Em "A Sonata a Kreutzer", de Tolstoi:
"Não
concorda comigo? Permita-me demonstrar-lhe o que digo - começou,
interrompendo-me. - O senhor me diz que as mulheres da nossa sociedade vivem com
interesses diferentes daqueles das mulheres nas casas de tolerância, mas eu lhe
digo que não é assim, e vou demonstrá-lo. Se as pessoas diferem quanto aos
objetivos da existência, quanto ao conteúdo interior da vida, esta diferença tem
que se refletir sem falta na aparência exterior também. Mas olhe para aquelas,
para as infelizes e desprezadas e, depois, para as senhoras da mais alta
sociedade: os mesmos trajes vistosos, os mesmos modelos, os mesmos perfumes, o
mesmo desnudamentos dos braços, dos ombros, dos seios, o mesmo traseiro apertado
e em posição saliente, a mesma paixão por pedrinhas, por objetos caros e
brilhantes, os mesmos divertimentos, danças, músicas e canções. Assim como
aquelas aplicam todos os seus recursos para atrair os homens, fazem estas
também. Nenhuma diferença. Numa distinção rigorosa, deve-se apenas dizer que as
prostitutas a curto prazo são geralmente desprezadas, e as prostitutas a prazo
longo, respeitadas."
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