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terça-feira, 8 de março de 2022

DO PERMANENTE NO IMPERMANENTE

 * Honório de Medeiros (honoriodemedeiros@gmail.com)


No monumental Musashi, de Eijy Yoshikawa, o "santo da espada" diz: "Ao mesmo tempo, um jovem tem o péssimo hábito de achar que não pode realizar seus sonhos no lugar onde está, e de sempre buscá-los por caminhos distantes. Grande parte dos preciosos dias da juventude se perde nessa insatisfação."

Lembrei-me, então, de um trecho há muito tempo lido em Sêneca. Está no Da Tranquilidade da Alma: "Uma coisa sucede a outra, e os espetáculos se transformam em outros espetáculos. Como disse Lucrécio: 'Desse modo, cada um foge de si mesmo'. Mas em que isso é proveitoso, se, de fato, não se foge? Seguimos a nós mesmos e não conseguimos jamais nos desembaraçar de nossa própria companhia".

Ou seja, busquemos o permanente no impermanente.

Em tempos de "vida líquida", como a denomina Zygmunt Bauman, no qual o evanescente é a essência das coisas, buscar o permanente no impermanente pode parecer uma quimera arcaica.

Entretanto se não nos dedicamos a tal por intermédio da submersão em si mesmo, outra coisa não fazemos quando investimos no conhecimento que nos possa trazer o "Grande Colisor de Hádrons".

Lá os cientistas buscam exatamente essa quimera arcaica ao fragmentar a tessitura da realidade.

O que acontecerá quando tudo for compreendido?