segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

RUI AZEREDO PERGUNTOU, ENRIQUE VILA-MATAS RESPONDEU



Enrique Vilas-Mata

Rui Azeredo, jornalista e revisor literário e agora “bloguista” (http://portalivros.wordpress.com/). Foi durante treze anos jornalista em “O Comércio do Porto”. Passou por várias secções e quando o jornal fechou em 2005 era sub-editor de “Cultura”. Já agora, quando o “Comércio” fechou, em 2005, foi trabalhar para as Edições ASA como revisor. Hoje em dia é revisor literário “freelancer”:

"Enrique Vila-Matas, entre outras obras, é o autor de “O Mal de Montano” (Teorema), uma obra que vagueia entre o diário íntimo e o romance, a viagem sentimental, a autoficção e o ensaio. Acima de tudo é um livro sobre literatura, uma homenagem à literatura em todas as suas vertentes. Trata-se de uma obra difícil de classificar, já que tão depressa se está dentro do pensamento do narrador como se passa para a descrição de uma viagem. O escritor catalão explicou a génese e, de certa forma, o conteúdo de “O Mal de Montano.

Rui Azeredo - O seu romance “O Mal de Montano” é absolutamente original e inovador. Foi algo predefinido ou essa já era a ideia inicial?

Enrique Vilas-Mata - Telefonaram-me para casa de uma instituição de Madrid chamada Fundación de Ciencias y de la Salud, da qual nunca tinha ouvido falar. Queriam convidar-me para uma conferência sobre “literatura e doença”. Ouvi as suas repetidas mensagens no gravador do telefone, mas não queria responder porque pensei que era uma instituição que pretendia que fosse a Madrid para me convencer a deixar de fumar. Assustavam-me. Enviaram-me uma carta a dizer que me pagavam para fazer a conferência. Nunca me tinham oferecido tanto dinheiro por uma intervenção de uma hora. Aceitei, mas não sabia de que doença haveria de falar. Uma amiga disse-me para falar de literatura e loucura. Decidi falar de literatura e de alguém que sofria da doença de literatura, que não podia viver sem ela. Era alguém o mais oposto possível a um “Bartleby”, ou seja, o mais oposto a alguém que deixou de escrever ou de se interessar apaixonadamente pelo literário. A conferência – quinze páginas – foi dando origem ao livro, sobre o qual ignorava tudo quando comecei a escrevê-lo."

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