sábado, 4 de junho de 2011

CARLOS SANTOS, O "REBELDE COM CAUSA"

Carlos Santos por Ricardo Lopes

Jornalista experiente, escritor, Carlos Santos firmou seu nome como sinônimo de estilo, profundidade e independência em seus textos. Atualmente seu blog, o www.blogdocarlossantos.com.br, é referência no Estado, e, até mesmo fora dele, em Política e áreas afins. A este blog, gentilmente, o "rebelde com causa" de Mossoró concedeu a entrevista abaixo:

Blog: Vc foi, até prova em contrário, o primeiro jornalista do Rn a apontar equívocos no início da gestão da Governadora Rosalba Ciarlini. A que vc atribui esses equívocos?

Carlos: Mais do que uma crise financeira, há uma crise de método, de mentalidade. Rosalba e seu grupo implementaram um conceito de relação, com os administrados, com base no que imprimiram na Prefeitura de Mossoró, plasmado numa visão unilateral. Aos poucos, eles percebem que "o Estado não é a Prefeitura de Mossoró e o RN não é Mossoró".

Blog: Quais os principais equívocos cometidos pela Gestão Rosalba Ciarlini nestes primeiros meses de Governo?

Carlos: Como disse há pouco, é de método, de mentalidade. A governadora já cometeu vários deslizes verbais que passariam despercebidos em Mossoró, mas não em Natal e no comando do Estado. Afirmou que o Estado estava quebrado e autorizou liberação de recurso para Carnaval e times de futebol; disse que não tinha nada com fechamento do Meios e depois saiu remendando financeiramente essa ONG; declarou que a violência urbana em Mossoró era culpa do Presídio Federal e em seguida mandou uma força militar passar alguns dias na cidade, só para se exibir nas ruas, sem que a violência fosse estancada. Para completar, escalou o culto e inteligente Paulo de Tarso Fernandes, secretário de Gabinete, para negociar com grevistas, mas gerando provocações e vilipêndios. Precisa descer dos "saltos". O Estado não é a Prefeitura de Mossoró. Simples assim. 

Blog: Do quê se leu na mídia no final do Governo passado e início deste qual a sua opinião: o Estado está quebrado ou está fazendo caixa?

Carlos: Balela. Já assistimos esse filme antes. Claro que o Governo faz caixa. É o mesmo álibi empregado na Prefeitura de Mossoró, em que a folha de pessoal sempre respondeu por custo ínfimo, longe de causar ameaça à estabilidade gerencial. Faz parte de nossa cultura política esse discurso, de satanização do antecessor-adversário, para parecer que a tarefa à mão é uma obra hercúlea. Wilma de Faria fez isso. Lembra? Em quatro anos, Rosalba deverá movimentar mais de R$ 45 bilhões e choraminga por um "rombo" que hoje não ultrapassaria R$ 800 milhões. Cadê a crise? Cadê o rombo? Ela tem coragem de convocar os outros poderes  para uma verdadeira reforma de estado, em vez de promover a asfixia salarial dos "barnabés"? Não creio. O Estado continuará sendo um Robin-hood pelo avesso, tirando dos mais carentes para servir a uma minoria privilegiada.

Blog: Quem realmente influi nas decisões da Governadora e por quê? 

A cabeça pensante, a visão ideológica de poder e gerencial, é Carlos Augusto Rosado, marido da governadora. Sempre foi assim, não será diferente agora. "É o cara", digamos. Mas ele ouve muito Paulo de Tarso, além de confiar sobremodo em dois técnicos capazes, Obery Júnior (Planejamento) e Kátia Pinto (Infra-estrutura). Contudo nada acontece sem seu aval. Ele é responsável pelo ousado projeto de poder que catapultou Rosalba à Governadoria. Resta saber se tinha também um plano de governo. Por enquanto, os primeiros sinais indicam que não.  

Blog: Vc acredita na possibilidade de um bom Governo Rosalba Ciarlini?  

Carlos: Repito o que disse após as eleições do ano passado e ratifiquei várias vezes em meu blog - www.blogdocarlossantos.com.br - sem qualquer ranço de má vontade, mas assinalando uma visão com base em elementos históricos e políticos: Rosalba caminha para fazer um bom governo, mas convencional, sem inventividade ou ousadia, como aconteceu em três passagens pela Prefeitura de Mossoró. Estamos longe de experimentar o que gestões como de Aluízio Alves e Cortez Pereira esboçaram para o Rio Grande do Norte. Depois deles tivemos muito "feijão com arroz" ou nem uma coisa nem outra. Lembro o genial paraibano José Américo: "Há uma miséria maior do que morrer de fome no deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã". O RN.  

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