Chamo-me Diogo. Diogo Mizael Bessa de Medeiros. Nascido em
Pau dos Ferros/RN, filho de Mossoró/RN e adotado por Natal/RN. Brasileiro,
sempre com muito orgulho. No momento não estou muito certo se tenho tanto
orgulho assim. Tenho 24 anos e sou aluno do curso de Medicina da UFRN. Sou e
sempre serei um eterno sonhador. Acredito que meu primeiro sonho tenha sido o
de ser médico. Sonho antigo, desde criança bem pequena...
Sempre quis isso.
Nunca me vi fazendo outra coisa. A gratidão do sorriso de cada paciente e os
seus “obrigados” tem um valor inestimável. Não tenho e nem nunca tive o desejo
de fortuna. Desejo apenas uma vida digna com o ganho da minha profissão, como
todos desejam em qualquer profissão. Não me considero pecador e nem mercenário
por isso. Até porque não tenho e nem nunca tive vocação para a santidade.
Amo o que escolhi
para fazer pelo resto da minha vida. Sinto-me muito feliz por poder viver o meu
sonho. No entanto, diante dos últimos acontecimentos sinto como se a essência
dos meus sonhos estivesse se esvaindo. Vou realizar o meu sonho, vou ser
médico... Mas meu sonho não será completo se eu não puder estar com as pessoas
e ajudá-las. Esse é o meu maior sonho, e acredito que da maioria daqueles que
escolhem casar com a medicina.
Como já citei,
preciso sobreviver. Preciso me sustentar. E para isso, preciso trabalhar. Eu me
sentiria completamente realizado atendendo àqueles que realmente precisam e
sendo pago para isso. No entanto, vejo que isso se torna cada vez mais distante.
As últimas ações da
Presidente da República para com a classe da qual eu farei parte, daqui a um
ano, só afastam os médicos da população carente. Primeiro, importar
estrangeiros; e agora o ato médico foi vetado. Diante disso, só consigo entender
que a Senhora Presidente quer pagar uma mão de obra barata e desqualificada
para atender a população mais necessitada. Ou seja, na verdade ela não liga nem
um pouco para a qualidade, apenas para números.
Deixo claro, todavia,
a importância de toda e qualquer profissão para a prestação de um serviço de
qualidade. É essencial uma cooperação de todos os profissionais. Afinal, médico
não faz fisioterapia, não dá diagnóstico nutricional, não entende a mínima de
exercícios de fonoaudiologia e nem exerce as funções de um enfermeiro. Agora
dar diagnóstico é trabalho do médico. Somos nós que passamos anos estudando
para tentar entender um pouco dessa máquina tão perfeita que é o corpo humano e
perceber quando ela não está funcionando bem. Somos nós que aprendemos a
examinar, a palpar e a associar às doenças. Nenhuma outra profissão estuda para
isso. Por isso, vetar o ato médico é um verdadeiro crime. Mostra que mais uma
vez, a Presidente não liga a mínima para a saúde da população. Afinal, o que
ela pretende é colocar mão de obra barata para exercer a função do médico. Ela
quer tapar buraco. Mas isso não dará certo. Afinal, quem teria coragem de
embarcar em um avião cujo piloto fosse um motorista de ônibus, e não um piloto
de avião de verdade?
O que mais me dói é
saber que o meu sonho não será completo. O que mais me dói é saber que aqueles
que mais sofrem são os que mais irão sofrer. Vou me formar, vou fazer minhas
especializações e vou atender àqueles que terão condição de pagar pelo meu
trabalho. Trabalho não irá faltar. Tenho certeza disso. Mas e aqueles que mais
precisam? E aqueles que mais necessitam? Serão atendidos por estrangeiros ou
por alguém que não estudou para isso.
Como sempre nesse
País quem mais sofrerá serão os que já mais sofrem. Como sempre nesse País a
segregação de classes marca as nossas vidas e nos obriga a ver e viver cenas
cruéis. Tudo isso, devido a atos irracionais, impensados e eleitoreiros que têm
como único objetivo a alienação. Alienação de um povo sofrido, porém lutador,
que não merecia nada disso.
E é por esse povo,
pelos meus princípios e pela essência do meu objetivo que digo que eu não vou
descansar enquanto não realizar o meu sonho, que é o de dia um dia ver um
serviço de saúde de qualidade sendo fornecido à população e fazendo parte desse
serviço. E esse sonho não é só meu... É de muitos estudantes e de muitos
profissionais que estão por aí.
Não nasci para atender somente àqueles que tenham condição
de pagar pelo meu trabalho. Não nasci para ter sonhos incompletos. Lutarei pelo
que eu acredito até o fim. E tenho certeza de que um dia ainda terei muito
orgulho do meu País, quando tivermos um serviço de saúde de qualidade.
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