sábado, 20 de janeiro de 2018

ALGEMAR DESNECESSARIAMENTE É TORTURA

* Honório de Medeiros

O ex-Governador Sérgio Cabral deve ser punido por seus erros, todos eles. Todos. 

Isso é óbvio.

Mas algemá-lo não é exemplo de outra coisa senão do quão opressor o Estado pode ser quando ultrapassa seus limites.

Pobre ou rico, ninguém deveria ser algemado, exceto em situações excepcionais. Muito excepcionais.

Ao algemá-lo como a Polícia o fez legitimamos o excesso estatal, a tortura que seus agentes - não todos, claro - cometem, a humilhação desnecessária.

Esmagar o espírito de um homem revela quanto somos bestiais, uma vez jogada fora a tênue casca que aprisiona nosso íntimo.

ESQUERDA NACIONALISTA E DIREITA AUTORITÁRIA

* Honório de Medeiros

Um "meme", quando surge, impacta e sobrevive aos trancos e barrancos.

Uma vez estabelecido, retro-alimenta-se e se expande qual vírus, ao ponto de seu surgimento cair no domínio da lenda, da fantasia.

Vem o tempo da manipulação.

É o que acontece com as teorias conspiratórias, muito em uso por grande parte da direita nacionalista e esquerda autoritária.

Irmãos siameses.

REDE SOCIAL E CÃES DE RUA

* Honório de Medeiros

A Rede anda tão tomada por incivilidade que eu não tenho mais ânimo para nela discutir qualquer assunto. 

E uma realidade evanescente como a nossa, na qual tudo pode ser falso, parece somente sobrar espaço para defesas grosseiras das próprias crenças.

 É a vitória do grito, do ódio, da ira.

É a vitória do tribal, da gangue, da luta pelo próprio quintal.

É tempo de escatologias, palavrões, agressões.

Tempo de demarcar território, quais cães de rua.

domingo, 14 de janeiro de 2018

SOLIDÃO (CAMINHAREMOS ENTÃO TU E EU)

* Honório de Medeiros

"Caminharemos então tu e eu,
companheiros de nossas sombras,
da luz das estrelas, da lua, da noite,
e nossas pegadas saudarão o tempo, 
a terra, a pedra, o verde ou o asfalto, 
durante toda essa busca incessante.

Caminharemos então tu e eu,
dizendo a solidão que não sentimos,
dos seus efeitos nos homens e nas coisas,
enquanto a doçura indecifrável do instante
aprisiona a mim e a ti em uma teia 
cujo começo e fim começa e termina no mesmo ponto.

Caminharemos então tu e eu,
e diremos fragmentos de discursos de amor,
outrora lido às sombras de nossas sombras,
esses queridas e amorosas companheiras,
até que o presente se confunda com o futuro,
até que o tempo se esvaneça, miragem que é. 

Caminharemos então tu e eu,
para dizermos das equações que o vento
(o vento?) ou as asas das borboletas
traça nas hastes flexíveis das abstrações,
antes que o efeito que de si projetam,
e o Homem, e as Formas, tudo seja interrompido.

Caminharemos então tu e eu,
e eu lhe direi da solidão de quem pensa,
da minha solidão, eu, um solitário de idéias absurdas,
resignado ante a longa estrada que nos resta percorrer,
cansado de tanta busca vã,
enquanto a trilha que conhecíamos se esvai no tempo.

Caminharemos então tu e eu,
E você me dirá da reforma das ilusões 
que se entoavam em rituais mágicos à luz das estrelas.
Conheceremos a história do Homem,
dos seus santos e das imagens vazias de vida,
e prenhes de história.

Toda nossa caminhada nos dirá, quem sabe,
o significado oculto de tudo que percebemos,
o sonho loucos dos deuses alucinados,
a verdade última, a coisa-em-si,
e então, à sombra do futuro, descansaremos.