“Nenhuma
classe da sociedade civil pode desempenhar este papel sem provocar um momento
de entusiasmo em si e nas massas, momento durante o qual confraterniza e
funde-se com a sociedade em geral, confunde-se com ela, sendo sentida e
reconhecida como sua representante geral; momento em que suas exigências da
própria sociedade, em que é realmente a cabeça e o coração da sociedade. Somente
em nome dos direitos gerais da sociedade pode uma classe especial reivindicar
para si a dominação geral. Para a tomada de assalto desta posição emancipadora
e, portanto, para a exploração política de todas as esferas da sociedade no
interesse de sua própria esfera, não bastam apenas a energia revolucionária e o
orgulho espiritual. Para que coincidam a revolução de um povo e a emancipação
de uma classe especial da sociedade civil, para que um estamento seja
reconhecido como o estamento de toda a sociedade, é necessário, ao contrário,
que todas as falhas da sociedade se concentrem numa outra classe, que um
determinado estamento seja o estamento do repúdio geral, que seja a soma da
limitação geral; é necessário que uma esfera social particular seja considerada
como o crime notório de toda a sociedade, de tal modo que a libertação desta
esfera apareça como a autolibertação total. Para que um estamento seja par
excellence o estamento da libertação, é necessário, inversamente, que outro
estamento seja o estamento declarado da subjugação. O significado negativo
geral da nobreza e do clero franceses condicionou o significado positivo geral
da classe primeiramente delimitadora e contraposta, a burguesia” (Marx, "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel").
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