quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

FRAGMENTO

thinkingasaprofession.blogspot.com

Richard Dawkins

O que há em comum entre:

a) o lucro do Bradesco em 2009 – o lucro de R$ 8,012 bilhões informado pelo Bradesco nesta quinta-feira é o terceiro maior resultado anual entre os apresentados pelos bancos brasileiros na última década (sem ajuste pela inflação);

b) o discurso inflamado de Sarkozy em Davos contra a oposição dos “tubarões” financeiros, seus lucros “indecentes” e “excessivos”, à regulamentação do mercado, esta uma exigência que se impõe em decorrência da maior crise financeira desde 1929, afirmando que “só vamos salvar o capitalismo se o refundarmos, tornando-o mais moral”;

c) a percepção da realidade social de Talcott Parsons: no funcionalismo o Estado é percebido como um corpo humano no qual cada órgão desempenha uma função cujo objetivo é a saúde social; se um órgão não funciona bem, ele precisa ser ajustado, para que não se comprometa a finalidade do corpo (social), então a questão do ajuste é ontologicamente sempre algo interno, algo do próprio Estado. Essa perspectiva não permite perceber que a possibilidade de algum órgão ou o todo não funcionar bem se deve a fatores externos – A SOCIEDADE – que está engendrando este tipo de PATOLOGIA SOCIAL. O problema não é de função, aqui, mas, sim, do ambiente que engendra o corpo social. É na SOCIEDADE, sem a qual não há ESTADO. É como consertar um carro para colocá-lo, de novo, em estradas ruins. É preciso mudar a SOCIEDADE, as suas relações de domínio;

d) um “dito” que minha mãe repetia sempre, quando a circunstância surgia: “vão-se os anéis, permanecem os dedos”;

e) a célebre frase do Príncipe de Falconeri ao seu tio Don Fabrizio, no romance de Lampedusa, qual seja: “para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”;

f) e a teoria dos “memes”, de Richard Dawkins, ou seja, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Os memes podem ser idéias ou partes de idéias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PATOS, ONDE HOUVE UMA LAGOA (2)

Antônio de Lelé, célebre cantador

“Por que Patos?”, repito. “Havia, aqui, antes, uma lagoa chamada ‘Lagoa dos Patos’” “Onde ficava?”, insisti. “Ah, quem quer que tenha um quintal em casa diz que era lá.” E esboça um esgar de sorriso sarcástico no canto da boca.

Virgílio Trindade indica-nos outros intelectuais de Patos, dentre eles o Secretário de Educação do Município que também é dirigente do Instituto Histórico local. Fomos até lá. Recebeu-nos uma moçoila loura tão importante quanto decrépito era o prédio da Secretaria. Perguntou-nos se tínhamos marcado hora. Foi até o gabinete e voltou cerimoniosa, pedindo-nos que aguardássemos o término de uma reunião. Sentamos durante breves cinco minutos e nos despedimos, para espanto da secretária, a quem recomendamos, enfaticamente, a leitura da obra completa de José Sarney, apropriadíssima para moçoilas secretárias de secretários ocupadíssimos.
 
Passamos no “troca-troca”. Um galpão aberto para todos os lados onde quem quiser chega e expõe sua mercadoria para vender ou trocar. Seu Antônio, um sertanejo idoso, mas rijo, nos acolhe com um sorriso. Na sua banca encontramos desde uma rede de pescar em açudes até rádios antigos. “Troca-se qualquer coisa aqui, Seu Antônio?” “Qualquer coisa, doutor, até mulher velha por nova, mas dando o troco.” “Você e seu pai são de onde?”, diz ele virando-se para Franklin Jorge. Caímos na gargalhada. Franklin diz que não é meu pai. Eu pisco o olho para Seu Antônio: “ele é muito vaidoso”. Despedimo-nos. Seu Antônio olha para mim quando Franklin lhe dá as costas: “eu entendo como é...”

Quem nos recebeu à porta da casa simples, estreita, geminada, praticamente no centro comercial de Patos, quando fomos à procura de Antônio de Lelé, cantador que primeiro fez dupla com Seu Chico Honório em sua breve carreira foi sua esposa, baixinha, magrinha e enrugadinha.

Abriu a porta que dava para uma área que antecedia a salinha de estar e nos envolveu com um delicioso cheiro de alguma iguaria que estava sendo cozinhada no cominho.

Antônio de Lelé não estava, apesar de Dona Maria afirmar que ele nunca saía de casa, fato desmentido diversas vezes ao longo do dia. Haveria algo freudiano nessa negação do óbvio? Finalmente damos com Antônio de Lelé, lá pela quarta procura. Surpresa: é como ver Padre Sátiro Dantas na nossa frente, sem aquela impaciência que o distingue. Antônio de Lelé conversa longamente com Seu Chico Honório pelo celular enquanto assediamos Dona Maria com elogios rasgados ao cheiro de sua comida. Queríamos um convite. Era um bode no cominho. “O que acompanha?” “Arroz, farofa na gordura, uma saladinha.” “Rapadura, também”. E ia recuando, agoniada para escapar da obrigação sertaneja de oferecer a iguaria elogiada. Constrangida pelo cerco implacável, não entrega os pontos: “se não fosse tão pouca a comida eu até que convidava.” Renunciamos ao ataque. Terminamos sem provar o bode.

Nesse tempo Antônio de Lelé já se despede alegando que tem que ir ao Banco, mas nos aguarda de tarde, e garantindo que o livro de Orlando Tejo sobre Zé Limeira, com quem ele cantou várias vezes, tinha muita mentira. Eu fiquei me lembrando de Orlando no meu apartamento em Brasília, levado por Jânio Rego, espojado em minha cadeira de balanço a lançar fumaça de um cachimbo preto que empesteava o ambiente, falando acerca da Serra do Teixeira onde há um marco que fica no meio do tudo por que fica no meio do nada.

O ESTADO CONTRA A SOCIEDADE

O STJ e a luta interna do Judiciário

Da Folha de S.Paulo

A hora do STJ

Por Marcos Nobre:

"PRIMEIRO, JOSÉ Sarney ficou.

Depois, o STF resolveu rasgar a liberdade de imprensa, mantendo a censura ao jornal “O Estado de S. Paulo” em relação a Fernando Sarney e ao grupo político de seu pai. Agora, esse fechamento a vácuo de Brasília pode se estender por todo o sistema político.

Em menos de 45 dias, o STJ suspendeu os processos judiciais ligados a duas das mais importantes operações da Polícia Federal em uma década. Hoje, ao voltar do recesso, o STJ deve começar a examinar o mérito da suspensão da Operação Castelo de Areia.

As investigações obtiveram indícios consistentes e inéditos de todos os elos da cadeia que liga corruptores e corrompidos, obra pública e empreiteira privada. O potencial de destruição política dessas ações é tão grande que ninguém menos do que o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, após uma reunião com Lula, aceitou defender a empresa Camargo Corrêa, alvo da operação. O mínimo que se pode esperar é que a decisão do STJ não acabe objetivamente colaborando com esse gigantesco jogo de preservação de carreiras políticas que, dito de maneira direta, é simplesmente contra a democracia.

Não bastasse estar em jogo a proteção de parte substancial da elite política, esse julgamento é também um episódio decisivo de uma luta política interna ao próprio Judiciário, envolvendo os tribunais superiores e inferiores e o Ministério Público. STF e STJ são e devem mesmo ser instâncias que uniformizam o entendimento judicial.

Mas esse papel não deve ser confundido com subjugar as instâncias inferiores e o MP, bloqueando o surgimento de novas interpretações e de procedimentos inovadores. STF e STJ não devem se colocar na posição de órgãos fiscalizadores e disciplinadores de instâncias inferiores e do MP. Para isso existem as respectivas corregedorias, o CNJ e o CNMP.

A independência e a criatividade de decisões de instâncias inferiores foram muitas vezes tábua de salvação. Basta pensar, por exemplo, nos desbloqueios de contas correntes que autorizaram durante o famigerado Plano Collor, de 1990, impedindo que a economia travasse. O mesmo Collor que foi posteriormente objeto de investigação liderada pelo MP.

O que teria acontecido se os tribunais superiores tivessem bloqueado essas ações por parte das instâncias inferiores e do MP? É a pergunta que o STJ deve se fazer agora ao julgar os processos da Operação Castelo de Areia. Para que, no final, não acabe objetivamente amordaçando o Judiciário e se tornando oficina de blindagem da política oficial."

NÃO É VERDADE!

Por Joaquim Falcão

Em oglobo.glob.com/pais/noblat


"Não é verdade

Não é verdade, não é verdade, murmurou de si para si mesmo o ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos, na frente de todo o Congresso, de todo o governo, de todos os americanos, na frente do Presidente Obama. E contra o Presidente Obama.

Fato inédito na história do país. Dois poderes ao vivo, Judiciário e Executivo, discordando.

Foi durante o discurso anual State of the Union, grande momento de celebração da nação americana, quando todos se unem, sob a liderança do Presidente, que presta contas e diz o que pretende fazer no ano que se inicia.

Essa celebração tem algumas características tradicionais. Em primeiro lugar todos aplaudem o tempo todo o Presidente. Estejam ou não cem por cento de acordo com ele.

O importante é - como diz o discurso - demonstrar a união. É o discurso da união.

Em segundo lugar, só quem não aplaude, e fica calado ouvindo o tempo todo em silêncio absoluto, são os ministros do Supremo.

Lá eles não podem dar a mínima demonstração pública de aprovação ou de desaprovação sobre nenhuma política de governo, pois podem vir a julgar essa mesma política. Julgar o Presidente. E a imparcialidade pública é evidência maior da independência da Suprema Corte.

O ministro Alito não piscou, mas resmungou. Um acidente, acredita-se, uma manifestação humana, talvez demasiadamente humana. A leitura labial foi unânime. Não é verdade, ele disse.

Obama não hesitou em criticar a Suprema Corte que, mudando mais de cem anos de jurisprudência, permitiu que as empresas façam doações ilimitadas aos candidatos em época eleitoral.

Doações ilimitadas, acredita Obama, vão desequilibrar as eleições e favorecer os candidatos dos mais ricos, que terão mais recursos para gastar. Em outras palavras, eles favorecerão os republicanos.

Como se contrapor a essa decisão da Suprema Corte?

Obama foi muito claro. Disse mais ou menos o seguinte. Num regime democrático de separação de poderes, somente o Congresso, que representa o povo, pode se opor ao Supremo legitimamente.

Pediu então ao Congresso que neste ano aprove novas leis reatabelecendo a competição eleitoral equilibrada.

Já houve época em que alguns brasileiros diziam que o que é bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil. Agora parece ser o contrário.

Na recente crise financeira, a regulação que tínhamos dos bancos nos ajudou a sobreviver bem. Os Estados Unidos, sem regulação, quase se diluiram. Quem afirma é o próprio Secretário do Tesouro de Bush Jr. de então, Henry Paulson.

Em Davos, agora, se prega para os outros países o que o Brasil já faz há mais de uma década: controle maior dos bancos.

Kopenhagen prega para o mundo a preservação de meio ambiente, tendo o Brasil preservado o seu melhor do que os países desenvolvidos.

Temos o horário eleitoral que estabelece um patamar de igualdade e de barreira ao abuso do dinheiro, o que os Estados Unidos não têm. Temos também regras para a televisão, que como concessão pública, é obrigada a tratar os candidatos igualmente. Os Estados Unidos não têm.

Outra coisa que nos diferencia - nesse caso em nosso desfavor - é que aqui o Congresso Nacional tem apenas 9,3% de aprovação popular, como conferiu, ontem, a pesquisa CNT Sensus.

Ou seja, a legitimidade política do nosso Congresso é extremamente frágil, e o seu processo decisório extremamente complexo para enfrentar, como se permite numa democracia, divergências quer com o Supremo quer com o Presidente da República.

Daí mais do que nunca a necessidade de se pensar em qual senador e qual deputado se vai votar.

A hora de transformar a crítica aos políticos em ação é agora. O bom Congresso é antes de tudo responsabilidade de cada eleitor."

domingo, 31 de janeiro de 2010

EM TUDO, E POR TUDO, UM CRAQUE!

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Tostão, 30 Jan 2010

opovo.uol.com.br/opovo/colunas/tostao

"Mimado e bom de bola

Em oito anos de carreira, Robinho ficou mais velho, mais marrento, muito mais rico e teve contato com outras culturas e outras línguas. Mas continua mimado e com pouca autocrítica.
 
Robinho é uma dessas pessoas, famosas ou não, atletas ou não, que precisam ser elogiadas e bajuladas, todos os dias. Sofrem de uma ansiedade afetiva, de achar que não são amadas como merecem. Necessitam ser os craques do time. Deve ser também por isso que as melhores atuações de Robinho, na seleção, foram nas ausências de Kaká e Ronaldinho, como na Copa América.

Receio que, no futuro, Robinho, como ocorre com tantas pessoas, se sinta vítima da incompreensão e da maldade humana. Os culpados de seus males são sempre os outros e o cruel destino.

Robinho forçou a saída do Santos, do Real Madrid e, agora, do Manchester City. Saiu do Real quando dava evidentes sinais de que passaria de coadjuvante a protagonista. Uma grande burrice.

A busca pelo dinheiro e/ou a necessidade de ser o melhor, característica dos humanos, e não apenas de Robinho, devem ter sido os principais motivos de suas saídas. Tudo com a orientação e o incentivo de empresários, que ganham muito nessas transferências.
 
Quando Robinho saiu do Santos, ele disse que seria o melhor do mundo. Denílson falou o mesmo, quando saiu do São Paulo para a Espanha. Nenhum dos dois fez grande esforço para isso. Evoluíram pouco ou nada. Robinho, evidentemente, tem mais talento que Denílson. Poderia ter ido mais longe.

Depois de ser exaltado durante anos, Robinho é, agora, o mais criticado da seleção. A maioria pede sua saída. Apesar de ser mimado, de achar que é melhor do que é, tenho muita esperança que Robinho brilhe no Santos e na Copa. Ele, em forma, joga demais. Ele vai enfrentar defesas mais frágeis no Brasil. Isso lhe dará mais confiança.

Além disso, Robinho é um dos poucos jogadores que têm ótimo talento ofensivo e que, quando quer, volta para marcar e desarma com muita facilidade. É o que fez na maioria dos jogos pela seleção.

Prefiro também um Robinho marrento, mimado, aos jogadores somente obedientes e regulares. São os Robinhos que dão prazer de ver futebol. A solução não é trocar os Robinhos pelos medianos, e sim ajudar os Robinhos a jogar bonito e com mais eficiência.
 
A presença de Robinho no Santos pode ajudar ou inibir a ascensão de Neymar. O jovem, 17 anos, mostrou, neste início de ano, que tem grande chance de se tornar um excepcional jogador. Para isso, terá de melhorar na finalização. Se não fosse isso, já teria feito vários gols espetaculares neste ano.

Robinho e Neymar têm as mesmas características e gostam de atuar pela esquerda, entrando em diagonal pelo meio. Devem ser escalados, um de cada lado. Melhor que uma pedalada são duas. Para completá-los, o Santos precisa de um ótimo atacante, bom finalizador, além de Ganso e de um bom time."

sábado, 30 de janeiro de 2010

COMO PODEMOS AVALIAR UM GOVERNO?

moodle.apvm.net

Em “Desenvolvimento como liberdade” (Companhia das Letras; 2004; 4ª reimpressão; São Paulo, São Paulo), Amartya Sen, Premio Nobel de Economia, ex-membro da Presidência do Banco Mundial, ex-professor da Universidade de Harvard, esposo de Emma Rothschild – autora, por sua vez, de “Sentimentos Econômicos”, um denso ensaio acerca de Adam Smith, Condorcet e o Iluminismo – nos convida a percebermos o contraste entre “um mundo de opulência sem precedentes” e “um mundo de privação, destituição e opressão extraordinárias.”



Na verdade Amartya Sen nos convida a entendermos o desenvolvimento como “um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam”, e, não, como algo a ser identificado com o crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou modernização social. Ao se referir à expansão das liberdades reais Amartya Sen se refere, por exemplo, aos serviços de educação e saúde – e aqui eu acrescento segurança pública – e os direitos civis (a possibilidade de participar efetivamente do governo e das discussões e averiguações públicas em relação ao dinheiro do povo).



Aceitar esse ideário como premissa implica em compreender que somente podemos considerar desenvolvido ou em desenvolvimento um País, Estado ou Município no qual, à título de esclarecimento, e em termos bastante simplificados, o dispêndio com obras públicas, tais como calçamentos, praças, ruas, estradas, asfaltamento, prédios, pontes, açudes, barragens, somente ocorra como conseqüência da implantação de políticas públicas voltadas para o avanço em áreas como educação, saúde e segurança. Políticas públicas estabelecidas claramente através de programas e projetos que tenham metas, prazos, alocação de recursos humanos e financeiros e possam ser acompanhados e questionados pela sociedade.



Óbvio que a lógica é outra. As obras públicas são sempre “vendidas” à sociedade como sendo essenciais para o desenvolvimento. Essa lógica, consciente ou inconscientemente, busca privilegiar quem há de se beneficiar diretamente com ela, ou seja, aqueles que detêm o capital em suas mãos e querem o retorno imediato do investimento realizado: um exemplo particular dessa lógica é a relação estreitíssima, no Brasil, entre empreiteiros, construtores, empresários da construção civil e os governos, sejam estes federais, estaduais e municipais, os quais depois de realizadas as eleições, pressionam seus candidatos a investirem em obras.



Entretanto a constatação daquilo que se afirma aqui pode ser feita por qualquer um: basta que nos perguntemos se com todo o investimento em obras ocorrido no Brasil, digamos, desde Fernando Henrique Cardoso, houve diminuição sensível da miséria, e a educação, a saúde, a segurança pública, estão significativamente melhores. É claro que não. Muito ao contrário. O que nós percebemos, nitidamente, é que o avanço, se é que houve, é um verniz que não resiste a uma visita a postos de saúde, escolas públicas e delegacias de polícia.



Portanto a conclusão é óbvia: desconfiemos de qualquer obra que não esteja atrelada a uma política pública na área de educação, saúde ou segurança. Para começo de assunto.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

VÁGNER ARAÚJO ACUSA JOSÉ AGRIPINO DE DEIXAR CRIANÇAS MORREREM DE FOME

Leia no http://www.fatorrrh.com.br/:

"Documento não prova e nem acusa



Este documento reproduzido na postagem anterior e que comprovaria a responsabilidade do Senador José Agripino pela morte de milhares de crianças, é um texto retirado do site do também Senador Garibaldi Alves Filho.



O texto fala do crescimento do programa do leite durante o Governo Garibaldi Filho, o fortalecimento econômico com o surgimento de novas usinas de leite, a ampliação e melhoria na pecuária leiteira bovina e o acréscimo do leite de cabra na base alimentar das crianças e nutrizes.



A única referência ao suposto crime em massa não acusa o Senador Agripino, nem seu Governo, não o responsabiliza diretamente pelo crescimento da mortalidade infantil.



Fala que o Programa do Leite no Governo Garibaldi Filho ajudou a reduzir a mortalidade infantil.



Não enxerguei no texto uma relação de causa e efeito.



Não sou médico nem nutricionista, mas imagino que a mortalidade infantil no Nordeste deve ter várias outras causas e não somente a má alimentação.



Pediria até a ajuda de profissionais da área para que enviem ao Fator RRH algum documento que comprove essa minha suspeita, que terei satisfação em publicar.



A ilação do assassinato em massa é do Secretário Vagner Araújo e o Fator RRH reproduz abaixo o único parágrafo onde há alguma referência, mesmo indireta, ao tema da acusação.



A gravíssima acusação feita pelo Secretário Vagner Araújo continua sem comprovação.



É melhor aguardar provas consistentes e sérias, se existirem.



Até por que na mensagem via twitter ao Fator RRH o Secretário diz que a acusação está ancorada "em vários estudos" e até agora foi exibido somente um texto jornalístico de um site.



Para que a acusação se consolide em sua gravidade, vou aguardar a exibição dos "estudos", certamente mais aprofundados e que respaldarão a denúncia.



Abaixo, a única referência feita no site do Senador Garibaldi Filho ao tema mortalidade infantil e programa do leite:



O complemento alimentar de 130 mil famílias norte-rio-grandenses oferecido pelo Governo do Estado ajudou a reduzir a mortalidade naquele período de 77,50 crianças mortas a cada mil para 32,00."

Leia mais no http://www.fatorrrh.com.br/

ONTEM FOI DIA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

blog.cacaonova.com

Dia de São Tomaz de Aquino

Por Nonato Amorim, no blog do Nassif:

Nassif & Amigos, hoje é dia de Santo Tomaz de Aquino, um primor de sabedoria entre todos os santos. Dele compilei da Wikpedia as 5 vias de demonstração da existência de Deus.

Primeira via
Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido.

Segunda via
Causa Primeira: Decorre da relação “causa-e-efeito” que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita.
Terceira via
Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.

Quarta via

Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.
Quinta via

Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada.

MORRE SALINGER

livingromcom.typepad.com

J. D. Salinger

Morre o escritor J.D. Salinger, aos 91 anos, nos EUA.

Autor do clássico 'O Apanhador no Campo de Centeio', vivia isolado em sua casa em New Hampshire.

De Agências internacionais, em O Estado de S. Paulo:

O filho do escritor, em um comunicado divulgado pelo representante literário de Salinger, disse que ele morreu de causas naturais. Há décadas vivia isolado, por sua própria vontade, em sua casa em Cornish. Era avesso a jornalistas, mantendo-se distante das entrevistas e fotos, como aqui no Brasil fazem os escritores brasileiros Rubem Fonseca e Dalton Trevisan.



JUVENTUDE


Giacomo Casanova

“Casanova, que sabia muito que a raiva e o ódio impressionam a juventude muito mais que a meiguice e a ternura, conscientizou-se imediatamente que bastaria um apelo insolente de sua parte para fazer com que a carreta parasse e ele tivesse a moça a sua disposição para fazer com ela o que melhor lhe apetecesse” (“O RETORNO DE CASANOVA”; Arthur Schnitzler).

"SEO" CHICO PIU E A TEORIA DA EVOLUÇÃO


Não fossem as fotografias guardadas com muito carinho, nas quais um Honório de Medeiros magro e sorridente, sem rugas e cabelos grisalhos, as lembranças daquele mágico passeio a cavalo até a fazenda de café de “Seo” Chico Piu, serra acima na área rural de São Carlos, interior montanhoso de São Paulo, tudo seria apenas borrão na minha memória, algo como um filme antigo, com paisagens e pessoas esmaecidas pelo tempo. Pego-as e sorrio, sempre. Depois, um toque de amargor toma conta do espírito e lamenta a juventude passada, os amigos que se foram, os sonhos desfeitos, as promessas não cumpridas, os amores perdidos. “C’est la vie”, dizem os franceses.

Naquela tarde conheci Chico Piu, homem sob todos os aspectos singular. Em primeiro lugar vivia quase recluso, lá no seu pé de serra. Raras vezes descia à cidade. Bastava-lhe, para viver bem, estar pisando descalço sua terra rica e roxa cercado por sua gente, que lhe margeava como uma tribo o seu cacique. “Seo” Chico era baixo, moreno gretado pelo sol, de braços e pernas fortes, espadaúdo, e com uma face como que esculpida em bronze, com traços muito demarcados. Mas o que mais impressionava eram seus pés. Eles, de fato, se viram sapatos, ou mesmo chinelos, havia sido em tempos idos, segundo suas próprias palavras. Eram verdadeiros cascos, endurecidos por todos os invernos e verões aos quais “Seo” Chico os havia submetido. Segundo nos contou, descia descalço até mesmo para a cidade, aonde raramente ia. E não sentia frio ou calor, não era sensível à água ou à rocha mais dura.

“Seo” Chico era homem de pouca conversa quando no trabalho ao qual se entregava como qualquer um dos seus trabalhadores. Colhia o café, batia, ensilava, ensacava, derrubava as reses, ferrava-as... Um maestro em pleno exercício de sua arte, cegamente obedecido por seus músicos. Era, basicamente, dono de cafezais e de rebanho leiteiro. Vivesse no Sertão nordestino e tivesse aqui terra e gado como aqueles seria um homem de posses, por assim dizer. No final de uma tarde como aquela, no entanto, tempo esfriando ligeiro indicando noite gelada, visita no pátio da casa grande e rústica, a sisudez era deixada de lado e o café forte e a aguardente feita sob sua própria orientação lhe iluminavam o semblante e abriam seu coração e mente originando conversas recheadas de casos passados e argutas observações acerca da vida.

Mas tudo que é bom dura pouco.

Com a chegada da noite veio a hora de voltar sob a fria luz da lua. Tomamos o último café, bebemos a última caneca de cachaça e ele, se despedindo, bateu na anca da mula que me conduzia, apontou para mim e quase como para si próprio, refletindo, e me disse ter o tempo lhe ensinado que a vida era como uma serra da qual cada um que descia era por que o outro que subia lhe tomara o lugar. Dito isso, deu um passo para trás, ajeitou o casaco de lã por sobre os ombros incomodados com o sereno da noite e lá ficou, a nos observar partindo, com seus pés indiferentes à temperatura que caíra bruscamente e, com certeza, a todo meu conhecimento sorvido dos livros de teoria da evolução que diziam, de forma muito pomposa e circunspecta, aquilo que ele deduzira somente observando, no seu pé de serra, a vida passando ao largo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A CANALHA SE REAGRUPA


linguadetrapo.blogspot.com

Banqueiros


Deu em o globo:


"Governos e banqueiros em guerra: Executivos financeiros criticam regulação proposta por autoridades.

O Fórum Econômico Mundial, em Davos, abriu ontem com uma disputa aberta entre banqueiros e governantes. Passado o susto da maior crise financeira desde 1929, bancos e outras instituições financeiras voltaram com força a Davos, reagindo à proposta de maior regulação sobre os mercados. Mas líderes políticos, como o presidente francês, Nicolas Sarkozy, engrossaram o tom.

Num discurso vigoroso na abertura oficial do Fórum, Sarkozy se queixou de “comportamentos indecentes” e “lucros excessivos”.

- Só vamos salvar o capitalismo se o refundarmos, tornando-o mais moral — disse Sarkozy, num dos discursos mais radicais na abertura do Fórum.

Horas antes do discurso do presidente francês, representantes de grandes bancos defenderam menos regulação, dizendo que o cerco ao mercado vai reduzir emprego e gerar outras crises no futuro. O presidente do banco inglês Barclays, Bob Diamond, alertou para a possibilidade de um êxodo de bancos de Londres e Nova York na direção de outros centros financeiros, em Cingapura, Taiwan ou Zurique."




DECISÃO HISTÓRICA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Deu em o globo


"Uma referência (Editorial)

Com a decisão de afastar o desembargador Roberto Wider, corregedor-geral da Justiça do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) marca uma posição forte, necessária e oportuna contra um dos piores males da atual realidade brasileira, a impunidade.

Wider é acusado de favorecer a ação do lobista Eduardo Raschkovsky na Justiça fluminense e de lavrar decisões em troca de propinas, como revelou O GLOBO em novembro de 2009.

O desembargador, por decisão unânime do CNJ, tomada na terça-feira, perdeu o cargo e será processado na esfera administrativa. Segundo denúncias, o lobista, amigo de Wider, interferia em nomeações de oficiais de cartórios de notas feitas pelo desembargador, além de negociar com políticos despachos do corregedor, quando ele presidia o Tribunal Eleitoral do estado.

Duro com os fichas-sujas, Roberto Wider criaria dificuldades para o amigo comercializar facilidades.

Quando foi instituído, com a aprovação da emenda constitucional da reforma do Judiciário, no final de 2004, o CNJ era entendido como instrumento do “controle ex-terno do Judiciário”.

Termo inapropriado, pois não se tratava de uma intervenção “de fora” nos tribunais, mas um reforço na Corregedoria e, tanto quanto isso, a criação de uma instância reguladora, sem, por óbvio, interferir na imprescindível independência do magistrado para julgar.

O CNJ tem correspondido às melhores expectativas, nos dois planos: na correção e no estabelecimento e uniformização de princípios administrativos, algo inexistente no talvez mais atrasado segmento da máquina pública, do ponto de vista gerencial.

Um Poder Judiciário forte, isento, zelador da Constituição, é fundamental em qualquer país.

Em especial no Brasil, em que, apesar de duas décadas e meia de estabilidade democrática, há inclusive iniciativas do próprio Executivo contra liberdades garantidas na Carta; e existem desmandos no Legislativo capazes de solapar a crença da sociedade no regime da democracia representativa, o melhor que a Humanidade conseguiu desenvolver.

Por sugestiva coincidência, o ato do CNJ no caso Wider ocorre enquanto deputados distritais em Brasília executam uma patranha para saírem impunes — eles e o governador Arruda — do escândalo do mensalão do DEM, enquanto o presidente Lula faz pouco-caso da legislação eleitoral e desfila com a candidata Dilma Rousseff por palanques, atropelando o calendário eleitoral.

São casos típicos de uma sociedade com valores entorpecidos pela impunidade quase generalizada.

A decisão do CNJ de processar o desembargador precisa ser entendida como um parâmetro para a vida pública."












SIGILO DA JUSTIÇA, MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO E CONFLITO ENTRE DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PRIVACIDADE

Do Estadão
 
A censura ao Estado abriu discussão pública sobre questões como o sigilo de Justiça, a morosidade do Judiciário e o conflito entre os direitos à liberdade de expressão e à privacidade. Juristas, cientistas políticos e parlamentares debateram, nas páginas do jornal, de que forma esses tópicos se relacionaram com a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
 
O sigilo de Justiça, que cobre a investigação sobre supostas irregularidades praticadas pelo empresário Fernando Sarney, embasou a proibição da publicação de informações pelo Estado. Mas especialistas afirmaram que quem tem obrigação de preservar o sigilo são os agentes públicos, não a imprensa.
 
“O sigilo legal, cuja violação é punível no Código Penal, é dever do servidor que o guarda”, afirmou o advogado e deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), autor da consulta ao Supremo Tribunal Federal que derrubou a Lei de Imprensa herdada da ditadura. “Fatos públicos, ligados ao poder público, não podem ser encobertos pelo manto da intimidade”, disse o presidente da Associação Brasileira de Direito Constitucional, Flávio Pansieri.
 
“Quando um processo corre em segredo de Justiça, ele deixa de ser secreto se a notícia vaza, e cabe então ao Judiciário punir o responsável por esse vazamento”, opinou, em artigo, o filósofo José Arthur Gianotti. Entrevistado sobre a questão, o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou para a banalização do sigilo judicial. “A regra constitucional não é o segredo, é a publicidade”, disse.
 
Outro aspecto debatido foi o eventual conflito entre dois direitos previstos na Constituição – à liberdade de expressão e à privacidade. “Não se pode invocar o direito à intimidade, em caso de homem público”, afirmou o professor de ética Carlos Alberto Di Franco, em debate transmitido pela TV Estadão.
 
“Em casos de relevada importância, em que estão em jogo, de um lado, a proteção da honra de pessoas públicas através de censura prévia e, de outro, o debate público de questões de significativo interesse público, não há dúvida de que este segundo deve prevalecer”, afirmaram, em artigo, Paula Martins e Mila Molina, representantes no Brasil da ONG Artigo 19, que atua em defesa da liberdade de imprensa.






"CARNAVAL NOS PARRACHOS"

Por Laélio Ferreira

M O T E :

A rafameia se arrancha

faz carnaval nos parrachos

G L O S A :

I)



Nouveau riche vai de lancha,



piranha vai, convidada...



Muito brilho. Enfumaçada,



a rafameia se arrancha!



No cenário de cangancha,



proliferam os rapa-tachos,



as bibas arrumam machos,



farto corre o doze-anos



e a súcia de carcamanos



faz carnaval nos parrachos...!



II)



Político vai, e se escancha



no ouvido dos marqueteiros:



nos sussuros inzoneiros



a rafameia se arrancha...



- “Fulano, será, deslancha?”



- pergunta um, já borracho.



- “Depende do cambalacho!



- responde um assessor de imprensa...



A cambada não dispensa:



faz carnaval nos parrachos!

ESTRATÉGIA


blogs.diariodepernambuco.com.br

“Nunca dê uma opção às pessoas: elas inevitavelmente fazem as escolhas erradas” (“GIRI”; Marc Olden)











FRAGMENTOS



O olhar do filósofo é um olhar desvendador. Busca desvendar aquilo que está oculto pelo véu da aparência. Busca a verdade, a essência de algo. É, portanto, um olhar investigador, um olhar que pergunta, compara, diferencia, sopesa, para, no final, meticulosamente, apresentar um resultado que pode não satisfazer por que sempre apenas aproximativo.


X


A Sociedade se mantém coesa, relativamente organizada, em conseqüência de relações de domínio. A norma jurídica, que externa essas relações, cumpre o papel de impor o que se deve fazer e estabelecer a sanção pelo seu descumprimento. O próprio Poder, entretanto, tem suas astúcias quando é combatido pela norma jurídica: estas quedam inertes se os juízes sentam em cima dos processos ou os engavetam e cumprem o seu papel, enquanto classe, de defender seus interesses.


X


Alguém alienado: ausente de si.


X


As aulas estão por vir e a dúvida ressurge: como fazer os alunos transformarem os livros em seus companheiros? A cada semestre a mesma pergunta se repete e a mesma resposta também: “Leram algo durante as férias?” “Algum livro?” “Qual?” E se estabelece o silêncio quase nunca rompido. Devo forçá-los? Cobrar, exigir, impor a leitura de alguma das obras fundamentais da filosofia do Direito? Talvez não, é impossível recordar de alguém que tenha chegado a amar os livros dessa forma. No final das contas, não somos nós que escolhemos os livros, este é que nos escolhem.

X


O PT não conseguiu instrumentalizar a corrupção em favor do seu projeto de Poder por que a corrupção o instrumentalizou antes, muito antes. Ele não sabe, mas as idéias têm vida e nos homens, nos quais habitam, desenvolvem estratégias de sobrevivência que implica em crescer e se reproduzir para não morrer. Não é assim que os vírus sobrevivem? Não é assim que funciona a evolução, que deve ser vista sem qualquer perspectiva valorativa? Esqueçamos Teilhard de Chardin e sua teoria de que o homem marcha, evoluindo, para um “Ômega” que seria sua plenitude com Deus. Como nos mostra a “seleção do mais apto”, não há um valor a ser alcançado, exceto sobreviver...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CHAVEZ RADICALIZA

Deu na Folha de S. Paulo:


Chávez radicaliza (Editorial)

Proibida de transmitir seu sinal aberto em 2007, a rede televisiva RCTV, de perfil crítico ao atual governo da Venezuela, teve agora o seu canal a cabo também suspenso, no último domingo.

Outras cinco emissoras foram retiradas das grades de programação no mesmo dia, por ordem do Executivo venezuelano, acusadas de descumprir a obrigação de retransmitirem "mensagens do governo".

De nada adiantou a Rádio Caracas Televisão recorrer judicialmente da obrigação de fornecer um palanque a mais ao presidente Hugo Chávez. Antes mesmo de haver decisão judicial, o corte do sinal foi imposto pelo governo da Venezuela.

O gesto autoritário, recorrente sob Chávez, reflete também as circunstâncias atuais de seu governo. A recessão econômica, a inflação crescente e a "cubanização" de serviços básicos -o país convive com racionamentos de água e energia- cobram seu preço político.

Enquanto, no início de 2009, a aprovação popular do governo alcançava 60%, ao final do ano o apoio caíra para menos da metade da população.
Acuado, Chávez tenta limitar a atuação da mídia, pois, num país de instituições carcomidas e cooptadas, o que sustenta o regime é sua ligação direta com as massas -para o que a imprensa livre é sempre um entrave.
É nesse objetivo que se inserem seus longos discursos, a tentativa de impô-los a todos os meios televisivos e também seu histrionismo.

Sempre que ameaçado, Chávez lança mão desses recursos para agitar e polarizar o país, com resultados às vezes trágicos. Desde anteontem, protestos favoráveis e contrários ao presidente já levaram à morte de dois estudantes.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, criticou a suspensão da transmissão dos canais de TV. Os governos dos Estados Unidos e da França também condenaram o cerceamento do direito à informação.

Do Itamaraty, nenhuma palavra. Após os surtos de exaltação em Honduras, o Brasil não vê razão para manifestar-se diante dos ataques do chavismo à imprensa.

Para a ministra Dilma Rousseff, Chávez "faz isso em função da problemática dele". E a "problemática" do governo Lula é adotar padrões opostos de reação, conforme sua proximidade ideológica com o agressor.


ESCREVER


ginavivinetto.files.word.press.com

Hemingway

“Mostrou-lhe a necessidade de desligar-se do jornalismo. Não poderia fazer literatura no mesmo estilo da reportagem, simplesmente contando fatos, mas devia extrair da realidade um significado. Ele precisava libertar-se da retórica e aproximar-se mais do discurso espontâneo, sem temer a repetição de palavras ou frases” (“O SOL TAMBÉM SE LEVANTA”; Hemingway).

ADEUS, INFÂNCIA


curvelo.blog.terra.com

Quando minha filha tinha sete anos, comunicou-me gravemente que não acreditava mais em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e na Turma da Mônica. “Acreditar como?”, perguntei. “Que existem, papai.” “E agora?”, insisti. “Papai, é que já sou adulta.”

Ponderei que Papai Noel, por exemplo, existiria enquanto nele acreditassem. Não adiantou. “Papai, se eu acreditar então ele existe p’ra mim?” Fiquei olhando. E agora?, me perguntei, como explicar que Papai Noel é mais ou menos igual ao amor, ou seja, existe enquanto nós acreditarmos?

Quando pela primeira vez ela disse que “talvez Papai Noel não existisse”, senti algo parecido com um desconforto um pouco dolorido. Sua infância estaria indo embora tão cedo? Essas crianças de hoje tornavam-se, mesmo, adultas antes do tempo? E imaginei, na época, que logo, logo, não estaria mais vendo seus braços gordos segurando o guidão da bicicleta, o cabelo espalhado pelo vento, a gargalhada espontânea passando ligeiro por mim no Bosque dos Namorados enquanto seu vulto se perdia ao longe.

Aquela conversa franca e contínua, na qual todos os fatos do dia são narrados ao mesmo tempo em que passam por um processo de avaliação muito pessoal, como quando me comunicou que “eu fui atrás de Pedro Jorge, papai, e disse a ele que não estava mais paquerando com ele, e acho que está certo assim, papai, por que eu sou muito nova p’ra pensar nisso, não é”, seria substituída pelo recolhimento natural da adolescência. Aí a história seria outra: nós, adultos, ficaríamos procurando palavras para nos comunicarmos, e encontraríamos impaciência e silêncio.

Depois, o mundo a levaria. E assim como com todos os outros, a nossa esperança passaria a ser a internet, o telefone, as visitas esporádicas. Viriam marido e filhos e a dimensão do sentimento que sentiria por ela talvez não pudesse nunca mais ser expressa da forma como o fazia naqueles tempos, quando a tinha ao meu lado, na rede, me contando minuciosamente tudo quanto acontecera na escola e eu aproveitava para fazer cócegas no seu pescoço e assanhar seu cabelo, sob um protesto silenciado com promessas de me comportar que nunca foram cumpridas.




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

AUTO-PROMOÇÃO

Este blog agradece a Aluísio Lacerda, Jânio Rêgo, Ângelo Osmiro, Manoel Severo e Sérgio Dantas por freqüentá-lo.

Honório de Medeiros

RECADO DE SÉRGIO DANTAS

"Sem dúvida, umas da melhores obras dos últimos tempos, mesmo se considerarmos que é uma biografia; uma 'síntese histórica'.

O escritor foi a fundo. Por exemplo, na questão da presença de Lampião me Juazeiro, Lira enfocou bem o papel de Floro Bartolomeu no estranho convite, assim como mostrou a inexistência de um suposto encontro deste com o cangaceiro.

O mito que houve esse conclave entre Lampião, Padre Cicero e o 'Coronel' Floro é apenas ficção ,como já de muito se sabe.

Floro, de fato, viajou para o Rio de Janeiro - acometido de sífilis em estado terciário - no início de fevereiro de 1926, enquanto Lampião só chegará ao Juzeiro em março.

Outro enfoque fantástico é o 'esmiuçar' da história (sempre ela) da Beata Maria de Araújo, desconhecida pela maioria dos Nordestinos.

Não sei se minha sugestão teria alguma força, mas creio que é obra imprescindível para quem deseja entender NORDESTE!

Sérgio Dantas.

RECADO DE ALUÍSIO LACERDA

Mestre Chico Honório,

O ex-governador Cortez Pereira era o maior defensor do manual ecológico do Padre Cícero. Represar todos os rios e riachos e plantar algaroba eram recomendações que Cortez fazia sempre que falava para as muitas platéias do semi-árido. Basta visitar sua Fazenda em Campo Redondo. Na vizinha Paraiba, o divulgador da algaroba é o grande Manoelito. Sua palestra na Assembléia Legislativa do RN, nos anos´90 foi inesquecível.
 
Um abraço,

Aluisio Lacerda

ESCREVER

“O autor mais admirado por ele era Blaise Pascal. Em busca de uma perfeição comparável à do escritor-filósofo, Saint-Exupèry empreendia um árduo processo de revisão e reescrita que reduzia em duas terças partes seus manuscritos originais” (“Vida e Morte do Pequeno Príncipe”; Paul Webster).