sábado, 6 de fevereiro de 2010

QUEM ACREDITA EM PESQUISA DE OPINIÃO?

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Leio que o Governo este ou aquele conta com tanto por cento de aprovação popular. E olho para um lado e outro e percebo, até onde a vista alcança, os mesmos problemas de ontem atormentando o povo de sempre: baixo nível do ensino, deterioração da saúde pública, ausência de medicina preventiva, roubos, homicídios, aumento nos índices de acidentes de trânsito, somente para ficar na educação, saúde e segurança públicas.

Alguns dizem que a permanência, nesta altura dos acontecimentos, de índices altos de aprovação popular indica que o estoque de esperança do povo ainda não acabou, embora o tempo, insidioso, esteja corroendo lentamente esse patrimônio que pode acabar abruptamente, se surgir algo como um escândalo estratosférico de corrupção. Pode ser. Se não for, estamos todos certos em supor que o brasileiro é incorrigível na sua capacidade de acreditar e se resignar.

Mas há outra opinião. Segundo ela, o povo constata que nada mudou, ou seja, tudo continua igual, não há soluções, as decisões levam sempre em consideração o interesse político, troca-se meia dúzia por seis, e no final das contas, como não é possível comparar as atuais administrações com outras que, de fato, tenham sido pelo menos razoavelmente boas, a inércia prepondera e a aprovação surge por cansaço, resignação, até mesmo tédio.

Obviamente o governante que tem a real intenção de fazer algo digno de seus votos deve, com humildade, observar a lição da história: a aprovação ao seu governo não pode embotar o senso crítico de quem tem tal responsabilidade e considerar como ruído incômodo e descartável o barulho de quem não concorda. Se essa aprovação fosse acrítica os governos não cobrariam tributos, e Oswaldo Cruz, por exemplo, não teria desenvolvido aquelas primeiras campanhas de vacinação no Brasil. E, hoje, teríamos a pena de morte.

O meu voto vai pela impossibilidade do povo de comparar estes atuais governos, medíocres, com quaisquer outros que tenham sido bons. Como não é possível a comparação, e já há conformação com o que aí está, acentuada por ricas e competentes campanhas publicitárias especializadas em maximizar o mínimo (os avanços, se os há) e minimizar o máximo (os erros, e como os há), o povo prefere aprovar governos que, para ele, não são catastroficamente ruins.

Assim, os governantes continuam vendendo, à opinião pública, governos que não fazem nem acontecem, e nós, por outro lado, continuamos a não termos políticas públicas de qualquer espécie. Quem duvidar pergunte a si mesmo: qual a política pública que você conhece? É admissível que no Brasil ainda haja analfabetos? Um processo judicial leve, em média, doze (12) anos para terminar? Os traficantes continuem dirigindo, mesmo presos, seus comparsas, através de celulares? Mulheres ainda morram em trabalho de parto?

Marx chamaria essas aprovações populares a governos medíocres de alienação. Haja alienação!

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