Li um texto de uma juíza chamada Fernanda Orsomarzo acerca de meritocracia e condição social que me chamou a atenção. Você pode lê-lo em http://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/juiza-paranaense-fernanda-orsomarzo-viraliza-ao-criticar-meritocracia/.
Fernanda Orsomarzo critica a meritocracia a partir de uma constatação óbvia e de uma conclusão ingênua.
A constatação é a de que saiu na frente de outras pessoas que gostariam de ser juízes, por ser branca, classe média, ter estudado em colégios particulares, falar inglês, com pais participativos, etc, etc...
A conclusão é a de que, portanto, condenemos a meritocracia, porque naturaliza a pobreza, normaliza a desigualdade social e produz esquecimento.
Acabemos, pois, conclui-se da leitura do texto, com a idéia de mérito, posto que ela é injusta. Somente seria justa, se e somente se, as condições de competição fossem iguais para todos.
Agora cabe perguntar: e como obteríamos essas condições iguais para todos? A doutora não nos diz. Mas supondo que as condições fossem iguais para todos, como a escolha seria feita? Quero crer que pelo mérito, claro.
Então o problema não é o mérito em si, mas a pobreza, a desigualdade social, e o esquecimento pelo Estado.
Ao invés de atacar o mérito que levou a Doutora a ser escolhida entre iguais (ou não?), deveriam ser atacadas as condições que o impedem de ser justo, digamos assim.
Quero crer que apesar dos pesares, dentre os concorrentes no concurso que a Doutora prestou o mérito nos proporcionou o melhor. E nós não conhecemos uma outra forma de conseguir esse resultado.
Até por uma razão muito simples: mantida essa premissa da qual parte o raciocínio da juíza, não teríamos eleições, pois é inegável que muitos candidatos saem na frente de outros, no que concerne até mesmo à capacidade de articular suas idéias de forma a torná-las mais persuasivas, em decorrência da educação que receberam. Se não há condições iguais de concorrer, não pode haver mérito; e se houver mérito, perpetua-se o poder daqueles que por uma ou outra razão, similar a aquelas das quais fez uso a Doutora em seu concurso, partiram na frente.
E a quem entregaríamos a responsabilidade da escolha dos nossos juízes, dos nossos dirigentes, se não houver concurso e eleição? Aos mais preparados? E quem tem mérito para fazer tal escolha? A igreja? O partido? A revolução?
A mim me parece que ao invés de condenar a arma, a Doutora deveria ter condenado quem a utilizou.
Até por uma razão muito simples: mantida essa premissa da qual parte o raciocínio da juíza, não teríamos eleições, pois é inegável que muitos candidatos saem na frente de outros, no que concerne até mesmo à capacidade de articular suas idéias de forma a torná-las mais persuasivas, em decorrência da educação que receberam. Se não há condições iguais de concorrer, não pode haver mérito; e se houver mérito, perpetua-se o poder daqueles que por uma ou outra razão, similar a aquelas das quais fez uso a Doutora em seu concurso, partiram na frente.
E a quem entregaríamos a responsabilidade da escolha dos nossos juízes, dos nossos dirigentes, se não houver concurso e eleição? Aos mais preparados? E quem tem mérito para fazer tal escolha? A igreja? O partido? A revolução?
A mim me parece que ao invés de condenar a arma, a Doutora deveria ter condenado quem a utilizou.
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