terça-feira, 28 de outubro de 2014

QUEM DÁ AS CARTAS NO BRASIL É O PMDB

* Honório de Medeiros

Nesse próximo mandato de Dilma, tudo continuará como dantes, ou seja, o PMDB continuará dando as cartas no jogo político e, por conseguinte, mandando no Brasil.

Preside o Senado, preside a Câmara. Com seus senadores e deputados é o fiel da balança entre a oposição e o Governo. Nada é aprovado no Congresso sem seu aval e somente o é se lhe interessar.

E como não tem cor definida, sua bandeira é cambiante, sua ideologia é camaleônica, e não é estranho ao PSDB e seus aliados, ou seja, a oposição, muito antes pelo contrário, para ela pode migrar em 2018 se a economia, por exemplo, desandar. Ou se a insatisfação popular, por um motivo ou outro, crescer. Ou se o Governo não o tratar com a atenção (leia-se ser ouvido em tudo e por tudo) e o carinho (leia-se cargos) que ele sabe que merece.

É da natureza do PMDB não ter qualquer consistência político-ideológica. Professa uma frouxa defesa do que poderíamos denominar, com muita boa vontade, de "social democracia".

Na verdade o Partido funciona, ideologicamente, mais ou menos como a biruta de um aeroporto, se posicionando de acordo com o sabor do vento. Seus cardeais são doutores em auscultar os ruídos das ruas e campos e conciliar com os interesses específicos dos seus integrantes. 

São sobreviventes das intempéries políticas. Integram aquele grupo, no Brasil, que segura as rédeas do Poder desde a República Velha.  

Matreiro, manhoso, às vezes sutil, às vezes rude, o PMDB exerce com rara competência a rotina do Poder. Essa matreirice lhe permite, por exemplo, o mais das vezes, não se desgastar com as ações governamentais impopulares e, ao mesmo tempo, obter dividendos políticos com os acertos porventura existentes. Quando há erros, a culpa é deles; se há acerto, o  mérito é nosso.

Depois de eleita Dilma afirmou que vai insistir em um plebiscito para realizar a tão sonhada, pelo PT, reforma política. Que nada! Renan, cardeal do PMDB já disse que não é bem assim, que o melhor, mesmo, é a realização de um referendo. O que está por trás dessa discrepância? Simples: no caso do referendo, quem vai dar as cartas é o Congresso, o PMDB, que manterá todo o controle acerca de todo o processo. Sutilmente deu o recado: "sem nós, Presidenta, não se faz nada; conosco, do jeito que quisermos".

O PMDB é tão manhoso que é cindido esperta e deliberadamente em dois. Uma parte alinha com o Governo, outra faz guerrilha tática contra. É a velha estratégia do "morde" e "assopra". E assim, vendendo caro, muito caro, sua lealdade, vai impondo sua pauta política ao Brasil e engazopando o PT.

Ou impondo sua pauta política ao PT e engazopando o Brasil. A ordem dos fatores não altera o produto.     

Um comentário:

Luiz Melo disse...

Mais uma análise perfeita Mestre.