sábado, 30 de julho de 2011

ASSIM É SE LHE PARECE



Honório de Medeiros 

                                      Alexandre, o Grande, tinha duas opções: tentar desatar o famoso “nó Górdio” e, em o tentando, jogar as regras do jogo até então existentes, ou fazer como ele fez: criar novas condições através das quais fosse obtido um resultado aceitável. Não houve hesitação. Com um golpe de espada o conquistador do mundo cortou o nó ao meio.

                                      Colombo colocou a questão: como fazer para colocar um ovo em pé? Mais uma vez era necessário que as regras do jogo, como postas, fossem transcendidas. Caso contrário, o problema persistiria “ad aeternum”. Ninguém conseguiu, mas ele mostrou como: quebrou o ovo e o colocou em pé.

                                      Se você é convidado a entrar em uma situação na qual as regras do jogo estão definidas e as aceita tal e qual lhe foram apresentadas, do ponto de vista estratégico seu adversário está com a iniciativa e dita o ritmo da partida. Não há como ser diferente. E essa vantagem é tão significativa, principalmente por que a maioria das vezes ditada por especialistas, que é difícil não acreditar na própria derrota.

                                      No mundo da política os atos e fatos acontecem como se todos os envolvidos estivessem jogando um jogo. Na realidade, é um jogo. E existem profissionais altamente capacitados nesse jogo, como em qualquer outro. E o jogo é tão duro, tão inclemente, tão complexo, que não é para qualquer um.

                                      Em certas situações, os perdedores de um determinado embate eleitoral em pouco tempo assenhoreiam-se da vitória do adversário. É quando o vencedor, embora vitorioso, cai no canto de sereia que seus adversários preparam e em pouco tempo está dançando a música que eles querem, no ritmo que desejam.

                                      Pense bem, amigo leitor: com a vitória eleitoral de Lula, o que as elites brasileiras perderam? Os tubarões financeiros internacionais deixaram de receber os mega-juros da dívida externa brasileira? Os bancos deixaram de obter lucros estratosféricos? Os verdadeiramente pilantras endinheirados estão pagando impostos ou na cadeia? Agora conclua: é ou não é verdade que Lula ganhou a eleição e os tubarães do capital financeiro continuam no Poder?

                                      A saída é agir como Alexandre, o Grande. Ou como Colombo. Embora em casos assim, no concreto, se torne mais difícil realizar esse salto de qualidade por que é preciso ser possuidor – o líder – de uma idéia de onde e como se chegar. Guardando as proporções, é algo como uma revolução: o líder diria – não aceito que me imponham essas regras, por que o povo me elegeu para criar outras!

                                      A verdade é que, no caso de Lula, por exemplo, ele não tem qualquer grandeza. Deram-lhe as roupas de rei, mas em pouco tempo ficou provado que elas eram muito, mas muito maior que a maior das esperanças a seu respeito. Ele apenas quis o Poder e sequer soube como mantê-lo decentemente. Lula poderia ter feito as grandes reformas que o Brasil clama há tanto tempo. Mas não. Optou, por um misto de esperteza de botequim misturada com filosofia de para-choque de caminhão, em apoiar uma única política pública consistente – o pagamento dos juros escorchantes da dívida externa. Mostrou-se pequeno, muito pequeno. Tão pequeno que chega a ser ridícula sua forçada comparação com JK que, para o bem ou para o mal, ousou criar as regras do jogo.


                                      Vamos ver o que dirá a história.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

FRANÇOIS VILLON (1431 - 1463?)


Sou coisa leve,
Como a folha da qual zomba o furacão.

...



Como o batel vagando sem piloto,
Como um pássaro errante pelos caminhos do ar,
Não me fixam nem as tintas nem as cordas.

...

A beleza das moças feriu meu peito.
As que não posso tocar, eu as possuo de coração.