* Honório de Medeiros
(honoriodemedeiros@gmail.com)
O duplo de Vila-Matas, em Perder teorias, narrando seu périplo em Bourdeaux onde proferiria uma palestra que não houve, lembrou, enquanto vagava ao léu, a "literatura da percepção", citando Kafka, que intuiu "para onde iria evoluir a distância entre Estado e indivíduo, singularidade e coletividade, massa e cidadão".
Entretanto não aceitou, o duplo, que a "literatura de percepção" fosse o mesmo que "literatura profética", a qual denominou de "nada interessante".
Citou, ainda, o hoje pouco conhecido Julien Gracq, autor de O Mar das Sirtes, fundamental antecessor da narrativa moderna que, segundo ele, faria parte da corrente de escritores que têm a capacidade de antevisão, pois aparentemente anteviram o grande problema dos dias atuais, qual seja "a situação de absoluta impossibilidade, de impotência do indivíduo frente à máquina devastadora do poder, do sistema político".
Nada mais, nada menos, que genial!
Agora nos resta debater, à exaustão, acerca da questão que não se omite: que fazer?
Cruzar os braços?
Lutar, mesmo que aparentemente em vão?
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