segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ESCOLHEMOS RACIONALMENTE?


* Honório de Medeiros


Muito boa a entrevista da Veja, nas páginas amarelas, com Avi Tuschman, antropólogo evolucionista americano da Universidade Stanford, autor de Our Political Nature: The Evolutionary Origins of What Divide Us.

 Ele é especialista no estudo das raízes das nossas escolhas ideológicas, e afirma que a carga genética de uma pessoa influencia suas escolhas políticas tanto quanto as informações que ela recebe ao longo da vida.

Ou seja, é como eu venho dizendo ao longo de várias matérias postadas nesse blog. O grande sobrevivente dentre os titãs do conhecimento humano no século XX foi Darwin. Sua Teoria da Evolução sobreviveu às críticas desde seu surgimento. Teoria que tende um pouco a frente a se transformar em lei universal, tal sua resistência aos testes que lhe foram aplicados.

Freud não resistiu ao desmonte que seus ex-alunos, especialmente Otto Rank e Jung, fizeram do núcleo de sua teoria. Muito menos a crítica dos epistemólogos quanto ao caráter não científico de sua metodologia. O marxismo passou a ser percebido enquanto um subsistema da lei da evolução, dispensada sua filosofia de cunho hegeliano, falsa inclusive em seu cerne, qual seja a filosofia da identidade, ou melhor, sua lógica dialética. E Einstein, o imenso Einstein, sucumbiu à física do interior da matéria, à física quântica de Heinsenberg e Planck, muito embora tenha transformado a física newtoniana em um caso limite de sua teoria da relatividade geral.

Pois bem recomendo a quem quiser se aprofundar no assunto ler O Animal Moral e Não Zero: A Lógica do Destino Humano, de Robin Wright. E quem quiser ir mais além, muito mais além, ler O Gene Egoísta, de Richard Dawkins, e A Perigosa Ideia de Darwin, de Daniel C. Dennet.

Mas trocando em miúdos, o que mesmo afirma o autor entrevistado pela Veja?

Ele afirma, entre outras coisas, que em boa medida os homens já nascem “programados” para serem liberais ou conservadores, e que não somos totalmente racionais em nossos posicionamentos políticos. Esse é o cerne da entrevista.

Em relação à afirmação de que não somos totalmente racionais em nossas vidas, vale a pena ler Subliminar e O Andar do Bêbado, ambos de Leonard Mlodinow, professor do famoso Instituto de Tecnologia da Califórnia. Já abordei seu pensamento em http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2013/12/fe-foco-e-disciplina.html, postagem surpreendentemente bastante visitada.

Quanto a nascermos ou não “programados”, em boa medida, não somente quanto à ideologia, mas em muitas outras áreas que supúnhamos racionalmente ocupadas pela espécie humana, estamos no marco quase zero de um processo que há de revolucionar a civilização, tal o impacto que irá causar. No Direito, por exemplo, atingirá seus alicerces.

Isso se o avanço da ciência sobreviver ao obscurantismo.

Arte em www.publikador.com

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