Ministro do STF Ricardo Lewandowski
QUAL É A DELE?
Mensalão: o atalho para desmoralizar o Supremo, por Augusto Nunes
Blog de Augusto Nunes
Revisor do processo do mensalão, que se arrasta no Supremo Tribunal Federal
desde agosto de 2007, o ministro Ricardo Lewandowski ainda não concluiu o
parecer que começou a ser digitado em dezembro, mas está pronto na cabeça há
cinco anos.
Relator do pedido de inquérito contra o senador Demóstenes Torres, precisou
de algumas horas para autorizar a solicitação da Procuradoria Geral da República
e determinar a quebra do sigilo bancário do parlamentar goiano.
Surpreendido pela demonstração de agilidade, o Brasil decente sente-se à
vontade para exigir, como registrei no comentário de 1 minuto para o site de VEJA. que o revisor
Lewandowski trabalhe com a mesma rapidez do relator Lewandowski.
Como sabem até os cabides das togas, os 38 mensaleiros só se sentarão no
banco dos réus ainda em 2012 se o ministro terminar o serviço até 15 de maio.
Ultrapassada essa data, os 38 envolvidos com a organização criminosa chefiada
por José Dirceu só serão julgados em 2013.
É com isso que sonham os protagonistas do maior dos escândalos do Brasil
republicano, que seriam presenteados com três motivos para dormir sem
sobressaltos.
Primeiro: o governo e a base alugada escapariam do desgaste provocado pela
exumação, em plena temporada eleitoral, das incontáveis delinquências promovidas
por pecadores da aliança governista envolvidos na roubalheira colossal.
Segundo: os meliantes teriam consideravelmente ampliada a chance de
beneficiar-se do mecanismo da prescrição.
Terceiro: atingidos pela aposentadoria compulsória, os ministros Cezar Peluso
e Ayres Britto estariam fora do julgamento. Gente com culpa no cartório não se
dá bem com juízes que votam de acordo com fatos.
Nas páginas amarelas de VEJA, Ayres Britto, que assumirá neste 19 de abril a
presidência do STF, deixou claro que só falta o parecer do revisor para que o
caso chegue ao desfecho.
Lewandowski pode votar como quiser. Pode absolver os chefes da quadrilha “por
falta de provas”. Pode enfileirar pretextos para explicar o inexplicável. Pode
até tentar induzir o restante do STF a “amaciar para Dirceu”. Mas não tem o
direito de retardar o epílogo de uma história que começou há sete anos.
Como informa o texto sobre a campanha batizada de “Missão Ampulheta”,
publicado na seção Feira Livre, Lewandowski logo saberá oficialmente que os
brasileiros decentes têm pressa.
É preciso obrigá-lo a cumprir seu dever. É preciso, sobretudo, alertá-lo para
o tamanho do perigo: quem conduz um processo pelo caminho mais demorado acaba
descobrindo que percorreu o atalho mais curto para a desmoralização do
Supremo.
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