilhar o mesmo caminho já tentado.

4) SE aprendemos quando nos deparamos com um problema, há um conhecimento que o antecede e nos permite identificá-lo. 

5) SE o conhecimento é retificável, é evolutivo, no sentido de que caminha sempre do mais simples para o mais complexo. 

6) O conhecimento pode, então, ser compreendido como um “vir-a-ser” de complexidade exponencial. 

7) A recusa em problematizar as coisas e/ou fenômenos conduz a neuroses. Aqui se compreenda essa recusa como uma fuga do problema com o qual alguém se defrontou. 

8) O como dizemos a nós mesmos, ou aos outros, o que aprendemos é papel da Retórica: podemos ser convencidos ou seduzidos, convencer ou seduzir. 

9) NÃO é possível comparar INFORMAÇÃO com CONHECIMENTO; quando conheço, estou informado, mas, nem sempre, quando estou informado, conheço. Posso estar informado de algo sem conhecê-lo (compreendê-lo).

(*) Texto republicado, com correções, a pedido. 


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

NADA TÃO OPRESSIVO QUANTO O ESTADO SE MOVENDO CONTRA UM SER HUMANO



* Honório de Medeiros

Nada tão opressivo quanto o Estado se movendo contra um ser humano. A opressão chega dissimulada por leis, sejam elas constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentações, portarias, ofícios-circulares, etc, usadas à exaustão por inocentes-úteis ou jagunços a serviço da máquina de moer gente. Com que prazer um servidor público nega, baseado em uma portaria, um direito de um cidadão, mesmo que esse direito esteja amparado em uma lei maior...

De quando em vez me deparo com a notícia de alguém que luta, de todas as formas possíveis e imagináveis para provar que está vivo! Isso mesmo: que está vivo. Está vivo mas está morto para o Estado, a burocracia assim determinou. Contra o atestado do seu óbito, emitido erroneamente pelo Estado, sequer valem suas impressões digitais e um certificado de qualquer médico do SUS afirmando que aquele cidadão que lhe procurou tem todos os sinais vitais em perfeito funcionamento.

O cidadão sequer desconfia do quanto é oprimido. Bestificado, anulado, alienado pelo circo multimídia que o Estado lhe proporciona, segue sua vidinha chinfrim até o último suspiro, dando satisfação de seus atos a todos quanto possam ameaçar sua paz de ameba. Vive de salamaleques ao chefe próximo ou distante. Salamaleques comprados pelos reais a mais em sua conta bancária, o afago condescendente do detentor do Poder...

Quando não é a rotina massacrante, toda manipulada pelo Estado, que lhe assegura pagar o personal-trainer, o cirurgião-plástico, o veículo importado, o vinho francês, a vaidade tola.

Ai de nós...

* Arte em: veliqs.blogspot.com