quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

INDÚSTRIA DA SECA IGNORA O PATRIMÔNIO DAS ÁGUAS

Do blog do Carlos Santos:


"Seca com Umari, Armando Ribeiro e a Barragem Santa Cruz sem aproveitamento de águas, é caso de polícia, crime contra humanidade e não um fenômeno climático.
 
Fenômeno em nossa região é o inverno torrencial, a abundância dos rios cheios e ruidosos, levando tudo à sua frente e engolindo suas próprias margens.
 
Continuamos sendo vítimas da indiferença, do imobilismo, da frieza de gerações e gerações de administradores públicos.
 
A “indústria da seca” é um próspero negócio desde os tempos da Coroa.
 
E assim continuará."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"GRUDA QUE ELE PISA, PISA QUE ELE GRUDA"


Cintia Mercer
 

Por Cintia Mercer 

"# Fato:
 Eu, sinceramente, não concordo com esse ditado de "gruda que ele pisa, pisa que ele gruda". Sabe porque? Os relacionamentos que mais duram não são feitos de joguinhos, são feitos de sentimentos e verdade. Se você não dá atenção o suficiente, como espera receber também? Eu acredito, mesmo, que cada um deve ter seu espaço, mas quem não adora receber uma mensagem de "boa noite"? quem não adora escutar um "eu te amo" ? O que ocorre na verdade é que de tanto você "pisar" um dia ele "desgruda". Então, aprenda: Dê atenção para quem te dá atenção. Na mesma medida, nem mais e nem menos. Sabe porque? Quem gosta de joguinho é criança."

O SERMÃO DO BOM LADRÃO, PADRE VIEIRA

Do blog de Ricardo Noblat 


Pe. Antônio Vieira
 

(...) O que eu posso acrescentar pela experiência que tenho é que não só do Cabo da Boa Esperança para lá, mas também da parte de aquém, se usa igualmente a mesma conjugação.
 
Conjugam por todos os modos o verbo rapio, não falando em outros novos e esquisitos, que não conhecem Donato nem Despautério (a).
 
Tanto que lá chegam começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos, é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo.
 
Furtam pelo modo imperativo, porque, como têm o misto e mero império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina.
 
Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam; e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos.
 
Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem; e gabando as coisas desejadas aos donos delas por cortesia, sem vontade as fazem suas.
 
Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal com o daqueles que manejam muito; e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância.
 
Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões.
 
Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos.
 
Estes mesmos modos conjugam por todas as pessoas; porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras quantas para isso têm indústria e consciência.
 
Furtam juntamente por todos os tempos, porque o presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio; e para incluírem no presente o pretérito e o futuro, de pretérito desenterram crimes, de que vendem perdões e dívidas esquecidas, de que as pagam inteiramente; e do futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído e não caído lhes vem a cair nas mãos.
 
Finalmente nos mesmos tempos não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plusquam perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse.
 
Em suma, o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar.
 
E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles, como se tiveram feito grandes serviços, tornam carregados e ricos: e elas ficam roubadas e consumidas...
 
Assim se tiram da Índia quinhentos mil cruzados, da Angola, duzentos, do Brasil, trezentos, e até do pobre Maranhão, mais do que vale todo ele.
 
 
Padre Antonio Vieira, sacerdote jesuíta, professor de retórica, pregador, confessor, embaixador e escritor português. Trecho do Sermão do Bom Ladrão, escrito em 1655. Proferido na Igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. O retrato que apresenta o autor é de Cândido Portinari.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

UM ANJO NEGRO DE LULA?

Paulo de Tarso Venceslau e a face escura de Okamotto
 
 
 
Um dos fundadores do PT, Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do partido e demitido do cargo de secretário de Finanças da prefeitura de São José dos Campos depois de ter revelado a Lula delinquências envolvendo bandidos de estimação do chefe supremo.
 
Esse foi um dos muitos episódios que lhe permitiram ver de perto a face escura de Paulo Okamotto, iluminada por um artigo publicado no blog do Ucho.
 
Paulo Okamotto
 
 
Confira dois trechos do texto:
 
Okamotto costumava circular pela prefeitura de São José em busca de lista de empresários credores. Ele não ocupava qualquer cargo no paço. Era evidente que buscava recursos paralelos, com a anuência da então prefeita Ângela Guadagnin.
 
No mesmo dia em que a auditoria externa encerrou seus trabalhos e me enviou o relatório, fui exonerado sumariamente a pedido de Paulo Okamotto e Paulo Frateschi, segundo me relatou a própria prefeita.
 
O administrador do sindicato, Sadao Higuchi, era quem encaminhava os recursos vindos do exterior a Okamotto.
 
Em 13 de junho de 1998, em plena campanha eleitoral, Sadao morreu “afogado” numa represa localizada nas proximidades de Bragança Paulista. (…)
 
Morreu afogado, mas tinha uma contusão na cabeça. Ele teria caído n’água e o barco teria se chocado com ele. Pequeno enorme detalhe: tratava-se de um bote inflável.
 
Coisa de direitista delirante? Mais uma da elite golpista? Invencionice da mídia conservadora? É difícil enquadrar nesses clichês o economista Paulo de Tarso Venceslau.
 
Paulista de Santa Bárbara d’Oeste, hoje com 69 anos, Venceslau se engajou na luta armada como ativista da Ação Libertadora Nacional (ALN), participou em setembro de 1969 do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, foi capturado dias depois pela polícia política, passou cinco anos na cadeia e ligou-se a um dos grupos que fundariam o PT.
 
Não é loiro. Nem tem olhos azuis.
 
Anos depois de ouvir ameaças de morte berradas por torturadores decididos a fazê-lo falar, Venceslau voltou a ouvi-las sussurradas por companheiros decididos a fechar-lhe a boca.
 
Na prisão, poderia ter morrido por insistir em mentiras. No PT, quase morreu por ter contado a verdade.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

MESMO QUE EU NÃO O CONHEÇA, FELIZ NATAL

Por Carlos Santos

O que eu desejo para o Natal?
 
Respondo-lhe:
 
- Tudo que é comum a outros dias, em minhas manifestações. Bastam saúde e paz.
 
Não sei quem você é? Talvez não lembre do seu rosto, menos ainda do seu nome. És um estranho, provavelmente.
 
Sem problema. Nada me impede de continuar lhe desejando saúde e paz.
 
O caso não é um arroubo próprio do que costuma ser definido como “espírito natalino”. É até mais simples. Diria que é um mantra, resposta pacífica aos que resmungam, vomitam impropérios e que acabam o mundo em sua volta a cada amanhecer, sendo Natal ou não.
 
O Natal tem uma atmosfera ambivalente. É misto de alegria e melancolia, caldeirão de sentimentos. Soma e perda, um pouco do que quero e tenho; a certeza do que perdi e me falta.
 
Como resistir à criança com olhos cintilantes, que ronda a árvore enfeitada de sonhos?
 
Impossível não ser tocado pelo sorriso dos que nada possuem e que são lembrados hoje, mesmo que esquecidos logo amanhã, pela ‘caridade sazonal’ de alguns mais afortunados.
 
Os sabores e aromas mexem com nossos paladar e olfato. Atiçam todos os nossos sentidos.
 
Eis as luzes, o colorido, a mesa posta…
 
O presépio continua na minha infância nos arrabaldes da Capela de São Vicente e Igreja do Coração de Jesus, em Mossoró. A casa de dona Maria de Uriel transformada em Belém, nossa Galileia em miniatura, ao alcance da mão traquina.
 
A espera de Papai Noel está atualíssima, mesmo que agora sem mistério. Causava insônia. Dali nascia a tentativa de simular o sono para flagrá-lo exatamente àquela hora em que deixaria meu brinquedo embaixo da rede.
 
Ele, o bom velhinho, enfim descoberto. Um espectro na escuridão, de silhueta conhecida, cometia o inafiançável crime da perpetuação da felicidade.
 
Eu, cúmplice, prometi a mim mesmo nunca entregar sua real identidade.
Crescido, com a vida indo bem além do Cabo das Tormentas, não é o lúdico que me instiga nesta data. Entre o profano e o sagrado, tento ser indiferente ou pelo menos cumprir o ritual exigido para o bom convívio social.
Oscilo entre a alegria da atmosfera dos festejos e a própria deprê que paradoxalmente esse período provoca.
 
Bom, me conheço. Um velho amigo, Diassis Linhares, até emendaria com sapiência: “Algumas pessoas amadurecem, outras apodrecem”.
 
Amadurecer é estar pronto no tempo certo, uma forma de sempre nascer. Aí o Natal se encaixa perfeitamente. Palavra de origem latina, Natal vem de “nativitas”, que significa “nascimento”.
 
De algum modo renasço e sobrevivo às minhas perdas nos olhos daquela criança boquiaberta e encantada, diante do presépio de Maria de Uriel e à espera do Papai Noel. Meu presente – hoje – é ter passado.
 
O brinquedo embaixo da rede é apenas um detalhe. O que vale é o vulto dos meus bons velhos diante de mim, a cada amanhecer. A cada dia, outro nativitas.
Saúde e paz.

domingo, 23 de dezembro de 2012

E SE VOCÊ SE ENGANOU QUANDO ESCOLHEU SUA PROFISSÃO?


 
 
Honório de Medeiros
                                   Ao longo de minha vida enquanto professor encontrei muitos casos de alunos que claramente não queriam se bacharelar em Direito. Estavam ali, no curso, cumprindo uma trajetória que não era de seu agrado. Prefeririam se dedicar à música, à história, a escrever, à arquitetura, jornalismo...

                                   Quando eu percebia procurava conversar. Às vezes, em alguns casos, sequer o aluno tinha percebido que sua praia não era aquela. Seduzido por ideais que lhe eram impostos pela sociedade, como status e dinheiro, ou, pior, por ideais que seus pais cultivavam, ali ficava ele, nas salas de aula, a passar horas e horas tomando contato direto com uma realidade, no seu caso, no mínimo entediante.

                                   Mesmo aqueles que sabiam exatamente o que queriam como fazer um concurso, se tranquilizar quanto ao futuro, e, então, se dedicar a alguma atividade que lhe desse prazer, como literatura, era fácil perceber uma dúvida latente e perturbadora a pairar sobre nossos diálogos enquanto conversávamos: “será que vale a pena todo esse tempo perdido? A vida é tão curta...”

                                   Pois bem, se é assim, ou mesmo que seja apenas para lhe assegurar a certeza de sua escolha, na medida em que isso é possível, ou por pura curiosidade, vale a pena ler esse livro que eu vou lhes indicar.

                                   Trata-se de “COMO ENCONTRAR O TRABALHO DE SUA VIDA”, de Roman Krznaric, editora Objetiva.

                                   Desde já advirto: não se trata propriamente de livro de autoajuda. O livro é sério, bem escrito, bem fundamentado, e faz parte de uma coleção “tocada” pelo filósofo Alain de Botton, autor de “Religião para Ateus” e “Como Proust pode Mudar sua Vida”. Eu mesmo somente me interessei quando li uma citação de Richard Sennet, pensador de meu agrado, no livro.

                                   Quanto a Roman, é membro fundador da The School of Life, e foi nomeado pelo jornal Observer um dos mais importantes pensadores sobre estilo de vida do Reino Unido, além de ser conselheiro de organizações tais quais a Oxfam e Nações Unidas.

                                   Então, se for o caso, mãos à obra. Ah! Última observação: não estou ganhando dinheiro com essa indicação! Mas estou ganhando capital simbólico...