quarta-feira, 29 de abril de 2020

DE SER OU NÃO ALIENADO

* Honório de Medeiros

"A verdade é filha da discussão, e não da simpatia" (A Filosofia do Não, Gaston Bachelard) 

Ausentar-se de si mesmo e viver a realidade do(s) outro(s), não aquela em-si-mesma (coisas ou fatos), que é extensão do Ser, projeção de como a percebemos, na justa medida em que, no limite último de cada coisa ou fato observado está uma ideia ordenadora da realidade.

"No princípio era o Verbo" (João, 1). 

Essa ausência de si denominamos alienação. 

Se de mim me ausento não apreendo o Outro, apenas percebo nossas sombras a se moverem na parede de uma caverna existencial onde estamos prisioneiros, como na célebre alegoria de Platão em "A República".

Tudo, então, é aparência. 

Não por outra razão o "conhece-te a ti mesmo", de Sócrates. 

Conhecermo-nos a nós mesmo implica em dizer não à aparência, a duvidar daquela sombra na caverna. 

Somente estamos livres da ilusão quando ousamos dizer não ao que nos aprisiona, nos acorrenta, nos impede de perceber a realidade como de fato ela é. 

Ser ou não ser alienado, na verdade, é Conhecer ou não Conhecer, eis a questão, eis o caminho.

Por isso nos provoca Bachelard: "o conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão".

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