sexta-feira, 27 de julho de 2012

O FOSSO ENTRE O TETO E O MÍNIMO NO BRASIL DESIGUAL






Do blogcarlossantos.com.br
Por Carlos Santos 

A real discussão


O ponto principal em torno da celeuma sobre altíssimos salários de muitos servidores públicos – no Brasil – tem sido ignorado: é a distância estelar desses ganhos para a renda mínima do trabalhador. 
Não é o teto que importa ou deveria despertar nossa maior atenção, mas sua relação com o piso. 
Em nenhuma parte do mundo moderno, de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) satisfatório, existe esse hiato abissal entre o mínimo e o máximo. É algo do Brasil das desigualdades. 
O IDH do Brasil apareceu em 70º lugar em 2011 (0,807). O país melhor colocado, a Islândia, obteve 0,968. É quase um paraíso terrestre em termos de qualidade de vida. Pior é o Brasil ficar atrás de países como Panamá, Albânia e Costa Rica. 
A mim não é agressivo um magistrado ganhar num único mês mais de R$ 156 mil. Injusto mesmo é que na mesma repartição alguém limpe o chão em que ele passeia, com seus sapatos italianos, para receber pouco mais de R$ 600/mês (brutos).
 É humilhante. 
No campo político, por exemplo, o Brasil alcança o topo dos maiores salários para seus parlamentares. Acima do que ganham congêneres em países ricos como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Canadá e Alemanha. Enquanto um congressista nativo pode abocanhar de forma registrada e direta algo em torno de R$ 400 mil/ano, na Inglaterra não passa de R$ 180 mil. 
Quando levamos os números para um parâmetro medido pelo “Coeficiente de Gini” (calcula desigualdade de renda), o Brasil tem o mais degradante índice do planeta. Os cidadãos que faturam mais estão a milhões de anos-luz de quem recebe menos. O índice chega a 56,7. Enquanto isso, na riquíssima Alemanha, é de apenas 27. 
O que insulta, portanto, não é o máximo, mas é uma multidão famélica bancar a vida boa de uma minoria “iluminada”, tudo “dentro da lei”. Para justificar esse fosso não existe nenhum argumento plausível, por maior que seja o contorcionismo retórico do beneficiado.
Tudo é sofisma. 
Este país ainda vai cumprir seu ideal. 
Nota do Blog: 
* O IDH é calculado levando em conta a expectativa de vida, a educação e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por pessoa). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. 
* O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no documento “Variabilidade e mutabilidade”, em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda, mas pode ser usada para qualquer distribuição. Quanto maior o valor, mais desigual é o país.

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