* Honório de Medeiros.
Em relação ao local de
nascimento de Massilon há sérias divergências.
Raul Fernandes diz que ele
nasceu em Patos, PB. Raimundo Nonato também afirma isso. Frederico Pernambucano
de Mello informa que Massilon teria nascido em Luis Gomes , RN. Hilário
Lucetti e Magérbio de Lucena concordam, mas apontam suas origens como sendo
Borges, às margens do Rio Jaguaribe, entre Russas e Jaguaruana.
Raimundo Nonato de Lima,
pesquisador “outsider”, casado com Dna. Salete Leite, filha de Fenelon Leite,
irmão de Massilon, me informou, por telefone, que o nascimento se dera em
Areias de Baraúna, uma povoação de Patos, PB, na época. A informação
corroborava aquela prestada por Valdecir Pereira Leite no que dizia respeito ao
nascimento de Dna. Aurora[1],
sua mãe, e depois confirmada com sua Certidão de Óbito.
Valdecir ressalvava que
sabia ter nascido sua mãe em Patos, PB, mas não podia afirmar que Massilon
teria nascido na mesma cidade. E acrescentava um dado intrigante: Mamãe dizia que sua família teria vindo de
Timbaúba dos Mocós, PE, para Cacimba de Areias, Patos, PB. Depois é que vieram
para Pombal, PB.
Em Patos, fui ao Cartório
de Registro Civil. Em um livro próprio estavam os registros de todos quantos
tinham nascido em Patos, aí abrangendo Cacimba de Areias e Areias de Baraúna,
desde 1840 até 1920. Nele não constava o nascimento de Massilon.
Fui até a
Secretaria da Paróquia. Lá também existia um livro no qual estavam registrados
os batizados desde meados do século 19 até meados do século 20.
Entretanto,
para poder ser feita a consulta, era necessário fornecer os nomes dos pais. Esse
era outro problema. Eu, nem ninguém, mesmo a família, parecia saber com
precisão os nomes dos pais de Massilon.
Pedi à funcionária que procurasse
apenas pelo nome Massilon. Ela nada encontrou. Pedi-lhe que procurasse Massilon
tendo como pai José Leite. Ela também nada encontrou. Lembrei-me que Valdecir
tinha me dito que Dna. Aurora dizia ser José Gomes de Oliveira, e não José
Leite, o nome do seu pai.
Dna. Dulce, Maria Dulce Leite Barros, casada com o
ex-cantador de viola Gérson Carlos de Morais, setenta e sete anos, tinha dito a
mim, a Ernane Fernandes Lima e ao Professor Pereira, que José Leite era, na
verdade, José Gomes de Melo[2].
Pedi, então, à funcionária, que a essa altura já se movia impelida pela
curiosidade, que procurasse qualquer nome cujo pai fosse José Gomes. Minha
idéia era que se encontrássemos algum nome, e ele fizesse parte da relação que
eu possuía dos irmãos de Massilon, finalmente saberíamos dos nomes corretos de
seus pais.
Não deu outra. Ela localizou o registro do batizado de Maria, nascida
em 8 de abril de 1899, filha de José Gomes de Oliveira e Alexandrina Rodrigues
de Araújo. Provavelmente Maria, que eu sabia ser irmã de Massilon a partir do
depoimento de seus parentes, seria a segunda ou a terceira. Essa dúvida foi
tirada pelo inventário de José Gomes de Oliveira: Maria Gomes de Oliveira fora
a segunda filha do casal. Já estava morta quando seu pai faleceu[3].
Infelizmente a funcionária da Secretaria da Diocese de
Patos, PB, não encontrou o registro do batismo de Massilon. Ele, de fato, não
nasceu em Patos, PB. Lógico que se pode pensar que ele poderia ter nascido e
não ter sido batizado.
Não acredito nessa hipótese por que não haveria motivos
para seus pais terem batizado Maria, aquela que veio logo em seguida, e não
terem feito o mesmo com Massilon.
Dessa forma, a informação dada em entrevista
por Valdecir parece estar correta: Massilon teria nascido em Timbaúba dos
Mocós, PE, de onde seus pais vieram para radicar-se em Cacimba de Areias,
Patos, PB, não se sabe em qual ano. Depois, Pombal, PB, Sítio[4]
São Joaquim. Finalmente, Luis Gomes[5],
Sítio Japão, RN.
Na época da entrevista com Valdecir ele nos informou
que um irmão de seu avô teria morado no Sítio Cabaça, Santa Terezinha, na época
Patos, PB. Seu nome seria João Leite. Teria tido um filho, chamado José Mineo
Leite, portanto primo de Dna. Aurora, que fora candidato a Prefeito de Santa
Terezinha.
Fui a Santa Terezinha, fica há uns vinte quilômetros de Patos. Um
senhor que estava em um barzinho onde paramos nos levou a Manasses Alves de Lima,
vereador naquela cidade por 18 anos. “Ele sabe tudo”, disse. De fato. José
Mineo Leite foi interventor em Santa Terezinha por nove meses, quando da
emancipação da cidade. Isso ocorreu em 1961.
“Desse povo”, diz, enquanto olhava
do cercado para sua cabraria, “só tem aqui Dedé Mineo, filho do ex-interventor.
Mas está viajando. Deixe seu telefone que quando ele chegar eu boto na linha
pra você falar.” Nunca ligou. E afirmou nada saber acerca de Massilon, esse
sobrinho de João Leite que fora cangaceiro.
[1] Aurora Leite de Araújo, nascida em 15 de dezembro
de 1932, casada com Pedro João Pereira Leite, ele nascido no Sítio São Joaquim,
Pombal, Paraíba, em 19 de outubro de 1898 – o mesmo ano no qual nasceu
Massilon.
[2] Dna. Dulce nos contou a seguinte história: Minha bisavó tinha se casado em segundas
núpcias com um Leite, João Leite. Ao casar novamente, tinha um único filho do
primeiro casamento, justamente José Gomes de Melo, que passou a ser chamado de
José Leite por causa de seu padrasto. Tanto é verdade que ela, Dulce, se
lembrava de um baú velho, de madeira, na casa de seu avô, em cuja tampa estavam
gravadas as letras J.G.M.
[3] Relação dos irmãos de Massilon, por ordem de nascimento: Macilon Leite de Oliveira, Maria
Leite de Oliveira, Geraldina Leite de Oliveira, Severina Leite de Oliveira,
Manoel Leite de Oliveira (o “Pinga-Fogo”), Tercia Leite de Oliveia, José Gomes
Filho (Zé Leite, o filho), Aurora Leite de Oliveira, João Leite de Oliveira,
Fenelon Leite de Oliveira, Anezio Leite de Oliveira, Sinesia Leite de Oliveira,
Juraci Leite de Oliveira, Alice Leite de Oliveira, Noêmia Leite de Oliveira,
Dedice Leite de Oliveira.
[4] Podemos considerar como “Sítio” algo menor que um
povoado. Algumas casas de zona rural razoavelmente próximas uma das outras,
com, talvez, uma mercearia, uma capela, nada mais naquela época.
[5] Segundo Dna. Aurora, seus pais saíram de Pombal
para Luis Gomes em 1924. O motivo teria sido a passagem da estrada de ferro por
dentro da propriedade de seu pai sem o pagamento da devida indenização. Isso o
teria desgostado profundamente.
* Excerto do livro "Massilon", do Autor.
* Excerto do livro "Massilon", do Autor.
3 comentários:
A História de Valdecir me parece verídica , porque existiu ou existe esse sítio cabaça em santa Terezinha -PB . João Alipio Leite era meu bisavô ,pai de minha avô Amélia Leite de Araújo .Esses dias descobri que meu tetravô seria de nome João Leite Correa de Mello , pai do meu bisavô João Alípio Leite ou João Alípio d'oliveira Melo
Meu email é zeleiterocha41@gmail.com .
Eu errei , João Leite Correia de Melo seria meu trisavô e não tetravô , e meu bisavô seria João Alípio Leite ou João Alípio d'Oliveira Melo .
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