quinta-feira, 17 de outubro de 2013

HÉLIO XAVIER DE VASCONCELLOS




Honório de Medeiros


                               Quando Hélio Xavier de Vasconcellos assumiu a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, no Governo José Agripino, eu era recém-formado e tinha sido seu aluno na disciplina Direito do Menor, no Curso de Direito da Federal.
                Vivíamos o começo dos estertores da Ditadura.
                Contratado pela Prefeitura Municipal do Natal, um pouco antes, gestão Marcos César Formiga, graças a instâncias de Avany Policarpo, a quem tinha sido apresentado por Eri Varela, para criar e desenvolver uma ação social por nós denominada “Projeto Juventude”, estava entregue à sonolência burocrática desde que a movimentação gerada pelos concursos literários, shows, recitais, teatro de arena, enfim, música, literatura e politização de lideranças jovens, e desenvolvida nos bairros populares, começou a incomodar os vereadores “da situação” e sua hegemonia ambulatorial. Pediram minha cabeça. Avany não admitiu. Esvaziaram-me completamente.
                Hélio, tão logo convidado para a Secretaria de Educação, me telefonou e convidou para fazer parte do que ele chamou de “meu gabinete”: eu, enquanto assessor “especial”, seu Chefe de Gabinete Virgílio Fernandes, hoje Desembargador do Tribunal de Justiça do Rn, e Omar Pimenta, seu grande amigo e companheiro, Coordenador dos Núcleos Regionais e Educação.
                Hélio fez uma gestão notável, apesar de todos os pesares, mesmo torpedeado pela esquerda e direita, incompetentes como sempre, do Rn. A esquerda dizia que ele se vendera; a direita, que não era confiável. Não preciso esmiuçar esse momento da história do nosso Estado. Quem vale a pena saber, sabe. Espero que o tempo lhe faça justiça.
                Daquele período, tirante o trabalho em si, dois momentos foram inesquecíveis, para mim. No primeiro, Hélio me chama em seu Gabinete e diz: “o Governador mandou me chamar para perguntar se era verdade que você estava trabalhando comigo. Confirmei e lhe perguntei se tinha algum problema. Ele me disse que um grupo de vereadores (os mesmos que boicotaram o Projeto Juventude) tinha lhe dito, em audiência, que você era do PMDB autêntico, tinha trabalhado na campanha de Aluízio, e era comunista. Eu respondi que, de fato, você tinha trabalhado na campanha de Aluízio, e integrava o PMDB Autêntico, mas era de minha inteira confiança. Quanto a ser comunista, eu disse se fosse por ser comunista, o primeiro a ter que sair era eu, que não negara esse fato quando recebera o convite para ser Secretário. Zé Agripino riu e mudou de assunto”.
                Eu fiquei até ir para Brasília, integrar o Governo da Nova República.
                O segundo momento foram vários, muitos, sempre com o mesmo feitio: terminava o expediente, tarde da noite, e lá íamos Hélio, Omar, eu e Virgílio tomar uns dois ou três uísques nos bares da noite, a repassar o presente, projetar o futuro, e rir à bandeiras despregadas das estórias que o “Vermelhinho”, como o chamava Virgílio, contava com uma maestria insuperável, “causeur” de primeira, como o era.
                Duas delas, de tão boas, eu lamento muito não poder contar aqui...
                Dos professores que tive, alguns foram muitos importantes; poucos, essenciais; muito poucos, além de essenciais, eu trago em meu coração com respeito, admiração e afeto.
                Jales já se foi. Hélio é um deles.

AH!, PARIS...

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

Cartas de Paris: Ah!!! Paris..., por Danielle Legras

Daqui a poucos meses festejarei meus dez anos de residência em Paris, cidade que eu adotei e que me acolheu. Gosto de me referir a ela como o faria se estivesse evocando uma história de amor.

Perdoem-me os céticos, mas Paris foi para mim uma evidência. Como quando nos apaixonamos e acreditamos que sem a presença do outro a vida não teria mais nenhum sabor. Desde então tenho respondido aos franceses curiosos o porquê de tal escolha já que o mundo é vasto e o desejo de conhecê-lo ainda maior.

De um modo geral a pergunta é plena de espanto: Mas por que diabos alguém que mora num pais cuja natureza é exuberante, o sol elegeu ali a sua morada, e a amabilidade das pessoas é lendária, decidiu viver aqui?

Talvez seja necessário mencionar o fato de que os franceses têm uma simpatia imensa (e acredito, sincera) pelo Brasil e seus habitantes. Eles sonham com nossas paisagens, com o calor e a presença constante do Roi Soleil. Eles elogiam a hospitalidade e a gentileza do povo brasileiro; é um prazer vê-los enaltecerem nossas qualidades, sem se aprofundar em nossos defeitos.

Sobretudo quando se sabe o quão severos eles podem ser consigo mesmos. Reclamam da hostilidade da cidade, da antipatia das pessoas, do clima carrancudo, da política da esquerda, da direita e do centro também. Reclamar alias, é o esporte nacional...

Então quando ouço as minhas próprias respostas tenho a impressão que elas são sempre diferentes uma das outras.

Vim a Paris porque ela é meu paraíso existencial. Vim a Paris porque ela é infinitamente mais bela do que sugerem seus cartões postais.

Vim a Paris para poder compreender Piaf e Jacques Brel. Porque me apeguei ao hábito de não sentir mais medo. Porque pela primeira vez pude viver as quatro estações do ano. Porque posso pegar um trem e estar, poucas horas depois, em outras capitais europeias.

Porque a História é viva e faz parte da história de seus habitantes. Porque aprendi a me indignar e a exigir um mundo um pouco mais justo (eles são especialistas nesse quesito). Vim a Paris porque a presença do rio Senna me tranquiliza. Porque me apropriei do espaço público e nele posso divagar.

Vim a Paris para poder passar horas num café, lendo ou escrevendo. Vim a Paris porque o ensino publico é de qualidade e minha filha poderia estudar sem que eu gastasse rios de dinheiro (o que não possuo, aliás).

Vim a Paris, porque no metrô velho, sujo e com cheiro de humanidade, os passageiros transformam-se em leitores ávidos. Porque Paris é tudo e seu contrário. Vim a Paris porque a descobri mestiça e múltipla.

Enfim, vim a Paris para redescobrir meu país. Porque a saudade que dele sinto me mostrou o quanto dele sou feita.

Danielle Legras é jornalista e tem duas grandes paixões, seu métier e Paris. Há dez anos, decidiu unir o útil ao agradável. É a nova responsável pela seção semanal Cartas de Paris.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

EU NÃO ESCOLHI SER PROFESSORA, FUI ESCOLHIDA!

Aline Sandra Fernandes Araújo

 
Eu não escolhi ser PROFESSORA, fui escolhida, queria ser arquiteta, desenhar arranha céus, mas não me deram oportunidade, então agarrei a oportunidade e quando vi estava PROFESSORA... e de repente comecei a sentir... sentir coisas... o sangue ferver por cada aula que dava, cada assunto que foi compreendido, cada sorriso ao me ver entrar na sala de aula, quando me esperavam na porta da sala, quando não perdiam minhas aulas e não perdiam por que gostavam.
 
Vibrava, e dizia não vou dar aula vou dar meu show, cantei, dancei e encantei. Ensinar Língua Inglesa não é fácil, mas foi divertido! Senti orgulho por muitos que puderam fazer uma faculdade, muitos são doutores, outros advogados, outros enfermeiros, outros são empresários, também senti orgulho dos que não puderam porque fizeram outras escolhas, dos que não continuaram porque foram trabalhar.
 
Cada um sabe da sua História. Sinto saudades... de tudo e de muitos, chorei quando se despediam da “profe” porque iriam embora para São Paulo trabalhar, pelos que já não se encontra entre nós como João Paulo e Pretin...
 
Sabem, não construí arranha céus, construí mais, construí conhecimento, e coisas mais importante que prédios frios de concreto, contribui para formação de PESSOAS, de personalidades, e isso ninguém perde, morre com ele. E hoje eu sei que foi Jesus que me escolheu para ser Professora, pois eu me realizo. Não sei fazer outra coisa que não seja na Educação. AMO O QUE FAÇO! E HOJE EU SOU PROFESSORA!

domingo, 13 de outubro de 2013

O FACÍNORA DISFARÇADO



http://portalnoar.com/alexmedeiros/


"Fuzilou inocentes, torturou jovens, queimou livros, proibiu rock ‘n’ roll, odiava negros, zombava de gays, perseguia religiosos.
 
O comunismo internacional o transformou em símbolo de esperança e liberdade."