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Honório de Medeiros
De todas as atividades profissionais que exerci, nenhuma me deu tanto prazer quanto a de ensinar. Não por outro motivo continuo ensinando, e até diria que o afeto pelo ensino me levou, incontáveis vezes, a construir inconscientemente obstáculos que me impediram de aceitar outros compromissos mais rentáveis ou mesmo de maior projeção curricular.
Assim, nada me deu tanto orgulho quanto a obtenção, com louvor, do título de mestre através da defesa de dissertação acerca do tema “Poder Político e Direito” ante uma banca de examinadores formada por dois doutores e um livre-docente, este último, inclusive, visceral adversário da minha linha de pensamento no âmbito do Direito, claramente externada anteriormente em memorável prova oral de admissão ao curso de mestrado que durou quase quarenta e cinco minutos! Contou-me o Dr. Paulo Lopo Saraiva, depois, em jantar comemorativo, que ele insistira em compor a “minha” banca. Uma honra, com certeza.
A vida acadêmica seria, portanto, uma opção natural para mim quando terminei o curso de Direito em Natal. Seria se já naquele tempo do qual os professores universitários de hoje têm saudade, a profissão não fosse tão mal remunerada. E eu não precisava fazer muitas indagações para constatar essa realidade. A professora Elza Sena, minha tia, com quem eu morara durante meu curso universitário, ainda era viva, estava no penúltimo degrau de sua carreira, e ganhava muito mal. Tomei, portanto, outros caminhos, mas não escondia meu desejo de ensinar. Até que, em 1999, entrei, através de processo simplificado, na Universidade Potiguar, onde, desde então, ensino Filosofia do Direito, com raras incursões em outras disciplinas, quase sempre da área propedêutica, por opção própria.
Tenho ensinado, desde então, às vezes com sacrifício pessoal, mas sempre com renovado prazer. E tenho encontrado, sempre, compensações para o parco salário: as controvérsias em sala-de-aula, que enriquecem o conhecimento; a descoberta de talentos fulgurantes entre os alunos; a convivência com a diversidade de opinião entre colegas, no ambiente acadêmico; os laços de afeto que se formam entre professor e alunos; a criação do hábito de estudo para a preparação das aulas. Mas tenho sentido, na pele, dia após dia, o pouco compromisso da grande maioria dos nossos políticos com a educação, através da falta de investimento em recursos humanos, seja quanto ao básico, à parca remuneração dos professores, seja quanto ao complexo, o distanciamento da opção pela pesquisa científica.
Pedindo desculpas pelo texto auto-referente concluo observando que é inacreditável termos, no Brasil de hoje, ilhas de excelência na área de educação, resultado da abnegação, do sacrifício, da determinação de alguns. São estes, verdadeiros sacerdotes do saber, heróis anônimos, para recuperar uma definição surrada, batida, estropiada, mas absolutamente verdadeira. A eles, a nossa eterna e sincera homenagem.
4 comentários:
Parabéns pelo texto Honório,é uma pena que tenhamos poucos profissionais com esse teu nível de valorização, com certeza a EDUCACÃO seria bem melhor.
Um abraço.
Socorro Fernandes
Parabéns ao professor Honório de Medeiros, por ainda ter tanto pique para esta profissão que mesmo sendo uma das mais importantes, é a menos valorizada.
Mas mesmo não sendo olhada com especial carinho, ainda existem muitos assim como o professor, interessados e orgulhosos por serem mestres.
Valeu mestre Honório de Medeiros!
José Mendes Pereira - Mossoró-RN.
Parabéns ao professor Honório de Medeiros, por ainda ter tanto pique para esta profissão que mesmo sendo uma das mais importantes, é a menos valorizada.
Mas mesmo não sendo olhada com especial carinho, ainda existem muitos assim como o professor, interessados e orgulhosos por serem mestres.
Valeu mestre Honório de Medeiros!
José Mendes Pereira - Mossoró-RN.
Parabéns por ser um ótimo professor, eu assim como a maioria dos seus alunos temos que lhe agradecer pela grande quantidade de conhecimento que o Senhor de forma excepcional nós repassa!
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