quarta-feira, 8 de junho de 2016

APRENDER A APRENDER

* Honório de Medeiros

1) APRENDEMOS quando nos defrontamos com um problema, qualquer que seja ele; como lembra Popper, "cada problema surge da descoberta de que algo não está em ordem com nosso suposto conhecimento; ou examinado logicamente, da descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos; ou, declarado talvez mais corretamente, da descoberta de uma contradição aparente entre nosso suposto conhecimento e os supostos fatos.."

a) ESSE problema pode ser inesperado (não por outra razão a sabedoria popular diz: “a necessidade é a mãe da invenção);

b) PODE ser provocado:

b.1) QUANDO problematizamos as coisas e/ou os fenômenos (como disse Gaston Bachelard, “O conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão”);

b.1.1) POR intermédio da contra-argumentação, utilizando o contraexemplo;

b.1.2) POR intermédio do uso da técnica jornalística: o quê, quem, quando, onde, por que e para quê.

2) QUALQUER problema é, antes de tudo, uma questão do espírito (intelectual), mesmo no trabalho puramente mecânico.

3) ELABORAMOS teorias que são soluções provisórias a serem testadas para resolver esses problemas:

a) O teste dirá se erramos ou acertamos;

b) O erro nos ensina, posto que não precisamos mais trilhar o mesmo caminho já tentado.

4) SE aprendemos quando nos deparamos com um problema, há um conhecimento que o antecede e nos permite identificá-lo.

5) SE o conhecimento é retificável, é evolutivo, no sentido de que caminha sempre do mais simples para o mais complexo.

6) O conhecimento pode, então, ser compreendido como um “vir-a-ser” de complexidade cada vez mais fecunda.

7) A recusa em aceitar essa contradição entre nosso conhecimento e os fatos (coisas e/ou fenômenos) conduz a neuroses. Aqui se compreenda essa recusa como uma fuga do problema com o qual alguém se defrontou.

8) O "como" dizemos a nós mesmos, ou aos outros, o que aprendemos é papel da Retórica: podemos ser convencidos ou seduzidos, convencer ou seduzir.

9) NÃO é possível comparar INFORMAÇÃO com CONHECIMENTO; quando conheço, estou informado, mas, nem sempre, quando estou informado, conheço. Posso estar informado de algo sem compreendê-lo.

10) COMPREENDER está além de meramente conhecer: situa no mesmo problema o conhecedor e o objeto a conhecer, no tempo e espaço.

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