* Honório de Medeiros
A SAGA DOS FERNANDES II
AGOSTINHO PINTO DE
QUEIRÓZ, DEPOIS AGOSTINHO FERNANDES DE QUEIRÓZ
Agostinho Pinto de Queiróz, depois Agostinho Fernandes de Queiróz, era filho do português José Pinto de Queiróz, o patriarca de Serrinha dos Pintos, e Anna Martins de Lacerda, irmã de Joanna Martins de Lacerda esta, por sua vez, esposa do também português Manoel Fernandes e pais de Mathias Fernandes Ribeiro, acerca de quem discorremos na crônica anterior.
Agostinho nasceu em Martins, no Rio Grande do Norte, em 21 de abril de 1780, e faleceu em 6 de março de 1866. Casou-se com Francisca Romana do Sacramento[1], filha de Mathias Fernandes Ribeiro. Desse casamento originaram-se os Fernandes de Queiróz no Alto Oeste potiguar.
Foi um homem notável, em sua época. Revolucionário em 1817, encarcerado na Bahia de 1817 a 1822, quando foi anistiado[2]. Em 1832 combateu Pinto Madeira na fronteira com o Ceará. Manoel Onofre Jr.[3] Nos conta, citando Nestor Lima, que por terem fugido do batalhão por ele comandado “dois soldados, Patrício e Felizardo (...), o comandante mandou prendê-los e sumariamente fuzilá-los por deserção. Foi, por isso, julgado e condenado, mas a condenação prescreveu, porque nunca foi executada, e ele sempre residiu na serra”.
Logo após o combate, escreveu ao Governador da Província do Rio Grande do Norte pedindo para trocar o sobrenome “Pinto” por “Fernandes”, da família de sua esposa. Em 27 de fevereiro de 1842 passou a ser o primeiro Presidente da Câmara Municipal (Intendente) da Vila de Maioridade (atual Martins).
Tavares de Lira[4] nos diz que “Quando o saudoso desembargador Vicente de Lemos fazia a remodelação do Arquivo da Secretaria do Governo, encontrou a prova documental desse fato e a entregou a um bisneto daquele revolucionário, o qual asseverava:
“Quartel de Portalegre, 7 de maio de 1832.
Ilmo. e Exmo. Snr. Presid. da Prov. do Rio Grde. do Norte,
JOAQUIM VIEIRA DA SILVA E SOUZA
Tenho em mta. consideração o Respeitável ofício de V. Excia., de 7 de maio p.p., e de toudo conteúdo estou certo a dar sua devida execução.
Deus guarde V. Excia. mO amO.
L.S. Sempre foi o meu Velaxo de PINTOS, como tenho excomungado o PINTO MADRa., mudei o meu Velaxo deora indeante pa. FERNANDES.
Tente. Coronel
AGOSTINHO FERNANDES DE QUEIRÓZ[5].”
Em 1838, o regente do Império nomeou-o um dos Vice-Presidentes da Província do Rio Grande do Norte.
Câmara Cascudo[6] relata que de Agostinho vem uma tradição comovente: “Prisioneiro na cadeia da Baía, Agostinho teve um grande amigo na pessoa de um oficial chamado Childerico. Dispensa de serviços, melhoria na alimentação, livros para ler, notícias de Martins, tudo Childerico arranjava. Indultado, Agostinho Pinto de Queiróz fez a singular promessa de manter na família o nome daquele a quem devia tantos obséquios. Até hoje, há mais de cem anos, a família Fernandes cumpre a imposição emocional de seu antigo chefe. Há sempre vários Childericos, nomes de reis merovíngios, entre os sertanejos norte rio grandenses.”
Agostinho Pinto de Queiróz ou Agostinho Pinto Fernandes foi irmão de Domingos Jorge de Queiróz e Sá, que se casou com Maria José do Sacramento, irmã de Francisca Romana do Sacramento, ambas filhas de Mathias Fernandes Ribeiro. Domingos teve quatorze filhos, dentre eles Antônio Fernandes da Silveira Queiróz (o Major do Exu), o Cônego Pedro Fernandes de Queiróz, deputado provincial em três legislaturas (1835/1837, 1838/1840, 1845/1847) e o Tenente Coronel de Batalhão José Fernandes de Queiróz e Sá.
O casamento do Major do Exu com sua prima Joanna Gomes de Amorim, filha do Coronel Agostinho Fernandes de Queiróz, Belarmina Martins de Lacerda e Joana Fernandes de Lacerda, estas últimas sobrinhas, filhas da Irmã Silvana Martins de Lacerda rendeu-lhe dezessete filhos, dos quais Epiphanio José Fernandes de Queiróz (Major Epiphanio), Antônio Fernandes de Queiróz Filho, e o Cônego Bernardino José de Queiróz e Sá, de quem trataremos nas próximas crônicas.
[1] Segundo João Bosco Fernandes, o.a.c., ela era a filha primogênita de Mathias Fernandes Ribeiro.
[2] Em Natal a revolução se mantivera de 29 de março a 25 de abril de 1817, encerrando-se com o assassinato do comandante André de Albuquerque.
[3] “MARTINS A Cidade e a Serra”; 3ª edição; Sebo Vermelho; Natal, Rn.
[4] “História do Rio Grande do Norte”.
[5] Conforme “A República”, Natal, Rn, 30 de abril de 1926.
[6] Citado em “O Guerreiro do Yaco”, de Calazans Fernandes.
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