* Honório de Medeiros
Hannah Arendt nos encaminha, em “Responsabilidade e Julgamento”, à noção de que devemos a Paulo a ideia de “vontade”.
Paulo, crucial para a construção da doutrina da Igreja Católica, o verdadeiro fundador da filosofia cristã, com sua “Carta aos Romanos”.
Lê-se, em Romanos, um momento antológico do processo civilizatório: “Assim, o que realizo, não o entendo; pois não é o que quero que pratico, mas o que eu odeio é (o) que faço” (7,19-21).
Terá sido para cumprir esse desígnio que Jesus o interpelou na estrada de Damasco? “Saulo, Saulo, por que me persegues? “Quem és, Senhor?”. “Jesus, a quem tu persegues. Levanta-te, entra na cidade e te dirão o que deves fazer” (Atos 9:5,6).
Sabemos que se deve à “Carta aos Romanos”, a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação (DCDJ), assinada entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica Romana em 31 de outubro de 1999, em Augsburgo, na Alemanha.
Também foi o ponto de partida da Reforma Protestante: Lutero escreveu seu “Comentário aos Romanos”, em 1515, e nele já se encontra seu pensamento acerca da Justificação.
Arendt nos mostra o percurso intelectual desse conceito no pensamento de Agostinho, tão importante para a filosofia cristã: “Sempre que alguém delibera, há uma alma flutuando entre verdades conflitantes” (“Confissões”).
A Vontade decidirá.
Bem como em Nietsche e Kant, além de nos por a par de que o fenômeno da Vontade era desconhecido na Antiguidade, e que sua descoberta deve ter coincidido com a da liberdade enquanto questão filosófica, distinta de um fato político.
Vontade, Liberdade, Verdade.
Fundamental.
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