segunda-feira, 20 de agosto de 2012

MONTAIGNE E A DESCOBERTA DA LENTIDÃO (PREGUIÇA)


Michel de Montaigne

sarahbakewell.com


Para Carlos Santos, no outono de sua existência.


"Montaigne seria uma boa referência para o moderno Movimento Devagar, que, originado no fim do século XX, aos poucos foi se disseminando e se transformou quase num culto. Como Montaigne, seus seguidores fazem da lentidão uma espécie de princípio moral. Seu texto fundador é o romance The Discovery of Slowness (A descoberta da lentidão), de Sten Nadolny, que conta a vida do explorador do Ártico Jonh Franklin, cujo ritmo natural de vida e pensamento é descrito como o de um velho preguiçoso depois de uma longa massagem e de um cachimbo de ópio. Na infância, Franklin é alvo de zombaria, mas ao chegar ao extremo Norte ele encontra o ambiente perfeitamente adequado a seu temperamento: um lugar onde todo mundo faz as coisas calmamente, onde pouco acontece e onde é importante parar para pensar antes de se precipitar na ação. Muito depois de publicado na Alemanha em 1983, The Discovery of Slowness continuava nas listas de best-sellers, sendo propagandeado até como um manual alternativo de administração. Enquanto isso, surgiu na Itália um desdobramento culinário do Movimento Devagar, o slow food, que teve origem como protesto contra as filiais do McDonald's em Roma e acabou se transformando em toda uma filosofia do bem viver" ("COMO VIVER"; Sarah Bakewell; Objetiva; 2012, Rio de Janeiro).


Sarah Bakewell vive em Londres, onde ensina escrita criativa na City University e cataloga coleções de livros raros para o National Trust. Foi curadora de livros antigos na Wellcome Library.

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