segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

PERGUNTEI A ALUÍSIO LACERDA


Aluísio Lacerda

Perguntei a Aluísio Lacerda:

"Quais os pontos fracos do Diário de Natal, Jornal de Hoje e Novo Jornal?"

Ele respondeu:



"O noticiário político, professor Honório.

Há pelo menos uma década entramos num “oito”, e está difícil superar. Estou acompanhando as edições diárias do jornal de Cassiano Arruda, profissional que sabe fazer (editar) jornal. Confesso que não gostei (noticiário político) da primeira edição. Parecia jornal de ontem. Compreendo o sufoco para botar o primeiro número nas bancas. Mas pouco avançou até aqui.

Há novos talentos nas redações do DN, JH e NOVO JORNAL? Sim, há.

A culpa é das fontes? Pode ser, mas é bom atentar para um detalhe: são poucos os políticos nesta terra de Poti que declaram bem, que sustentam um debate equilibrado, conseqüente, proativo.

Como estou afastado das redações há 5 anos, confesso que não sei se ainda há pauta para os repórteres políticos. E acrescento: a maioria não suporta ser pautada pelo veículo, reage ao que se convencionou chamar de “ditadura da pauta”.

Se o repórter não sair desse “oito”, insistir nas mesmas perguntas (quase fofocas), vai acontecer o seguinte: o produto dessa entrevista ou vira uma grotesca manchete de capa ou a fonte, temerosa, fornece apenas algo que não passa de uma nota de coluna. A retroalimentação do mau noticiário político pode sepultar os jornais impressos. Afinal, a mídia nunca mais será a mesma diante da velocidade da internet.

Não se deve esquecer que a informatização das redações sepultou a figura do revisor. O bom revisor, que Carlos Lacerda chamava de DBS (Departamento do Bom Senso), faz uma falta medonha à produção jornalística. O revisor não deixava passar nada, inclusive os erros de informação.

Um exemplo apenas para encurtar essa prosa: no recente episódio envolvendo o governador José Roberto Arruda, o senador José Agripino ameaçou deixar o partido. Logo os apressados abriram o verbo: “Agripino pode deixar o DEM”. Ninguém teve o cuidado de olhar a legislação eleitoral. E sem partido o senador não poderia ser candidato em 2010."

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