Uma das
conseqüências possíveis relacionadas com a teoria da Antropóloga Alba Zaluar,
Coordenadora do NUPEVI (Núcleo de Pesquisa das Violências), ligado ao Instituto
de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, de que apenas a
pobreza e a desigualdade social não explicam a ida de jovens para a
criminalidade, é dar razão ao senso comum do povo quando clama pelo
endurecimento da legislação penal.
A teoria, exposta
em matéria assinada pelo jornalista Antônio Góis, da sucursal da Folha de São
Paulo no Rio de Janeiro, apresenta como uma das causas do envolvimento de
jovens com a violência a estrutura cultural que induz o surgimento do que ela
chamou de “etos da hipermasculinidade”, ou seja, trocando em miúdos, “a busca
do reconhecimento por meio da imposição do medo”.
É algo decorrente
da chamada “cultura machista”: os filhos homens são criados em ambientes que
reproduzem condutas herdadas de desrespeito sistemático às mulheres, aos
homossexuais, aos negros, às minorias, enfim, e valorização direta ou
subliminar dos ícones da masculinidade distorcida; a música, a tradição oral, o
lazer, a literatura, a própria postura passiva das minorias contribuem para a
construção desse perfil medíocre e ameaçador.
A antropóloga
lembra que “se a desigualdade explicasse a violência, todos os jovens pobres
entrariam para o tráfico. Fizemos um levantamento na Cidade de Deus (conjunto
habitacional favelizado na zona Oeste do Rio de Janeiro) e concluímos que
apenas 2% da população de lá está envolvida com o crime.” É outra comprovação
científica que respalda o senso comum: se apenas a pobreza fosse passaporte
para o crime, não haveria Sociedade da forma como conhecemos. Melhor, não
haveria tantos ricos criminosos.
De posse do
trabalho apresentado por Alba Zaluar talvez pudéssemos pelo menos iniciar a
discussão em torno da ampliação das penas no Brasil. Quem sabe instaurarmos a
prisão perpétua: não outra punição merece uma quadrilha de assaltantes
recentemente presa em São Paulo, todos na faixa dos vinte anos, especializados
em condomínios, que se tornaram conhecidos por torturarem suas vítimas, fossem
elas novas ou idosas. Prisão perpétua com alimentação, saúde, lazer, tudo pago
com trabalho – há tantas estradas para ajeitarmos, Brasil afora, tanta terra
para ser arada...
E o maior
empecilho, para aumentarmos a dosagem das penas no nosso país, para criarmos a
prisão perpétua, é exatamente esse remorso social – quando não é a defesa em
causa própria, como por exemplo, o caso dos nossos congressistas, grande parte
respondendo algum tipo de processo – hipócrita que nos corrói a capacidade de
enxergar o óbvio agora corroborado cientificamente. Sempre achamos, segmentos
da elite, que a criminalidade tinha ligação direta com a pobreza. Recusávamo-nos
a perceber, com o povão, que sofre nas mãos da delinqüência e nas mãos da
polícia, que não era assim, afinal não se justifica que haja tortura e morte
desnecessária em cada assalto realizado: a crueldade é um ritual de passagem na
hierarquia do crime, dependente da admiração dos companheiros: quanto mais
cruel, mais admirado, quantos mais homicídios, mais enaltecido.
Agora é tempo de ir
atrás do prejuízo antes que seja tarde demais: contamos nos dedos as casas e
condomínios onde não há cerca elétrica e cães, isolamento e medo. Fazemos de
conta que não há guerra civil em São Paulo e Rio de Janeiro. Iludimo-nos
pensando que o Estado é soberano em algumas áreas das grandes cidades do
Brasil.
2 comentários:
O que leva o jovem ao crime? Bem, de fato é uma questão interessante e de cunho subjetivo, é difícil apontar um problema “universal” ou incontestável como o causador ou o indicio principal de levar um jovem ao crime, porém, pelo fato de ser um critério subjetivo eu me atrevo a expressar minha opinião.
O jovem é levado ao crime por inúmeras conseqüências, seja o meio em que vive, seja a sociedade, a pobreza, enfim, sob minha óptica o jovem é levado ao crime por um conjunto de fatores, eu procuro pensar sempre na solução para os problemas, porque pensar nos problemas e o que lhe causam é exaustivo demais, além de muitas vezes não nos levar a lugar algum, ou seja, eu acredito fielmente e defenderei esta tese inclusive na produção de um artigo cientifico, de que inserindo o direito na escola podemos mudar a vida das pessoas, quando mencionei a pouco que a sociedade leva o jovem ao crime eu não expliquei o porque desta afirmação, mais é simples, nós estigmatizamos as comunidades, os pobres, alguns estigmatizam os “negros”, sim não estou generalizando, a prova de tal são inúmeras piadas que são no fundo travestidas de preconceito pela cor, pela posição social, e etc. É o preconceito disfarçado de humor, é o estigma falando mais alto, porém, ninguém se dá conta, a inserção do direito na escola formaria uma sociedade mais consciente de seus direitos e deveres, formaríamos cidadãos esclarecidos e com uma “PERSPECTIVA”, o que não temos hoje em dia, a criança que mora na favela já nasce estigmatizada de marginal, de pobretão, disso e daquilo, com a inserção do direito, formando, educado, libertando as pessoas faremos da população um povo mais consciente, um povo mais honesto, sim, honestidade, as pessoas tem um ditado que diz: “dá aquele jeitinho brasileiro!” e nesse jeitinho brasileiro ludibriam os outros, enganam, passam por cima dos direitos do próximo e ainda se vangloriam do feito, é uma honra enganar, ludibriar, enrolar o próximo. Então se pararmos para pensar friamente, todos nós somos criminosos e delinqüentes, porque quem aqui nunca deu um jeitinho Brasileiro? Enfim, devemos mudar nossa cultura, devemos educar nosso povo, dar-lhes perspectiva de vida, esperança, consciência, enquanto deixarmos que alienem nosso povo e ludibriem facilmente com o medo de que este povo tenha consciência e conhecimento para tirar-lhes do poder e reivindicar o legitimo e o melhor para si, não chegaremos a lugar algum, a não ser pior do que já estamos, vivemos num país de povo alienado e ludibriado, não temos pátria, temos apenas um jeitinho brasileiro de ser e viver.
Professor Honório, mais uma vez parabéns por excelentes textos que nos levam a pensar e raciocinar.
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