* Emails para honoriodemedeiros@gmail.com
* Respeitemos o direito autoral. Em conformidade com o artigo 22 da LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências,pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.
Na verdade, a Retórica é uma técnica para
a obtenção e manutenção do Poder.
Muito além de uma mera técnica de
persuasão, como propõem alguns teóricos. A persuasão é, apenas, uma das faces
da Retórica, tal como a manipulação ou a sedução.
A Retórica pressupõe a existência, em
polos distintos, de alguém a almejar que o Outro faça ou deixe de fazer algo.
Há uma tentativa de circunscrever a
Retórica ao espaço da persuasão, que ocorre quando o Outro cede, por vontade
própria, posto que convencido, à vontade do persuasor.
Nada menos verdadeiro: na tentativa
de persuasão do Outro, em ocorrendo, por mais ética que seja, a vontade do persuasor se impôs à do persuadido,
alterando sua percepção das coisas e dos fenômenos.
Como a ninguém é dado a primazia de
saber o que é certo ou errado, se o Outro é persuadido sem que isso tenha
ocorrido por si mesmo, sem interferência externa, então temos, mesmo quando
inconscientemente, uma imposição de vontade.
Evidente que no mundo das verdades da
ciência não se há que falar em persuasão: aqui a demonstração lógica se impõe
por si mesma.
Na persuasão, a ocultação
inconsciente da intenção de imposição da vontade do persuasor pressupõe, na
maioria das vezes, uma crença, a fé nos próprios desígnios de quem persuade, mas
nem sempre é assim.
Aquele que tenta persuadir não raro o
faz deliberadamente, querendo influenciar o Outro a modificar sua vontade. Em
tese, seria esse um dos alicerces da Democracia.
A manipulação, por sua vez, é
"la bête noire" da Retórica. O propósito a ser obtido é escuso. Aqui
não há limite ético quanto à intenção da alteração da vontade do Outro.
Assim ocorre, também, no que diz
respeito à sedução.
Qual a diferença entre manipulação e
sedução? Sutil. Somente pode ser percebida por intermédio da introdução da
noção de “vontade”.
Essa noção, segundo Hannah Arendt[1], foi introduzida na
discussão filosófica por intermédio de São Paulo, em sua famosa Carta aos
Romanos. E, através dela, podemos entender por que o “eu quero” nem sempre
corresponde ao “eu consigo”.
Ou seja, minha razão pode determinar
claramente o rumo a ser seguido, entretanto não consigo me colocar em
movimento.
Na manipulação[2], a razão e a vontade
do Outro, enganado, aderem à vontade do persuasor; na sedução, a razão é contra,
mas cede por não ter forças para a recusa.
Na sedução o Outro não é enganado e
não muda sua percepção das coisas ou fenômenos, entretanto não consegue
resistir ao sedutor.
Seja persuasão, seja manipulação,
seja sedução, todas são instrumentos da Retórica, que é uma técnica de obtenção
e manutenção do Poder, e têm, como objetivo, fazer com que a vontade de quem a
utiliza influencie, seduza ou manipule, no sentido de alterá-la, as ações do
Outro.
[1] Responsabilidade e Julgamento; ARENDT,
Hanna.
[2] Justiça versus Segurança Jurídica e Outros
Fragmentos; de MEDEIROS, Honório.
Nenhum comentário:
Postar um comentário