Crises são portas que se abrem, às vezes de forma barulhenta. Movem o mundo e as pessoas. Tiram-nos do nosso conforto. Aguçam nosso corpo e mente. Precisamos, apenas, não sermos dominados. Ao contrário, devemos aprender com elas. Rever nossas prioridades. Às vezes tomarmos outros caminhos inesperados e desconhecidos. Lutarmos pela paz interior.
sexta-feira, 26 de julho de 2024
quinta-feira, 25 de julho de 2024
A VIDA COMO ELA É
Na Rue de Lutèce, entre o Boulevard du Palais e a Rue de La Cité, em algum lugar conhecido por muitos poucos, o literário “La Mémoire de L'homme” cumpre sua missão de preservar histórias abandonadas pela humanidade.
Da mesma forma, por outro ângulo, na Barcelona gótica (Barri Gòtic), o “Cemitério dos Livros Esquecidos”, do qual nos deu conta Carlos Ruiz Zafón na bela tetralogia "A Sombra do Vento", arquiva, em seus infinitos desvãos, tudo quanto a loucura e a sanidade dos homens ousou escrever ao longo do tempo e terminou encaminhado às traças.
Também alberga essa missão a Biblioteca de Babel, descrita por Jorge Luis Borges em "Ficções", de 1944, que nos fala do mundo constituído por uma biblioteca sem fim, que abriga uma infinidade de livros possíveis e impossíveis, e que somente o gênio do argentino foi capaz de nos persuadir de que sua existência é fictícia.
São histórias abandonadas tais quais aquelas vividas pelo velho militar a quem deu tempo e voz Alain de Botton em "Nos Mínimos Detalhes": “Ele não tinha nenhum biógrafo para recolher suas palavras, para mapear seus movimentos, para organizar suas lembranças; ele estava vazando sua biografia para o interior de inúmeros receptores, que o ouviam por um momento, e então lhe davam uma pancadinha no ombro, e partiam para suas próprias vidas. A empatia dos outros era limitada às exigências do dia de trabalho, e assim ele morreu deixando fragmentos de si dispersos casualmente em meio a uma caixa de cartas esmaecidas, fotografias sem legenda reunidas em álbuns de família e histórias contadas a seus dois filhos e a um punhado de amigos que marcaram presença no funeral em cadeiras de rodas”.
É a vida, tal como é.
terça-feira, 23 de julho de 2024
TODOS QUEREM O PODER
Biguás. Predadores. Agem em grupo. Dois vão à frente espanando a água e conduzindo os peixes para a beira do açude, e o restante faz a colheita. Em seguida esses dois vão à forra. Alternam-se entre eles. Expulsam seus competidores primeiro alertando-os com um grito rouco, que lembra o ronco dos porcos. Depois atacam em revoada. Cisnes, galinhas d'água, marrecos, ficam com as sobras. Quando os bárbaros invadiram os domínios do império romano, agiram da mesma forma, lá pelo século V depois de Cristo. Lembrei-me de Konstantino Kaváfis e seu belo poema: "À Espera dos Bárbaros". Hoje em dia, são os consórcios de poder que assim agem, seja qual seja a cor de suas bandeiras. São diferentes entre si, mas iguais nos propósitos. Sempre foi assim. Tal qual os Biguás, todos querem, mesmo, é tomar e manter o Poder.
Cerro Corá, 14 de fevereiro de 2024.
domingo, 21 de julho de 2024
Étienne de La Boétie
Étienne de La Boétie
* Honório de Medeiroshonoriodemedeiros@gmail.com
@honoriodemedeiros