domingo, 17 de julho de 2016

III A SAGA DOS FERNANDES DO ALTO OESTE POTIGUAR (continuação)

* Honório de Medeiros


A SAGA DOS FERNANDES III


O TENENTE CORONEL JOSÉ FERNANDES DE QUEIRÓZ E SÁ


Como vimos, Domingos Jorge de Queiróz e Sá foi irmão de Agostinho Pinto de Queiróz, depois Agostinho Fernandes de Queiróz, ambos filhos do português José Pinto de Queiróz. Domingos casou-se com Maria José do Sacramento, filha de Mathias Fernandes Ribeiro e teve, dentre outros, o Cônego Pedro Fernandes de Queiróz, deputado provincial em três legislaturas[1] (1835/1837, 1838/1840, 1845/1847), que faleceu em Pernambuco, no ano de 1875, e o Tenente Coronel de Batalhão José Fernandes de Queiróz e Sá.

O Tenente Coronel casou-se com sua prima Margarida Gomes da Silveira, filha do Coronel Agostinho Pinto de Queiróz. É ele a raiz dos Fernandes Queiróz de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte. Percebe-se sua importância, na época, a partir do seguinte texto[2]:

“Em 28 de fevereiro de 1851 o jornal “A Imprensa”, do Rio de Janeiro, ao transcrever longa correspondência oriunda do Rio Grande do Norte, na qual se relatam as perseguições supostamente sofridas pelos “sulistas” no âmbito do município do Açu, dá-se conta de uma apreensão ilegal, feita pela polícia “nortista” da cidade, de correspondência encaminhada por líderes liberais lá residentes ao Coronel José Fernandes de Queirós e Sá[3], líder político em Pau dos Ferros, informando-o “sobre plano de assassinato tentado contra o Dr. Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti”.

“Na mesma correspondência é transcrito Mandado expedido pelo Juiz Municipal de Assu com o seguinte teor[4]:

“Mando a qualquer oficial de justiça a quem este for apresentado, indo por mim assinado, em seu cumprimento varegem a casa do tenente coronel Manoel Lins Caldas, e capturem os réus José Brilhante e José Calado, que segundo a notícia dada a este juízo ali se acham no intuito de assassinarem o Dr. Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti” (...).

“Em 30 de janeiro de 1852 o “Correio da Tarde” transcreve, em sua “Parte Oficial”, correspondência do Presidente da Província do Rio Grande do Norte, José Joaquim da Cunha[5] ao Ministro da Justiça Eusébio de Queiróz Mattoso Câmara informando-o acerca da prisão de José Brilhante de Alencar e “mais oito dos seus sequazes” por “Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti e outras autoridades combinadas” que “convocando gente armada, e reunindo-lhes as praças do destacamento de primeira linha, ali estacionado, no dia 21 de novembro[6] último” os atacaram na “Casa de Pedra” e depois de “um fogo vivo não tiveram os insurgentes outro remédio senão render-se.” A mesma notícia foi divulgada pelo “Diário do Rio de Janeiro”.

Observe-se que nas Províncias[7], como reflexo das ideias e tendências desses partidos nacionais[8], os partidos políticos se uniam em dois agrupamentos: Nortistas (também chamados de saquaremas) e Sulistas (ou Luzias). Essas denominações locais de nortistas e sulistas, ou saquaremas e luzias, como também eram usadas, não significavam, todavia, organizações homogêneas. Com programas semelhantes e processos idênticos, não possuíam nenhuma característica fundamental. A atuação política dos mesmos estendeu-se até 1853, quando começaram a desaparecer, após a política de conciliação. As denominações locais foram, então, pelos nomes dos partidos Conservador (originado do Nortista) e Liberal (originado do Sulista), que se mantiveram até a queda do Império.

Se o Tenente Coronel José Fernandes de Queiróz e Sá é a raiz dos Fernandes Queiróz de Pau dos Ferros, indiscutivelmente seu filho Childerico José Fernandes de Queiróz é o tronco.

ANTÔNIO FERNANDES DA SILVEIRA QUEIRÓZ (o “Major do Exu”)

O Major do Exu, como era conhecido Antônio Fernandes da Silveira Queiróz, era irmão do Tenente Coronel José Fernandes de Queiróz e Sá. Do seu casamento com Joanna Gomes de Amorim, filha do Coronel Agostinho Fernandes de Queiróz e irmã de Margarida Gomes da Silveira, esposa do Tenente Coronel José Fernandes de Queiróz, nasceram, dentre outros, o Major Epiphanio José Fernandes de Queiróz (o “Major Epifânio”), e o Cônego Bernardino José de Queiróz e Sá, acerca de quem trataremos em crônicas próximas, juntamente com Childerico José Fernandes de Queiróz, deles primo legítimo.

[1] Conforme João Bosco Fernandes, o.a.c. 

[2] “Histórias de Cangaceiros e Coronéis”, Honório de Medeiros, Sebo Vermelho Edições, 2015, Natal, Rn. 

[3] Tetravô do Autor. 

[4] Com grafia atual.

[5] Conservador. 

[6] De 1851. 

[7] Segundo Reinado.

[8] Conservador e Liberal. 


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