Ockham
Honório de Medeiros
O nominalismo de Guilherme de Ockham questionou a possibilidade de as
coisas (“a Coisa-Em-Si”, “ o Objeto”, “o Ser”, “a Realidade”) dizerem, ao
Sujeito Cognoscente, aquilo que elas são (quais são suas essências).
Nós é que, enquanto demiurgos, ordenamos, organizamos, aquilo que
nossos sentidos apreendem, de forma caótica, a partir do nosso conhecimento pré-adquirido
(Kant, Bachelard, Popper).
Podemos rastrear tal concepção até o relativismo sofista (Protágoras de
Abdera, Antístenes versus Platão), mesmo até Parmênides.
O nominalismo também impede a fenomenologia de Bérgson e Husserl e a
pretensão de uma ciência cujo objetivo seja “compreender”: não é o
termo “salinas” que me diz algo; eu é que digo algo dele, a partir do conhecimento que já possuo. Não há essência a ser
apreendida, Platão estava errado, os sofistas estavam certos.
Thomas Nagel (“Visão a Partir de Lugar Nenhum”; Martins Fontes; SP;
2004; 1ª edição; p. 137; nota) observa que “Chomsky e Popper rechaçaram as
teorias empiristas do conhecimento”.
Nominamos relações, processos, evanescências; não há coisas a serem
nominadas. O Justo não está fora de mim, está em mim...
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