quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

COSTA PRECISA SER CANDIDATO!



O candidato

Por Honório de Medeiros

Costa está com os olhos fulgurantes de felicidade: brilham eles arregalados pela adrenalina que JR, perfidamente, faz o sistema orgânico injetar no seu sangue ao lhe falar, às vezes arrebatadamente, às vezes melifluamente, que o patamar da riqueza já foi alcançado, falta o do poder político, que lhe está naturalmente destinado por que ele foi, é, e será um vencedor, na justa medida em que construiu sua própria história. Agora o Estado todo precisa tomar conhecimento dessa trajetória e usufruir do seu talento. Costa titubeia e expõem algumas fracas objeções. Nada sério. Nem ele mesmo quer acreditar nessas objeções. As imagens de uma possível derrocada, um desastre, são dilaceradas por outras mais vibrantes, cheias de vida, nas quais o povo, alucinado, ergue as mãos em sua direção como se seu futuro dele dependesse, como uma cópia viva da estátua de péssimo gosto, aos moldes do realismo socialista stalinista cravada no centro de Mossoró, em frente à Matriz, de um seu filho morto tragicamente em um acidente aéreo, na qual o finado olha para o infinito enquanto, em um piso abaixo, o povão, com o semblante de quem está em algum dos infernos de Dante, olha para ele e clama por um lugar no Paraíso.

JR, jornalista, publicitário, é envolvente e conta com alianças táticas entre os presentes na mesa do shopping para desenvolver seu aliciamento ou diversão. Ou os dois. Alianças essas costuradas ao longo de uma convivência nascida nos patamares da Igreja que lhe viu crescer, cevada nos bancos escolares, curtida nas esquinas da vida. Costa é de outra geração e está só, é uma ilha cercada de malandros. As serpentes que o isolam e chamam sua atenção, em um jogo infernal cuja melhor expressão é a famosa tática do urso e do texugo, no qual um bate e o outro lambe a pancada, entendem-se com um olhar. Palavras entre elas, as serpentes, quase não são necessárias: a mesa está posta, o baralho é conhecido, as regras do jogo são as mesmas de sempre, o alvo está definido, falta apenas o abate, após o enredamento com a malha cuja tessitura é constituída da mais fina vaidade, esse defeito ou qualidade que satanás entregou aos astutos para fazerem cair os soberbos.

O processo segue seu curso normal: “quem”, pergunta JR, “dentre esse pessoal que está aí”, diz ele enquanto as mãos, através dos dedos indicadores, passeiam por um horizonte indefinido e circular, “possui um perfil igual ao seu? Quem pode bater com as mãos no peito e dizer: eu me fiz sozinho, sem parentes, sem compadres, sem golpes de sorte, sem políticos que me ajudassem; com todos lidei na arena dos negócios sem receber concessões; com todos travei a dura luta pela sobrevivência? Ninguém.” Estabelece-se um silêncio dramático e estratégico. JR prossegue: “e digam para mim, não é este o momento certo para uma ruptura dentro das regras?” Entenda-se o “ruptura dentro das regras”: Costa pode ficar tranqüilo que mesmo sendo a dele uma candidatura fora dos padrões aos quais os políticos locais aderem desde ontem e sempre, não haverá, da parte dele, intenção de ser hostil a quem quer que seja para não causar sobressaltos inadministráveis. “Perfeito” lembra um dos ofídios. “Certíssimo”, diz outro. Um, ainda, do grupo, serve de contraponto, para reforçar o enredamento: “mas para isso ele terá que gastar muito”. Costa se sobressalta. Como todos quantos se fizeram sozinhos, é muito seguro do paraíso que conquistou. “Ora, ora”, diz JR. “Que diabo de campanha será essa na qual o candidato gastará seu dinheiro? Negativo. Alguns, escolhidos a dedo, gastarão por ele.”

É a felicidade, vê-se nos olhos de Costa. E o ofidário se regojiza. O que mais se há de fazer em uma tarde modorrenta senão essa imensa onda? Esse imenso cerco e abate? Costa tem que ir embora. Assume compromissos vagos, aperta a mão de cada um, levanta a cabeça, despede-se e vai, a borboletear cumprimentos aqui e ali, enquanto na mesa recém-abandonada, a aposta geral é que o medo de dar um passo maior que a perna vai fazer o projeto durar tanto quanto o efeito da cerveja no sangue: quase nada.



terça-feira, 15 de dezembro de 2009

SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ: GENOCÍDIO ESQUECIDO!



Beato Zé Lourenço

"No CEARÁ, para quem não sabe, houve também um crime idêntico ao do “Araguaia”, contudo em piores proporções, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato JOSÉ LOURENÇO, seguidor do padre Cícero Romão Batista.
A ação criminosa deu-se inicialmente através de bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como feras enlouquecidas, como se ao mesmo tempo, fossem juízes e algozes.
Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará foi de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO / CRIME CONTRA A HUMANIDADE é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira bem como pelos Acordos e Convenções internacionais, e por isso a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que sejam obrigados a informar a localização exata da COVA COLETIVA onde esconderam os corpos dos camponeses católicos assassinados na ação militar de 1937.
Vale lembrar que a Universidade Regional do Cariri – URCA, poderia utilizar sua tecnologia avançada e pessoal qualificado, para, através da Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa – PRPGP, do Grupo de Pesquisa Chapada do Araripe – GPCA e do Laboratório de Pesquisa Paleontológica – LPPU encontrar a cova coletiva, uma vez que pelas informações populares, ela estaria situada em algum lugar da MATA DOS CAVALOS, em cima da Serra do Araripe.
Frisa-se também que a Universidade Federal do Ceará – UFC, no início de 2009 enviou pessoal para auxiliar nas buscas dos restos dos corpos dos guerrilheiros mortos no ARAGUAIA, esquecendo-se de procurar na CHAPADA DO ARRARIPE, interior do Ceará, uma COVA COM 1000 camponeses.
Então qual seria a razão para que as autoridades não procurem a COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO? Seria descaso ou discriminação por serem “meros nordestinos católicos”?
Diante disto aproveitamos a oportunidade para pedir o apoio de todos os cidadãos de bem nessa luta, no sentido de divulgar o CRIME PERMANENTE praticado contra os habitantes do SÍTIO CALDEIRÃO, bem como, o direito das vítimas serem encontradas e enterradas com dignidade, para que não fiquem para sempre esquecidas em alguma cova coletiva na CHAPADA DO ARARIPE.
Para que as vítimas ou descendentes do massacre sejam beneficiadas pela ação, elas devem entrar em contato com a SOS DIREITOS HUMANOS para fornecerem por escrito e em vídeo seus depoimentos sobre o período em que participaram da comunidade do Caldeirão, sobre como escaparam da ação militar, e outros dados e informações relevantes sobre o evento."
Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – (85) 8613.1197 – (85) 8719.8794
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS

CARGO PÚBLICO



Scott Turow

"Ou se tem prominência profissional ou ligações políticas. Não se pode simplesmente chegar e sentar" ("Acima de Qualquer Suspeita"; Scott Turow).

ISAIAS ARRUDA, CORONEL CARIRIENSE, DÉCADA DE 20


Gentileza de Célia Magalhães

Coronel Isaias Arruda, junto com Massilon Leite, planejou o ataque a Mossoró do bando de Lampião, em 1927

MISSÃO VELHA: O TEMPO PASSADO E O TEMPO PRESENTE


Missão Velha, Ceará, Sertão profundo

Por Honório de Medeiros

A memória de Isaías Arruda insiste em vencer o tempo e a apatia geral do brasileiro com sua história, e aos poucos se transforma em mito na cidade que tomou pelas armas e onde exerceu seu poder de senhor feudal até a morte viesse buscá-lo da mesma forma como viveu: violentamente. Continuo relatando para Antônio Gomes o resultado da viagem ao Cariri. “Estamos em Missão Velha”, continuo. “Enquanto vagávamos no entorno da pequena praça principal fomos abordados e depois apadrinhados por Esly Almeida Melo, da velha aristocracia rural caririense e sua tradicional atenção sertaneja. Seu Esly, aposentado, filhos criados e no mundo, descia ou subia – depende do referencial – a pé, limpo, perfumado, barba feira, cabelos na brilhantina, bem vestido, em busca da Matriz para ‘puxar um terço’. Simpático, conversador, piadista, tornou-se nosso cicerone e historiador informal e foi o maior responsável pela obtenção, quase milagrosa, através das mãos da professora e escritora Célia Magalhães, de uma fotografia dos anos 20 onde Isaías Arruda, ao lado de vários outros, todos de paletó claro, diferencia-se pela altura, a trigueirice e o porte altivo. Ali estava aquele que foi, juntamente com Massilon Leite, o responsável pela invasão de Mossoró por Lampião.

Célia Magalhães é bem jovem, foi Secretária de Educação de Missão Velha e escreveu acerca dos ex-prefeitos da cidade. Ela e seu Esly levam-nos até a senhorial residência de Luís Jucá Arraes Maia, primo de ex-governador de Pernambuco já falecido, Miguel Arraes. Luis Maia é considerado o “intelectual” de Missão Velha. Já quase não fala e anda em decorrência de uma trombose. Mostra-nos sua coleção de selos e moedas antigas avaliada, por baixo, em mais de seiscentos mil reais. Já foi procurado por colecionadores do mundo inteiro. Enquanto ele se comunica precariamente com o Professor Pereira, que nos acompanha desde Cajazeiras, tento invadir com o olhar curioso os segredos daquela casa mais que centenária, ilhada por construções muito antigas – sobrados geminados com janelas avarandadas que se abrem afastando-se cada banda para um lado, e separadas da rua por uma grade de proteção de ferro batido ornamentada com flores-de-lis estilizadas. Não consigo. O sertanejo abre todas as portas de sua casa aos estranhos bem recomendados, mas conservam fechados, a sete chaves, as portas de sua intimidade. Mesmo assim posso compreender até fisicamente a dor da castelã quando me fala que há mais de quarenta anos está desterrada ali, em Missão Velha, longe da família, dos filhos, do bulício da cidade grande, do mar, de tudo quanto ama, pois há o dever de ir, até o fim, no compromisso que assumiu ao pé do altar. ‘A pior fase’, disse-me ela, ‘foram os três anos que passei enterrada no sítio.’ Como não ser capaz de compreender essa sensação que acomete aqueles que condenados ao ritmo lento da cidade pequena – cinza vida cinza – anseia pela febril velocidade da cidade grande?

O verde do Cariri, um verde que se destaca pelo imenso contraste com o semi-árido dos carrascais, poeira, sol-a-pino, grotões que havíamos deixado um pouco antes... A mansão feudal de Isaías Arruda, na qual há, inclusive, sala-de-armas e passagem subterrânea. A estação de trem, palco de tantos episódios históricos. Em uma delas, similar, em Aurora, Isaías tombou ferido de morte após levar, sem reagir, vários tiros desfechados por inimigos políticos seus. O prédio da Prefeitura por ele construída. A misteriosa história acontecida na casa onde hoje funciona a Secretaria de Educação. Os escombros de um passado já longínquo, mas presente, ainda recendendo a pólvora, sangue, baraço e cutelo da aristocracia rural sertaneja firmada em um ancestral código de honra. Os ‘cabras’, os jagunços, os cangaceiros. A Igreja legitimadora e terrena, profana, com seus representantes abençoadores de bastardos e assassinos, semeadores de filhos e ilusões, testemunha engajada da vilania com a qual o povo, deserdado de clima, de poder, de bondade, carrega consigo, como última esperança, o paraíso que lhe foi prometido e do qual não se sabe se realmente vai ser entregue.”

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

DEFESA DE TESE NA UFRN

O Professor Lemuel Rodrigues da Silva defende, dia 18 próximo, às 14:00 horas, no Auditório de Ciências Sociais, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sua tese ao doutoramento.

O título é: “O DISCURSO RELIGIOSO NO PROCESSO MIGRATÓRIO PARA O CALDEIRÃO DO BEATO JOSÉ LOURENÇO”.

A banca examinadora será presidida pelo Professor Orivaldo Pimentel Lopes Jr., da UFRN, e integrada por professores da própria UFRN, Universidade Federal de Pernambuco e URCA.


AMOR E PAIXÃO



Honoré de Balzac

"O amor e a paixão são dois diferentes estados d'alma, que os poetas e a gente mundana, os filósofos e os tolos confundem continuamente. O amor importa uma maturidade de sentimentos, uma certeza de gozos que coisa alguma pode alterar, uma troca muito constante de prazeres, uma completa e excessiva aderência que não exclui o ciúme. A posse é então um meio e não um fim; uma infidelidade faz sofrer, mas não separa; a alma não se vê nem mais nem menos ansiosa ou inquieta, sente-se invariavelmente feliz; o desejo, enfim, espalhado por um sopro divino de uma ponta a outra da imensidade do tempo, tinge-nos todo ele de uma só cor, a vida é azul como o céu puro" ("A Comédia Humana"; Honoré de Balzac).

PERGUNTEI A ADRIANO DE SOUSA



Adriano de Sousa, no meio.

Perguntei a Adriano de Sousa:

"Quais os três maiores escritores norteriograndenses (literatura) de todos os tempos?"

Adriano respondeu:

"Com prazer, Honório:

Jorge Fernandes, Alex Nascimento, Ferreira Itajubá.
Abraço, Adriano."

CLÁSSICO BALÉ



David Leite

Por David de Medeiros Leite

Para Alice

A bailarina faz plié
ao som de Chopin.

Rond de jambe a´ terre
Ao som de Schumann.

Battment fondu,
Ao som de Mozart.

Ritmados saltos e piruetas
sempre arrimada na arte delicada.

E quando ao público
reverência fazia,
uma emocionada
e quase imperceptível lágrima
suavemente tocou o verniz do tabaldo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O SUPREMO ATROPELA O DIREITO



Gilmar Mendes

O Supremo manteve a censura prévia ao Estadão.

Prevaleceu a “orientação” de Gilmar Mendes.

Que alegou serem invioláveis a honra e a intimidade do filho de José Sarney.

A honra e a intimidade individual não prevalecem contra o interesse público, Ministro!

Suspeita de lesão ao fisco, tráfico de influência, nepotismo, desvio de conduta ética são de interesse público, Ministro!

O povo tem o direito de saber! Está na Constituição!

Eventuais abusos são corrigidos pela legislação própria – penal e civil, Ministro!

E que não se fale em "decisão técnica". Acaso prevaleceu a técnica quando da concessão dos "Habeas" à Daniel Dantas?

Esqueceu ou atropelou, Ministro?

PAU DOS FERROS: UERN LANÇA EDITAL DE SELEÇÃO 2010 DO MESTRADO EM LETRAS

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UERN (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) faz saber que, no período de 25 de janeiro a 12 de março de 2010, estarão abertas as inscrições ao Exame de Seleção para admissão ao Curso de Mestrado em Letras, cuja Área de Concentração é ESTUDOS DO DISCURSO E DO TEXTO.
São 28 vagas distribuídas em duas linhas de pesquisa:

(i) Discurso, memória e identidade; e

(ii) Texto, ensino e construção de sentidos.

Informações completas sobre a Seleção 2010 podem ser obtidas:

(i) no texto abaixo;

(ii) no Edital anexo;

(iii) no site www.uern.br/mestrado/letras ou

(iv) pelo telefone: (84) 3351.2560 ou 2275 - falar com Secretaria do Mestrado em Letras.

Endereço eletrônico para contato e esclarecimentos de dúvidas: letras.pferros@mestrado.uern.br

O Curso de Mestrado em Letras da UERN é reconhecido e recomendado pela CAPES e apresenta um corpo docente de alta qualidade, com doutores formados em instituições de diversas regiões do Brasil, com experiência em desenvolvimento de pesquisas e em formação de recursos humanos na própria UERN e fora dela. Esse corpo docene é hoje formado por 15 pesquisadores com experiência na aprovação de projetos de pesquisa em agências de fomento nacionais e locais. Vários deles são, também, Bolsistas de Produtividade em Pesquisa e atua em cooperação com pesquisadores e grupos de pesquisa estrangeiros.

Devido a sua área interdisciplinar de concentração, em ESTUDOS DO DISCURSO E DO TEXTO, o Curso de Mestrado em Letras tem despertado o interesse de profissionais de diferentes áreas do conhecimento: Linguística, Língua Portuguesa, Línguas Estrangeiras Modernas e Clássicas, Literatura Brasileira e Estrangeiras, Pedagogia, Comunicação Social, Artes, Jornalismo, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Administração, Direito, História, Ciências Sociais, entre outras.

O grande encontro dessas áreas está exatamente no interesse pelo estudo dos discursos, pelas práticas discursivas inerentes à linguagem humana. Na descrição da própria área de concentração temos a abertura para esse encontro, o que é também um ponto forte desse Programa de Pós-Graduação: "Estudos sobre o discurso e o texto em diversas práticas discursivas, sob múltiplas abordagens teóricas, numa perspectiva interdisciplinar de construção do conhecimento na área da linguagem, em que os textos, como materialização dos discursos, possibilitam a investigação em diversos campos discursivos ".

Peço, portanto, ampla divulgação desse Edital de Seleção do Mestrado em Letras da UERN, para os interessados possam concorrer e freqüentar esse Curso.

Atenciosamente,

Prof. Gilton Sampaio de Souza

Diretor do CAMEAM/UERN

SÍNTESE DO EDITAL DE SELEÇÃO

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERN (PPGL) faz saber que, no período de 25 de janeiro a 12 de março de 2010, estarão abertas as inscrições ao Exame de Seleção para admissão ao Curso de Mestrado em Letras.

As inscrições serão feitas pelo interessado, pessoalmente ou por procuração, no horário de 8h às 12h e 14h às 17h, na secretaria do Programa, no campus Avançado “Profª. Maria Elisa de Albuquerque Maia”/UERN, Bairro Arizona, bR 405, Km 153, Pau dos Ferros/RN, CEP: 59900-000.

Serão aceitas inscrições pelo correio com remessa SEDEX e com data de postagem até 12 de março de 2010. Não serão aceitas inscrições em que estejam faltando documentos, quaisquer que sejam, dos listados no item II deste Edital.

I) DAS VAGAS

O PPGL oferece até 28 vagas para o Mestrado, distribuídas entre duas linhas de pesquisa:

a) Discurso, memória e identidade;

b)Texto, ensino e construção de sentidos.

II) DA INSCRIÇÃO

Serão aceitas inscrições, para o processo seletivo, de candidatos:

a) portadores de Diploma de Graduação em Letras, bacharelado ou licenciatura, obtido em instituições reconhecidas pelo MEC;

b) portadores de diploma de outros Cursos de nível superior, credenciados pelo Conselho Nacional de Educação, que, segundo avaliação do Colegiado, atendam aos objetivos do Curso;

c) portadores de diploma de graduação de instituições estrangeiras, que, segundo avaliação do Colegiado, atendam aos objetivos do Curso. A inscrição ao Exame de Seleção deverá ser feita em uma das linhas de pesquisa, de acordo com a orientação sobre os projetos nelas em desenvolvimento, divulgados na homepage (www.uern.br/mestrado/letras).

Para efetuar a inscrição, o candidato deverá apresentar os seguintes documentos:

a) comprovante de pagamento da taxa de R$ 80,00 (oitenta reais), depositado nominalmente, ou por transferência, na conta corrente UERN/MESTRADO EM LETRAS, nº 59.147-5, agência: 0036-1, do Banco do Brasil;

b) formulário de inscrição (disponível na homepage do PPGL);

c) 02 (duas) fotografias 3x4 recentes;

d) cópia autenticada do diploma de graduação plena ou, condicionalmente, documento que comprove ter concluído o curso de graduação antes do término do período de matrícula na Pós-graduação, de acordo com o calendário do PPGL;

e) cópia autenticada do histórico escolar;

f) cópia autenticada do RG;

g) cópia autenticada do CPF;

h) cópia autenticada do título de eleitor;

i) cópia autenticada da certidão de nascimento ou casamento;

j) cópia autenticada de documentos que provam estar em dia com obrigações militares, no caso de candidato brasileiro;

k) cópia autenticada de documentos que provam estar em dia com obrigações eleitorais, no caso de candidato brasileiro;

l) curriculum vitae (modelo plataforma lattes), com documentos comprobatórios;

m) 03 (três) vias impressas do projeto de dissertação, com linha de pesquisa definida.

III) DA PRÉ-SELEÇÃO

Caberá à Coordenação do PPGL a decisão sobre o deferimento dos pedidos de inscrição com base na análise da documentação apresentada e no atendimento a todos os itens descritos no item II.

O resultado dessa análise será divulgado na Secretaria e na homepage do Programa, de 13 a 19 de março de 2010. A documentação dos candidatos cujos pedidos de inscrição forem indeferidos, assim como a dos candidatos reprovados no exame de seleção, deverá ser requisitada dentro de no máximo 60 dias depois da divulgação do resultado final. Após este prazo será incinerada.

IV) DA SELEÇÃO

A seleção incluirá as seguintes etapas:

a) prova escrita específica eliminatória, elaborada de acordo com a bibliografia indicada (anexa ao edital) pelo Colegiado, para submeter-se às demais etapas do processo seletivo;

b) projeto de dissertação, com linha de pesquisa definida, de caráter eliminatório;

c) entrevista, de caráter eliminatório, em que o candidato será argüido sobre aspectos teóricos, conceituais e metodológicos do seu projeto de dissertação, levando-se em conta as instruções do Colegiado do Curso para a elaboração de projetos de dissertação;

d) análise do curriculum vitae (modelo plataforma lattes), de caráter classificatório.

V) DA AVALIAÇÃO

1. A Prova Escrita (valor de 100 pontos) avaliará: a) capacidade de argumentação, fundamentada teórica e/ou empiricamente, sobre questões propostas com base na bibliografia indicada em anexo (60 pontos); b) uso adequado de aspectos lingüístico-formais de expressão e de organização textual (40 pontos).

2. O Projeto de Dissertação (valor de 100 pontos) será examinado com base nos seguintes critérios: a) coerência interna do Projeto e sua adequação à linha escolhida (40 pontos) b) observância aos aspectos lingüístico-formais de expressão e de organização textual (20 pontos); c) conhecimento do suporte teórico adotado no projeto (30 pontos); d) viabilidade de realização no prazo de 02 (dois) anos (10 pontos).

3. A Entrevista (valor de 100 pontos) avaliará: a) capacidade de apresentar e justificar oralmente o projeto de pesquisa (30 pontos); b) capacidade de responder a questões específicas relacionadas ao tema do projeto de pesquisa (30 pontos); c) domínio da bibliografia indicada no projeto de pesquisa (20 pontos); d) afinidade com a área de concentração do Programa (Estudos do discurso e do texto) (10 pontos); e) disponibilidade e desejo do candidato para dedicar-se ao Curso de Mestrado (10 pontos); 4. A Análise do Curriculum Vitae (modelo plataforma lattes) (valor de 100 pontos) avaliará o candidato ao mestrado quanto à experiência profissional, com ênfase nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, na Educação Básica e Superior; à produção bibliográfica e técnica; e à participação em eventos científicos.

5. Proficiência em uma língua estrangeira, para candidatos brasileiros, e, em Língua Portuguesa, para candidatos estrangeiros, conforme Regimento do PPGL/UERN (disponível em www.uern.br/mestrado/letras). VI) DA APROVAÇÃO Serão admitidos ao Programa os candidatos que obtiverem média final igual ou superior a 70 (setenta) pontos em 100 (cem), no limite das vagas existentes, com média ponderada das duas provas referidas nos itens 1 e 3, sendo que a prova do item 1 terá peso 2 (dois) e a prova do item 3, peso 1,5 (um vírgula cinco). A essa média ponderada será acrescida a nota obtida pelo candidato no curriculum vitae (modelo plataforma lattes), resultando daí a média final. Os candidatos serão ordenados pela seqüência decrescente das médias apuradas.

A nota do projeto de dissertação terá validade somente para submissão do candidato à entrevista, não fazendo parte do cômputo final.

VII) DA CLASSIFICAÇÃO

A classificação, para a admissão ao Mestrado, é feita com base na média das notas obtidas na prova específica e na entrevista, considerando o número de vagas existentes na Linha de pesquisa na qual o candidato estiver inscrito. Para efeitos de desempate na classificação final, será considerada a seguinte ordem de precedência:

a) a prova escrita;

b) a entrevista; e

c) o projeto de pesquisa.

VIII) DA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE SELEÇÃO

a) A(s) banca(s) examinadora(s) será (ão) constituída(s) por doutores do Programa, em número ímpar, com suplente(s), indicados pelo colegiado;

b) Na correção da prova específica, será preservado o anonimato do candidato perante a banca examinadora.

IX) DO CALENDÁRIO

a) PERÍODO DE INSCRIÇÃO: de 25 de janeiro a 12 de março de 2010;

b) HOMOLOGAÇÃO DA INSCRIÇÃO: de 13 a 19 de março de 2010;

c) PROVA ESCRITA: 30 de março de 2010;

d) RESULTADO DA PROVA ESCRITA: até 09 de abril de 2010,

e) RESULTADO DA ANÁLISE DOS PROJETOS: até 16 de abril de 2010

f) ENTREVISTA: de 19 a 23 de abril de 2010,

g) DIVULGAÇÃO DO RESULTADO FINAL: 27 de abril de 2010;

h) REGISTRO INICIAL DOS CANDIDATOS APROVADOS, COM PREENCHIMENTO DE FICHA CADASTRAL NA SECRETARIA DO PROGRAMA: 28 e 29 de abril de 2010;

i) MATRÍCULA DOS CANDIDATOS CADASTRADOS: 30 de abril e 04 de maio de 2010;

j) INÍCIO DAS AULAS: 10 de maio de 2010.

X) DA DURAÇÃO, DO LOCAL E HORÁRIO DAS PROVAS

A prova escrita terá duração de 04 (quatro) horas, no horário das 8h às 12h, no Campus Avançado “Profª. Maria Elisa de A. Maia”/UERN, em Pau dos Ferros/RN, em local(is) indicado(s) à entrada do prédio e na homepage do Programa.

XI) DA DIVULGAÇÃO

A divulgação dos resultados do Exame de Seleção, em todas as suas etapas, será feita pela fixação de listagem em ordem decrescente de classificação, na Secretaria do PPGL, na sede do Campus, em Pau dos Ferros/RN, e na homepage www.uern.br/mestrado/letras.

XII) DOS RECURSOS

O candidato que não concordar com o resultado terá 72h, a partir da divulgação, para recorrer dos resultados.

XIII) DA MATRÍCULA

A matrícula no curso deverá ser feita pelo interessado, pessoalmente ou por procuração, no período de 30 de Abril e 04 de maio de 2010, no horário de 8h às 12h e 13h30min às 16h, na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL), do Campus Avançado “Profa. Maria Elisa de Albuquerque Maia”, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), localizado na BR 405, km 153, Bairro Arizona, Pau dos Ferros/RN, CEP: 59.900-000, mesmo endereço para a realização do curso, cujo início encontra-se previsto para o dia 10 de maio de 2010.

Pau dos Ferros, 19 de novembro de 2010.

Profª. Drª. Maria Edileuza da Costa

Coordenadora do PPGL/UERN

ANEXO DO EDITAL DE N°. 005/2009 – PPGL/UERN

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I – Geral

1. BAKHTIN, M. (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Michel Lahud, Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1995.

2. BAKHTIN, M. O discurso na poesia e o discurso no romance. In: Questões de literatura e de estética. Tradução de Aurora F. Bernadini et al. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

II – Específicos

Linha 1: Discurso, memória e identidade

1. CANDIDO, A. A literatura e a vida social. IN: Literatura e Sociedade: estudos de teoria e história literária. 7. ed. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 2008, p. 27-49.

2. ACHARD, P.. [et al]. Papel da memória. Tradução José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999.

3. BAUMAN, Z.. Identidade. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

Linha 2: Texto, ensino e construção de sentidos

1. AZEREDO, J. C. de. O texto: suas formas e seus usos. In: PAULIUKONIS, Maria Aparecida Lima; SANTOS, Leonor Werneck dos. Estratégias de leitura: texto ensino. Rio de Janeiro: Lucena, 2006.

2. BARBOSA, M. S. M. F. A heterogeneidade discursiva nas revistas de divulgação científica. In: LIMA-HERNANDEZ, M. C. et all. (Orgs.). A Língua Portuguesa no mundo. São Paulo: FFLCH-USP, 2008.

3. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

4. FREITAS, A. C.; RODRIGUES, L. O.; SAMPAIO, M. L. P. (Orgs.). Linguagem, discurso e cultura: múltiplos objetos e abordagens. Mossoró: Queima-Bucha, 2008. (Segunda Parte – Cap. 01 e 04; Terceira Parte – Cap. 01, 03 e 04).

5. VIDAL, R. M. B. As construções com adverbiais em -mente: análise funcionalista e implicações para o ensino de língua materna. In: ARANHA, S. D. de G.; PEREIRA, T. M. A.; ALMEIDA, M. de L. L. (Orgs.). Gêneros e linguagens: diálogos abertos. João Pessoa: Editora da UFPB, 2009.

ROMANCE



Gore Vidal

"Uma década mais tarde, quando escrevi que o cinema tinha substituído o romance como forma central de arte de nossa civilização, fui criticado por ter dito que o romance estava morto, e me mandaram ler listas de fantásticos romances novos. É óbvio que o romance sério, ou o romance-arte, ou seja como for que quiserem chamar o romance-enquanto-literatura continuará sendo escrito; afinal de contas a poesia está florescendo sem o amparo do leitor comum. Mas é também um fato que dificilmente uma pessoa que não faça parte de uma instituição tenderá a dar atenção a qualquer desses artefatos literários (...)
Mas Fitzgerald percebeu que o romance estava sendo suplantado pelo cinema; também percebeu que o cinema, sob todos os pontos de vista, é inferior ao romance enquanto forma de arte - se é que uma atividade coletiva como o cinema pode ser considerada uma arte" ("De Fato e de Ficção"; Gore Vidal).

O JOGO DE XADREZ ENQUANTO METÁFORA DO DIREITO



Jogo de Xadrez

Por Honório de Medeiros

Suponhamos dois circunstantes que se disponham a jogar uma partida de xadrez.

Para iniciá-la, deverão estar previamente concordes quanto às regras a serem seguidas. Sabem que descumpri-las é fatal: haverá sanção (no jogo de damas, cartas, ou outro qualquer, as regras surgirão, também, através de acordo preliminar).

Uma vez iniciada a partida, ela desenvolver-se-á em dois planos: no primeiro, sob a égide de regras que disciplinam o jogo, e que são oriundas de fatores a ele externos, tais como as decisões da Federation Internationale Des Echecs (FIDE), entidade que congrega e ordena a atividade enxadrística em nível internacional, ou mesmo o regulamento do torneio do qual estão participando os contendores; no segundo, deverão (ou não) serem observadas, pelos contendores, regras (técnicas) imanentes à própria disputa, ao jogo-em-si, descobertas ao longo do tempo pelos estudiosos para que se obtenha a vitória almejada: noções estratégicas, táticas, questões atinentes às aberturas, defesas, e assim por diante.

Quanto ao segundo plano pode-se falar em duas realidades distintas: a estática e a dinâmica. A primeira diria respeito à estrutura que a configuração das peças, em determinado momento da partida, origina em termos de vantagem para um ou outro (algo como, numa batalha interrompida, a quantidade de soldados, tanques, armas das quais disporia cada exército); a segunda corresponderia à variáveis puramente abstratas e nos daria uma idéia acerca de quem, por exemplo, detém a iniciativa no jogo (comanda a ordem dos acontecimentos).

O observador cognoscente pode analisar esse objeto cognoscível (o jogo) de três formas diferentes: na primeira, enquanto não-participante, ao se perguntar acerca da história dessa disputa, as causas do seu surgimento, a psicologia dos participantes e, nesse caso, estará trabalhando enquanto historiador, psicólogo, ou sociólogo. Se o analisa enquanto metáfora da guerra, ou empreende a construção de uma teoria política utilizando a luta, o debate, o jogo como paralelos, desenvolve uma atitude filosófica.

A terceira forma impõe o raciocínio dedutivo e nos surpreende atuando enquanto participante do jogo, às voltas não somente com aquelas regras impostas de fora para dentro pela FIDE ou Direção do Torneio, mas, também, com as outras exigidas pela estratégia e táticas para a obtenção da vitória: aqui é-se um protagonista da cena enxadrística.

Assim também o é o Direito, do qual o Xadrez pode ser uma metáfora, atento a quanto ele o é da guerra em si.

sábado, 12 de dezembro de 2009

SIMULACRO







Vaidade

Nesse estágio do nosso processo civilizatório, muitos recusam a aparência de sua própria idade.

Pintam os cabelos, lambuzam-se com cremes, fazem plásticas.

Não se vêem como de fato estão – simulacros.


BILHETE DE JÂNIO RÊGO

Honório de Medeiros e Carlos Santos,


Desconectar-se da internet é missão difícil para quem vive no ofício do jornalismo "on line". Mas faço o possível. Neste sábado vou pro êrmo da caatinga do riacho São Mateus, onde não há energia elétrica e nem a telefonia alcança. Em compensação o gavião pousa no olho da carnaúba e o cardeal canta pousado nos galhos do pereiro perto do alpendre da casa. Mas mesmo acessando, até hoje (esta semana será de total alheamento, garanto porque preciso), não meti o bedelho nem postei nada desde terça-feira no Blog da Feira (www.blogdafeira.com.br) onde Paulinha de Jesus, Paula Macedo e Orisa Gomes continuam, apenas com um pouco mais de encargos, o que já fazem comigo do BF um veículo de qualidade indispensável na comunicação baiana, apesar, e talvez por isso, dos ferrenhos inimigos que consegui com minha liberdade de opinar e de fazer jornalismo de qualidade e buscando equipe arejada e disposta ao trabalho. A elas e repito os nomes com orgulho – Paula Macedo, Orisa Gomes e Paulinha de Jesus - dedico a atenção que vocês dispensam, nos seus blogs, sobre a estadia no Rio Grande do Norte deste tabaréu feirense que nunca deixou de ser um matuto de Mossoró da turma do Patamar da São Vicente. Um abraço de irmão, Jânio Rêgo.

POLÍTICA


inconfidencial.com.br
Paulo Francis

"Política é uma ilusão, talvez uma das mais absorventes, quando se é jovem, para preencher o vácuo de nossa alma, o silêncio que assustava Pascal, que todos podemos ouvir se cessarmos alguns minutos de bugiar nossas paixões. Prefiro preenchê-lo com música, pintura e Madeleine Stowe, quem me dera..." (Paulo Francis, em "O Globo", algum domingo de março de 1994).

AS ARMADILHAS DO EGOISMO SOCIAL


magenco.blog.uol
"São" Albert Schweitzer

Por Honório de Medeiros

Albert Schweitzer, quando se dispôs a estudar medicina para, formado, ir morar na África e cuidar dos miseráveis, já era famoso na Europa inteira como um dos maiores intérpretes de Bach. Terminado o curso, fundou um hospital no Gabão e, durante o restante de sua vida, enfrentando toda a sorte de adversidades, se doou por inteiro a mais nobre das missões: salvar vidas humanas. Ele, mais que ninguém, demonstrou que é possível acreditar no Homem, principalmente por que suas ações não foram estimuladas por um projeto político ou vocação religiosa, mas, sim, e somente, pela nobreza de sua alma, e sua pureza de intenções.

Longe de nós acreditarmos que temos o mesmo estofo moral de Albert Schweitzer. Quando muito, se possível, apresentamos a virtude de tentarmos ser honestos no dia a dia. Não é muita coisa, mas, dentro dos nossos limites, é o possível. Entretanto, parece que até mesmo essa tentativa de honestidade está desaparecendo lentamente do nosso cotidiano. Basta fazermos um pequeno exame de consciência e a constatação salta aos olhos. Por exemplo: quantas vezes não desrespeitamos as regras do trânsito, principalmente em detrimento de outros motoristas? Quantas vezes não furamos filas de banco, desrespeitando o direito de quem nos antecedeu? Quantas vezes não aceitamos o jogo do guarda de trânsito corrupto, e lhe damos a "bola" que ele deseja? Quantos e quantos outros exemplos não poderiam ser citados aqui!

Alguém poderia argumentar que tais infrações são muito pequenas, "o importante é ser honesto no essencial", e tudo isso faz parte da sordidez que é, hoje, a vida em sociedade. Ledo engano. Esses exemplos são reveladores de uma doença social: vivemos hoje em uma sociedade egoísta, narcisista, fútil, enfim totalmente construída a partir de valores negativos: o honesto passa por tolo, o altruísta é visto como excêntrico e, ao contrário, aquele que leva vantagem em tudo é esperto e o mundo, por derradeiro, pertence aos cínicos, aos amorais.

Já não existe, por exemplo, nas Universidades, o "espírito" de grandeza dos estudantes de então. Fazíamos Direito para lutar pela justiça, e medicina para curar. Hoje, a meta é a profissionalização, no mais curto espaço de tempo e o enriquecimento imediato. Somos todos "alpinistas sociais" e nos medimos e avaliamos pelo que temos, e não pelo que somos. Esta é a realidade de uma época. O quê não dizer, por exemplo, dos nossos homens públicos? Se analisarmos os candidatos que postulam, nas eleições que se aproximam, esse ou aquele cargo, a qual conclusão podemos chegar?

E o resultado dessa nossa conduta nos agride diariamente: somos vítimas de nossa omissão, colhemos aquilo que semeamos. Quê fazer? Cruzar os braços? Fazer parte, também, da multidão de indigentes morais? Ou dar, pelo menos, na medida de nossa capacidade, pequenos passos para tentar construir um mundo melhor? Vale salientar que essa opção apresentada diariamente a cada um de nós envolve nosso presente e o futuro de nossos filhos. Então, a título de exemplo, não deveríamos escolher nossos candidatos nessas eleições que se aproximam, a partir de critérios tais como honestidade, competência, amor à coisa pública? Não deveríamos analisar, por exemplo, a conduta passada de cada um deles: se foi honesto; se prestou algum serviço relevante à comunidade e o fez sem interesse imediato; se foi coerente ideologicamente...

É evidente que, assim como Diógenes, o Cínico, que na Grécia antiga procurava nas ruas de Atenas um homem totalmente honesto, e não o encontrava, possivelmente também não acharemos algum que esteja de acordo com nossa esperança. Mas talvez encontremos um ou outro que tenha pelo menos uma qualidade essencial: não ser corrupto. Desprezemos os arrivistas, os carreiristas, aqueles reconhecidamente incompetentes e, principalmente, os desonestos a eles, o ostracismo político. Assim, valorizando nosso voto estamos, mesmo que de forma imperceptível, dando um pequeno grande passo para a construção de um mundo melhor.

E, mesmo que seja difícil a luta diária que travamos conosco para sermos um pouco melhor do que éramos ontem, convém ir em frente, pelo menos por dois motivos: somos nós, através de nossas ações e omissões, que construímos o futuro que nossos filhos herdarão; por outro lado, assim agindo, talvez não tenhamos tanta vergonha (para os que a sentem) de sermos tão diferentes de Albert Schweitzer.

O NATAL E O CONSUMISMO


Consumismo

Por Pe. Matias Soares

A Igreja, através da sua Liturgia, está celebrando o Advento, que é um período de quatro semanas, cuja finalidade é preparar a comunidade cristã para viver a mística e a comemoração do nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus e nosso Salvador. Neste tempo, “nós cristãos somos chamados a tomar consciência da nossa dignidade” (São Leão Magno, Papa, séc. V). E esta consiste no fato de que Deus nos deu uma prova de amor: “Sermos chamados filhos de Deus. E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não o conheceu” (cf. 1Jo 3,1). Mas só somos filhos no Filho, graças à encarnação de Jesus, nascido de uma mulher, na plenitude do tempo (cf. Gl 4,4-7). A salvação de Deus abarca todos os tempos e lugares. Por isso que, a experiência do nascimento de Jesus Cristo na mente e coração de cada cristão vai além do dia 25 de Dezembro. Nós cristãos devemos lembrar antes de tudo que o Natal é momento de saber com quem precisamos estar e o que podemos ter pela encarnação da Palavra de Deus, em nossas humanidades (cf. Jo 1,14).

Na modernidade, depois da Revolução Industrial (séc. XIX) e mais radicalmente na Posmodernidade com indústria da cultura alimentada principalmente pelos meios de comunicação, o sagrado também está sendo meio de instrumentalização do transcendente, agora visto como transcendental. E aqui há uma sutil, porém, fundamental diferença que possibilita a interpretação do fenômeno do consumismo que escraviza as pessoas de modo silencioso e objetual. Enquanto que no período clássico o transcendente tinha seus fundamentos na realidade, na reviravolta da modernidade o conteúdo para a estruturação do conhecimento e do ser ficou por conta do sujeito. E eis a inquietação que precisa ser respondida: Quem vai ser o sujeito de quem? O mercado, que é esta mão invisível (Adam Smith), mediante seus muitos suportes econômicos, soube e continua sabendo, como utilizar e direcionar às pessoas para o objeto que não satisfaz e nunca satisfará, pois o transcendental não pode ter objeto, e assim ditar as liberdades individuais e coletivas que com suas vontades de poder eclipsam as verdadeiras potencialidades do ser.

O consumismo é um dos sinais mais contundentes do fracasso da falaciosa felicidade do homem posmoderno. A revista Isto É (18 Nov/2009, ano 32, No 2088, pág. 70-71) trouxe uma matéria sobre consumo que afirma que “o endividamento crônico atinge milhões de brasileiros e pode ser uma porta de entrada para o vício do consumismo compulsivo” e apresenta 4 tipos de consumidores, a saber: 1) O equilibrado: Gasta menos do que ganha e economiza para poder comprar o que precisa. Evita dívidas cheque especial; 2) O neurótico: Passa horas no shopping, entra em diversas lojas, experimenta os produtos e não compra nada; 3) O primitivo: Compra com freqüência produtos repetidos e inúteis. Tende a acumular supérfluos em casa; e 4) O psicótico: Gasta mais do que ganha. Acumula dívidas, compromete o orçamento familiar e tem problemas legais. Por isso que cabe perguntarmo-nos em qual estágio estamos e se estamos, que é o caso dos mais pobres? A quem interessa de fato esta situação? O consumismo nos faz felizes e equilibrados ou é mais um sinal do vazio existencial? Qual é a realidade transcendente que, nós cristãos devemos querer e doar neste Natal que se aproxima?

Jesus um dia disse que nosso “Pai do céu sabe que temos necessidade de todas essas coisas” (cf. Mt 6,32); contudo afirmou: “buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (cf. Mt 6,33). Que o Natal do Menino Deus nos ajude a entender o significado destas palavras! Assim o seja!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

JORNALISTA JÂNIO RÊGO NO RN


Jânio Rêgo

O jornalista Jânio Rêgo atravessou a fronteira norteriograndense ontem, pela madrugada.

Veio em busca de subsídios que demonstrem seus laços de parentesco com o Mui Ilustre Capitão Innocêncio Affonso do Rêgo, importante personagem da história de Feira de Santana no Séc. XIX.

Consta que, muito rico, destribuiu bebida a granel ao povo da cidade quando da prisão de Lucas da Feira, o famigerado bandoleiro feirense.

Seu mausóleu, naquela importante cidade bahiana, impressiona pela vetustez e imponência.

PERGUNTEI A ADRIANO DE SOUSA


Adriano de Sousa, de taça na mão

Perguntei a Adriano de Sousa:

"Quais os três maiores escritores norteriograndenses (literatura) de todos os tempos?"
 
Veja segunda-feira próxima o que ele respondeu.

O NOBEL DA PAZ MANCHADO DE SANGUE


preca.blogspot.com
Pomba sobre armas

Barack Obama recebeu, dia 10 deste, o prêmio Nobel da Paz em Oslo.

Há dez dias havia ordenado o envio de mais 30.000 soldados ao Afeganistão.

Talvez pressionado por essa contradição, afirmou, em seu discurso de agradecimento, que às vezes é preciso ir à guerra.

E fez a defesa daquilo que ele denominou de “guerras necessárias”. Exemplificou lembrando que “um movimento não violento não poderia ter detido os exércitos de Hitler”.
Dentre os tipos de “guerra necessária” apontou a autodefesa, a intervenção humanitária e a ajuda a alguma nação invadida.

Mas não indicou quais os critérios a serem seguidos para se caracterizar a autodefesa, a intervenção humanitária e a ajuda às nações invadidas. No Governo Bush, era mais fácil: iluminação divina.

Consta que o discurso de Obama foi muito aplaudido. Lá estavam os reis da Noruega, dignitários, aristocratas, e uma platéia entusiasmada.

Mas não se constatou a presença de iraquianos, afegãos, vietnamitas, filipinos, granadinos ou granadenses, panamenses, haitianos...

Todos que sentiram, no corpo, na alma, e no coração os efeitos não de “guerras necessárias”, mas, sim, de “guerras interesseiras”.

Os iraquianos e os vietnamitas poderiam, se lá estivessem, e lhes fosse dada a palavra, falar acerca da estranha coincidência entre as ações militares dos EUA, os interesses do Pentágono e de algumas multinacionais (ou transnacionais).

A face oculta das tais “ambições imperiais” norte-americanas, agora ainda mais subterrâneas, pois ofuscada pela aura de bom-mocismo que emana do ainda carismático, mas já “enquadrado” (que o diga o não-fechamento de Guantánamo) Barack Obama.

Algo tão antigo, tais ambições nas elites que governam, quanto aquelas que impulsionaram a Inglaterra Vitoriana ou o Império Romano.

"A CARTUXA DE PARMA", DE STENDHAL


Stendhal

“A duquesa ficou encantada.
- Se formos expulsos – disse-lhe ela -, iremos ver-te em Nápoles. Mas, já que aceitas até nova ordem a solução das meias roxas, o conde, que conhece bem a Itália atual, encarregou-me que te prevenisse do seguinte: podes crer ou não crer no que te ensinarem, mas nunca faças nenhuma objeção. Imagina que te ensinam as regras do jogo de “whist”; pensarias em fazer objeção a essas regras? Eu disse ao conde que eras um crente e ele se alegrou muito; isso é útil quer nesse mundo, quer no outro. Mas se crês, não caias na vulgaridade de falar com horror de Voltaire, Diderot, Raynal, e de todos esses desmiolados franceses precursores das duas Câmaras. Que esses nomes raramente te saiam da boca; mas, enfim, quando preciso, fala desses senhores com uma ironia calma; é gente de há muito refutada, e cujos ataques não surtem mais efeito. Crê cegamente em tudo que te disserem na Academia. Lembra-se que haverá gente que tomará nota fielmente das tuas menores objeções; poderão perdoar-te uma pequena aventura galante se for bem conduzida, mas nunca uma dúvida; a idade suprime a aventura e aumenta a dúvida. Procede de acordo com esse princípio no tribunal da penitência. Terás uma carta de recomendação para um bispo factótum do cardeal arcebispo de Nápoles; somente a ele deverás confessar tua escapada na França e tua presença, no dia 18 de junho, nas cercanias de Waterloo. Aliás, deves abreviar, diminuir tanto quanto possível essa aventura, confessa-a apenas para que não te possam acusar de a teres ocultado; eras tão moço, naquela época!... A segunda advertência que o conde te manda é esta: se te ocorre um argumento brilhante, uma réplica vitoriosa que mude o curso da conversação, não cedas à tentação de brilhar, conserva-te calado; as pessoas finas verão teu espírito em teus olhos.”

HIPÓTESES


Hipóteses

"Hipóteses são redes, só que as lança capturará. Não foi a própria América encontrada por hipótese? Alta e acima de tudo viva a hipótese - só ela permanece" ("Pólen"; Novalis).

CORTEZ PEREIRA


chagasilva.com
Cortez Pereira

Por Honório de Medeiros

Conheci Cortez Pereira pessoalmente quando, Presidente do Centro Acadêmico do curso de Direito, convidei-o para proferir palestra acerca das relações entre marxismo e jusfilosofia em um dos seminários que nós regularmente promovíamos. Na ocasião, dentre as críticas ao marxismo por ele esgrimidas estava a do descompasso entre as previsões de Marx quanto ao surgimento da revolução socialista na Inglaterra – único país, naquela época, que cumpria a necessária etapa do aprofundamento das contradições da classe burguesa através da revolução industrial, e o fato de o processo revolucionário ter acontecido na Rússia feudal. Perguntei-lhe se a teoria de Lênin acerca da tensão revolucionária queimar a etapa da ascensão da burguesia não seria correta, ao que ele me redargüiu que a tese carecia de comprovação histórica.

É difícil explicar nosso fascínio juvenil por Cortez Pereira, pois ele era um liberal e havia sido Governador através do Movimento de 64 enquanto nós, no verdor de nossa carreira intelectual, ávidos para salvarmos o Brasil e o mundo, pertencíamos a algum dos matizes da esquerda tupiniquim. Talvez a sombra de sua retórica envolvente, misto de conhecimento técnico e arroubo poético, o eco de sua difícil e romanesca vitória no concurso para professor de Introdução ao Estudo do Direito da Universidade Federal, suas memoráveis defesas de projetos e programas de Governo e, principalmente, sua imolação no altar da ditadura, através de uma cassação hipócrita, tivesse construído essa aura de respeito que lhe tributávamos.

Pouco depois, ainda no tempo em que todos os cursos da Universidade Federal colavam grau juntas e o orados das turmas concluintes era escolhido por concurso, nós o tivemos como paraninfo – salvo engano a primeira homenagem pública pós-cassação. Quando terminou de nos falar pediu ao cerimonial que me trouxesse a sua presença para confirmar se eu, “de fato, pelo que pude perceber do seu discurso, não era mais marxista”. Disse-lhe que estava em fase de transição, ele me abraçou dizendo baixinho: “também eu sonhei seus sonhos”.

Entretanto, o mais emocionante dos momentos que vivi através de Cortez Pereira ocorreu quando assisti seu depoimento em “Memória Viva”. Várias vezes meus olhos se encheram de lágrima – uma delas mais intensamente: ele nos contava, aos seus interlocutores e espectadores, qual o instante mais intenso que vivera no Governo, aquele no qual, no final de uma tarde, pleno pôr-do-sol, arriou a Bandeira do Brasil do seu mastro saudado por quase uma centena de cantadores de viola que tinham vindo até o Palácio Potengi prestar-lhe uma homenagem.

Agora, na maturidade, ainda permaneço fascinado pela concepção estratégica de seu plano de governo e sua capacidade de agregar valores humanos no seu entorno. Tão importante é sua contribuição, nesse aspecto, que ela permanece como referência aos políticos e administradores públicos.

Honro sua memória com essas lembranças quase esmaecidas e o respeito que alguém intelectualmente superior sempre nos suscita, quaisquer que tenham sido seus erros.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SAIR DA VIDA COM DIGNIDADE


marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br
Arthur Koestler e Cynthia

Suicidou-se, aos 50 anos, a atriz Leila Lopes.

Em anos recentes deu-lhe fama o papel da “professorinha Lu”, na novela Global “Renascer”, 1993, e posar nua para a Playboy.

“Não quero envelhecer e sofrer”, explicou ela, em bilhete deixado para sua família.

Em 1983 Arthur Koestler, 77, hoje pouco lembrado autor de “O Zero e o Infinito”, e sua esposa Cynthia Jeffries, 56, também se suicidaram.

Eram eles membros da “EXIT” – The Society of the Right to Die with Dignity.

O suicídio, para Koestler, era um ato consciente de autodestruição que o libertava da irracional opressão dos males da natureza, tal qual a velhice.

Qual a razão, entretanto, para Cynthia Jeffries acompanhar Koestler nesse último ato? Em um adendo manuscrito à carta de despedida do escritor, ela explica: “Sem dúvida, não posso viver sem Arthur."

Sair da vida com dignidade.

Razão pela qual, talvez, entre nós, assim optou Osvaldo Lamartine.

A DEMOCRACIA É UMA FICÇÃO ESTATÍSTICA?


(anycase.wordpress.com)
Goedel e Einstein

GOËDEL demonstrou que um axioma não pode ser considerado como verdadeiro a partir do sistema que o engendra. Provou que apelos à intuição não podem ser eliminados; solapou o programa de imunização do formalismo, tão caro ao positivismo lógico. Não há, pois, possibilidade de sistematizar por inteiro o raciocínio matemático. Ou seja: certas afirmações da matemática, por exemplo, nunca poderão ser demonstradas verdadeiras ou falsas em si mesmas. É o famoso Princípio da Incompletude. O corolário é que a lógica, tal qual a simbólica, por intermédio da qual se investiga a verdade de uma teoria NÃO empírica é sempre uma aventura intelectual. Saberia disso BORGES quando afirmou ser a democracia uma ficção estatística?