Massilon
“Benevides”, “Massilon” ou “Massilon Leite”, assim o denominou Raul Fernandes[1]. “Benevides”, “Massilon Leite”, mas também “Massilon Diógenes”, em Raimundo Nonato[2]. “Massilon Leite”, o “Benevides”, para Frederico Pernambucano de Mello[3]. “Antônio Leite”, depois “Massilon”, segundo Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena[4].
Qual era o verdadeiro nome de Massilon?
Tomado pela curiosidade digitei “Massilon” no “Google”. Surgiram muitas menções. Nenhuma alusiva ao cangaceiro. Uma delas chamou minha atenção: Jean Baptiste Massillon, 1663-1742. Sacerdote católico, nasceu em Hyères a 24 de junho de 1663. Inicialmente foi encaminhado para a área do direito, revelando-se, contudo, sua vocação para o sacerdócio. Ordenou-se padre e como excelente orador, ensinou retórica em colégios do sul da França. Foi em 1691 que se tornou famoso, após proceder a oração fúnebre do arcebispo de Vienne e dois anos depois do arcebispo de Lyon. Foi para um mosteiro, objetivando ali viver. Mas, em 1696 foi chamado a Paris para dirigir o Seminário de Saint Magloire. Foi pregador do Advento na corte em 1699 e das Quaresmas de 1701 e 1704, consolidando ainda mais sua fama de orador. Em 1709 ele profere a oração fúnebre do príncipe de Conti, em 1711 a do Grande Delfim. Em 1714, a de Luís XIV. Nomeado bispo de Clermont, em Auvergne, três anos depois, haveria de proferir célebres sermões perante Luís XV. Posteriormente, tais sermões seriam reunidos para compor a obra Pequena Quaresma.
Em 1719 a Academia Francesa o recebe. Daí, até o dia da sua morte, em Beauregard a 18 de setembro de 1742 ele não mais sairia de sua diocese. Representante clássico do moralismo, seus sermões foram muito apreciados por Voltaire e outros iluministas, como modelos de estilo e pela ausência de religiosidade dogmática.
Não custa nada imaginar um sacerdote, talvez europeu, talvez não, mas conhecedor dos sermões de Massilon, o francês, sugerindo aos pais batizar seu primogênito com o nome do grande orador sacro. Aliás, quando em Patos, em busca das origens do cangaceiro, fiquei espantado: no livro de registro civil no qual constavam os nascimentos abrangendo o período que começava em 1880 e ia até 1920, havia quatro Massilons! Nenhum, entretanto, era o nosso, por que os nomes dos seus pais não batiam com os nomes dos pais de Massilon Leite.
Em Julho de 2006, quando da última visita à Dna. Maria do Céu Leite, filha de Anézio Leite, irmão caçula de Massilon, conheci Luciano Pinheiro, idealizador e “tocador” da Rádio Mandacaru, em Luis Gomes. Fomos procurá-lo por ser ele amigo do jornalista Franklin Jorge, que me acompanhava naquele momento, desde outra época. Contei-lhe acerca da minha busca. Ele me disse que no Fórum de Luis Gomes existia o inventário por morte do pai de Massilon. Luciano se deparara com o inventário ao arrumar os processos do Fórum quando era estagiário. Não acreditei. Pedi a Luciano que me arranjasse o mais rápido que pudesse uma cópia, se possível em ambiente virtual. E ele me arranjou. No inventário, na página 3, está a relação dos irmãos de Massilon, segundo declaração da inventariante, sua mãe. Massilon, não, MACILON LEITE DE OLIVEIRA.
Mesmo assim, não há por que não continuar chamando-o de Massilon. Inclusive por que não há como saber se, na realidade, o Escrivão não se enganou na hora de escrever o nome do filho mais velho do inventariado. Por esta e em respeito à história, continuemos com Massilon, embora sabendo que seu nome completo e verdadeiro era MACILON LEITE DE OLIVEIRA.
[2] “LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; NONATO, Raimundo; 6a. Edição; Fundação Vingt-Um Rosado; Coleção Mossoroense; Série “C”; V. 1489; Mossoró, Rn.
[3] “GUERREIROS DO SOL”; MELLO, Frederico Pernambucano de; 2a. edição; A Girafa; 2004; São Paulo, SP.
[4] “LAMPIÃO E O ESTADO MAIOR DO CANGAÇO”; LUCETTI, Hilário e LUCENA, Magérbio de; 2a. edição; Gráfica Encaixe; Fortaleza, Ceará.
Um comentário:
O verdadeiro nome seria mesmo Massilon Leite de Oliveira . Email : nero30tao@hotmail.com
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