Passados
dez anos do lançamento, no Cariri cearense, de “Massilon – Nas Veredas do
Cangaço e Outros Temas Afins”, eis que Honório de Medeiros nos entrega
“Histórias de Cangaceiros e Coronéis”, o segundo volume de sua trilogia acerca
desse tema fascinante.
Desta
vez o livro é dividido em três grandes eixos: no primeiro, “Jesuíno Brilhante,
Herói ou Bandido”, o autor, com base em farta documentação, em primeiro lugar
nos apresenta uma face mais visível do pouco conhecido, mas muito famoso em sua
época, José Brilhante, o “Cabé”, tio materno do único cangaceiro potiguar
conhecido, e que foi personagem do romance “Os Brilhantes”; e, em segundo
lugar, mostra o quanto talvez seja equivocada a percepção romântica, calcada no
mítico Robin Hood, tanto do senso comum quanto dos escritores que se dedicaram
a escrever acerca do primeiro dos grandes bandidos rurais do ciclo do cangaço,
Jesuíno Brilhante.
No
segundo eixo trata do famoso ataque de Lampião a Mossoró analisando-o a partir
de uma perspectiva inédita e com informações até então desconhecidas da
literatura específica acerca do tema. Aparece, por exemplo, pela primeira vez
na história do cangaço, identificado inclusive com imagem, a “oposição oficial”
ao Coronel Rodolpho Fernandes e que a ele se contrapôs veementemente nos dias
que antecederam a invasão da cidade.
Por
fim, no terceiro eixo, constituído de crônicas acerca de temas diversos do
cangaço e do coronelismo, trata, por exemplo, de uma misteriosa amante de
Antônio Silvino, bem como acerca da famosa “teoria do escudo ético”, ou mesmo
do “pacto dos governadores para eliminar os cangaceiros”, dentre outros, que se
colocam para o leitor como textos menos densos, mas, nem por isso, menos
instigantes.
Como
dito outrora, na orelha do “Massilon”, e ainda válido hoje, o que o Autor
pretende, e não há razão para que não ocorra da forma como ele deseja, este
livro é “nada tão sério que pareça maçante, tampouco tão leve que pareça
desfrute.”
Mãos
à obra.
* Antônio
Gomes, Sertão/Natal, 2015.
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