Como um conjunto dos círculos concêntricos dentro de outros círculos originados pela pedra jogada na plácida superfície de um lago imaginário, assim é a Realidade. Claro que a imagem do círculo não reflete a Verdade. Trata-se, apenas, de uma imagem que permite uma melhor apreensão da idéia exposta. Talvez, para sermos mais precisos, pudéssemos dizer: são campos dentro de campos, entendidos cada campo desses como uma malha aberta cujos pontos de intersecção entre seus fios são lugares mais densos no que diz respeito a algum fenômeno específico e que “funciona” como atrator em relação a epifenômenos que dele sejam conseqüência.
A Norma Jurídica é um epifenômeno que está situado no campo ao qual denominamos “Direito” e este, por sua vez, está situado em outro campo que o abrange, assim como a outros fenômenos, tal qual o econômico, ou o político, que é a Sociedade. A Sociedade está em um campo que, por sua vez, o contém, ao qual podemos denominar de Realidade Social, uma vez que há a Realidade Física. Nesse sentido a Realidade total comportaria a totalidade das Coisas e Fenômenos imaginada por Kant.
Quando dizemos que o coronelismo é um fenômeno específico, singular, estamos deliberadamente afastando a possibilidade de haver fenômeno idêntico, em seu conteúdo e forma, no mesmo ou em outro tempo e lugar. Ao pensarmos o contrário, podemos situar, por exemplo, o cangaço, e o banditismo do Oeste americano em um mesmo campo, qual seja o campo social, e, mesmo, em um campo dentro do campo social, qual seja o da criminalidade, desde que os parâmetros que definem esta sejam compatíveis com o cangaço e o “faroeste”. Hobsbawn tenta tal com sua proposta de “bandido social” mas seus parâmetro não resistem à crítica.
No que diz respeito ao coronelismo, por exemplo, podemos situá-lo no campo social do Poder, assim como o baronato feudal europeu. Haveria outras semelhanças?
A realidade é uma malha aberta cujos pontos de intersecção mais densos – os atratores sociais – congregam fatos e ações mais assemelhados entre si. Tais pontos, ao se conectarem (Direito com Economia com Poder com Religão, etc.), formam a malha social.
É inegável a importância de Pierre Bourdieu para a compreensão do que seja “campo social”.
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