quarta-feira, 17 de julho de 2013

QUANTO AO EXERCÍCIO DO CETICISMO SADIO

Honório de Medeiros
                              
 
                           Não esqueçamos que nossas afirmações, se disserem respeito ao que são as coisas ou aos fenômenos, somente podem ser consideradas verdadeiras ou falsas quando submetidas a testes. Uma afirmação tal qual “Fulano pesa 100 kg” somente será verdadeira ou falsa se pesarmos Fulano; assim também uma afirmação tal qual “o aumento excessivo de impostos induz a sonegação” somente será verdadeira ou falsa se realizarmos uma pesquisa de natureza estatística para constatarmos ou não a veracidade dessa hipótese.

                        Se não pudermos testar nossas afirmações elas são consideradas juízos de valor. Neste caso tais afirmações não dizem respeito ao que são as coisas ou fenômenos, mas dizem respeito ao que queremos ou acreditamos que elas sejam. Assim o é também em relação a valores como amor, ódio, justiça, paz, e assim por diante, que estão fora da análise científica. Uma afirmação semelhante a “O Direito no ano 3000 não existirá” não é possível ser testada; assim também uma afirmação tal semelhante a “O Direito é um instrumento para alcançarmos o Justo” tampouco pode ser testada. Ambas são afirmações retóricas. Neste exemplo específico é bom sempre reiterar que não existe um Justo-Em-Si-Mesmo: ele é sempre construção do Homem e é modificado de acordo com as circunstâncias históricas.

                        Trata-se, no texto acima, de epistemologia básica e lógica primária apresentada de forma esquemática.  Evidente que a questão é bastante complexa em si mesma e a esse respeito já foram escritos rios de tinta.

                        Entretanto é importante esse conhecimento esquemático prévio para o exercício do ceticismo sadio, da crítica metódica. Com esse exercício nos capacitamos a questionar as afirmações retóricas constantes da literatura pseudo-científica em qualquer área, os textos inchados de forma e vazios de conteúdo, os discursos supostamente eruditos que surfam nas superfícies das coisas e dos fenômenos. E nos tornamos menos dependentes da opinião dos outros.

                        Para quem navega no nada, se é que no nada se navega, já é muita coisa...

 

2 comentários:

Luiz Melo disse...

Mestre Honório, o problema de se agir assim é que a pessoa passa a ter o trabalho de pensar. E para alguns, como dizia meu saudoso amigo Carlão, parece que pensar dói.
Aqui fico no aguardo de uma continuação, de preferência aprofundado a questão, deste texto. É sempre bom ter a oportunidade de continuar aprendendo com o senhor.
Abraço,
Luiz Roberto

luizrobertomelo@hotmail.com

jbsouto disse...

Professor,não há senso crítico as pessoas julgam com base em palpite e discutem sem nenhum embasamento todos os assuntos.Acreditam em tudo e não duvidam de nada ou vice versa.