quarta-feira, 4 de setembro de 2013

DE COMO PROCEDEM OS RATOS


Honório de Medeiros
 

Certo comensal do Poder, da estirpe dos ratos escolados, percebendo que o barco "Governo do Rio Grande do Norte" está fazendo água, e juntando os cacarecos para cair fora - segundo ele - antes do naufrágio, denomina de "absurdamente incompetente" o desempenho da tripulação.

Pondero-lhe que desde o início a tripulação teve que lidar com sérias dificuldades financeiras ao herdar uma imensa dívida da gestão anterior, agravadas pela queda acentuada na arrecadação que mantém o barco. 

O comensal desdenhou de minha ponderação retrucando que "essa dívida deveria ter sido escancarada em todos os portos e entregue imediatamente à Justiça para as providências legais que evitariam tudo quanto aconteceu; e as medidas para saneá-las deveriam ter sido tomadas desde o início, quando a tripulação tinha credibilidade para fazê-lo". 

"O resultado disso tudo", continuou ele, "é que hoje a tripulação não conta com ninguém: nem os passageiros, tampouco a Justiça, incluindo aí Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e Ministério Público, sequer a Assembleia Legislativa, por fim até mesmo seus parceiros nos negócios  que os levaram ao comando do barco a abandonou." 

Pergunto-lhe porque sabendo de tudo isso demorara tanto a cair fora. "Ainda havia algum queijo no porão", respondeu. 

"A tripulação não tem como resolver todas essas dificuldades em um passe de mágica", tento ainda. 

"Então que caia fora. Saia. Peça licença e se retire. Deixe o espaço para outros." 

E com seu andar nervoso de rato escolado subiu a bordo do escaler e se foi, sem sequer olhar para trás, para ver o banco adernando.

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