sábado, 7 de dezembro de 2013

AS MULHERES SERRANAS

 
 
 
Honório de Medeiros


Ah, as mulheres da Serra, frescas, em flor, sem nada que as enfeite exceto a simplicidade. Elas vestidas de simplicidade. “Uma carne sadia, abundante e rosada”, como descreve Proust, em “No Caminho de Swann”. Nada artificial, nelas. Não há um jogo sequer nas suas atitudes para com os homens. Beber, comer, amar, é tudo tão natural! Swann “prefiria infinitamente à beleza de Odette a de uma pequena operária fresca e rechonchuda como uma rosa, de quem se enamorara...” Está em Proust. Em contraposição a essa naturalidade sadia, o universo urbano recheado de mulheres excessivamente enfeitadas, com a mente tomada por negaceios e articulações, no afã infindável de seduzir por seduzir: o óculos de sol, a roupa de grife, o olhar dissimuladamente distante, o celular através do qual são armados os lances do jogo. Por quem, no final, Vaumont se apaixona em “As Relações Perigosas”, de Chorderlos de Laclos, senão pela inteireza de sentimentos e ações, distante de qualquer dissimulação, da mulher que julgara tão fácil seduzir e descartar? Uma mulher inteira, na plenitude de sua condição feminina. Uma mulher por quem valeria a pena uma entrega total...
 

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