* Honório de Medeiros
Parte dos nossos intelectuais sofre da Síndrome de Rolando Lero.
Consiste isso em explicar o passado a partir de suas crenças pessoais, alterando a explicação conforme surjam obstáculos fáticos ou racionais de natureza relevante, que os levam a adaptá-la para assegurar sua sobrevivência (da explicação).
Como quando o marxismo pretendeu explicar o cangaço enquanto luta de classes.
Ou como quando a antropologia política explicou as sociedades indígenas sem estado enquanto sociedades primitivas.
Ou, ainda, como quando a psicanálise fundamentou sua teoria exclusivamente no complexo de édipo e electra.
O verdadeiro conhecimento é aquele que propõe hipóteses acerca do futuro, fazendo predições ousadas que, uma vez concretizadas, assegurarão a validade e a relevância do pensamento do intelectual que as elaborou.
Dizer por qual razão se ganhou ou perdeu essa ou aquela eleição é tarefa inglória, dada a impossibilidade de se dispor de todas as variáveis envolvidas no processo analisado.
Digam-me quem vai ganha-las, daqui para a frente. Isso é ciência.
O resto é lero.
Um comentário:
Pra mim, Honorífico, todo intelectual é um chato com ou sem galocha. Falastrão ou conciso. Seu texto acerta na mosca. François.
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