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Este
texto não é meu, copiei de um colega no Facebook, mas concordo em gênero,
número e grau com o texto:
O
brasileiro se levantou contra toda essa corrupção e violência. Um senso de
indignação generalizado, de já ter tolerado demais, apanhado demais.
Mas se
você foi à manifestação e usa carteirinha de estudante para ter meia-entrada,
mas não é estudante, você é parte do problema. Você não tem moral para reclamar
da corrupção deste país. O nome disso é hipocrisia.
(Reclame
mesmo assim, por favor, porque são dois problemas diferentes.)
Se você
joga bituca de cigarro no chão, você trata a cidade como o seu lixo particular.
Mas a cidade é de todo mundo. As ruas estão nojentas e a culpa é sua.
A
manifestação é contra você.
Se você
fura fila de banco, de carro etc.
A
manifestação é contra você.
Ah, você
é ciclista, todo orgulhoso de ser sustentável, um carro a menos, menos trânsito
e CO2. Você reclama da opressão do carro, mais forte, contra a bicicleta, o
mais fraco. Mas você não para no sinal. Não respeita a faixa de pedestres. Você
até anda na calçada, tornando-se o opressor do pedestre.
Não se
iluda: a manifestação é contra você.
Você leva
o cachorro para passear e não recolhe o cocô. Ninguém admite, mas o resultado
está aí: nossas calçadas são um mar de merda. Calçada não é a privada do seu
totó.
A
manifestação é contra você.
Você joga
papel no chão, e não faltam desculpas para não fazer o que é certo. Essa merda
de prefeitura que não instala lixeiras, né? Ou, saída de estádio, você toma uma
cerveja e joga a lata por aí. Ah, todo mundo estava jogando. Depois vem o cara
limpar. A responsabilidade não é do estado. É sua. E você, manifestante, não
pode se esquivar a ela nos outros 364 dias da sua vida.
A
manifestação é contra você.
Se você
copia textos da internet, não indica a fonte e entrega ao professor dizendo que
é de sua autoria...
A
manifestação é contra você.
Você não
cumprimenta o porteiro. Você exagera horrivelmente no perfume e invade o nariz
do outro. Você dirige bêbado. Você põe um escapamento superbarulhento na sua
moto, que dá para ouvir a quarteirões de distância, incomoda todo mundo e
compra um capacete que ajuda a isolar o som. Você obriga todo mundo do ônibus a
ouvir a sua música. Você suborna o guarda ou qualquer outro serviço público. Ou
ainda, você escreve textos como este, apontando o dedo contra delitos que já
cometeu ou ainda comete, achando que dedo em riste exime você da
responsabilidade.
Você é
parte da violência. Você é parte da corrupção. Se você não mudar, o país não
vai mudar. Mas não adianta todo mundo apenas demandar que “o poder” conserte as
coisas. Quer mudar o país? Não esqueça de mudar a si mesmo, e pagar o preço da
mudança, como um adulto.
Então,
vai pra rua, que estava na hora. Mas não esquece: a manifestação é contra você.
*Inspirado
em um texto lindo e corajoso da Duda Buarque.
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