sábado, 13 de fevereiro de 2010

E NOSSA MEMÓRIA HISTÓRICA?

 
lidebrasil.com.br

Impressiona a alguns estudiosos o desapreço ou indiferença de parte de nossa elite com nossa história. Lembro bem quando, anos atrás, já com idade avançada, morreu uma tia-avó minha já com idade avançada, a primeira reação de seus filhos foi desfazerem-se do acervo de cartas, documentos e livros de seu marido, personagem importante da cena política do Rio Grande do Norte do início do século XX, guardados zelosamente em um mezanino. Somente o respeito à viúva mantivera intacto, ao longo do tempo, todo o testemunho de uma época.


Esse é apenas um entre muitos exemplos. Como esquecer episódio ainda recente, ocorrido em Mossoró, no qual uma dirigente da Biblioteca Pública Municipal mandou queimar, alegando a “ocupação de espaço”, uma grande quantidade de exemplares antigos do jornal “O Mossoroense?” Ou esquecer as fotografias estampadas no “Diário de Natal” mostrando os arquivos dos servidores da Datanorte, gravados em meio magnético, expostos a sol, chuva e poeira? Ali, além do descaso com a história, havia desrespeito com os servidores, pois direitos seus ficaram definitivamente impossibilitados de reivindicação com o desaparecimento de todos aqueles dados que a mediocridade humana fizera questão de sepultar.



Se fatos como esses relatados acima comovem e espantam alguns, o que não dizer em relação ao desapreço para com a memória das instituições? Em todo este imenso Brasil, de uma ponta a outra, com poucas e honrosas exceções, tudo quanto foi feito por um Governo, envolvendo recursos humanos e financeiros, através de projetos e/ou programas, foi imediatamente deixado de lado por seu sucessor desperdiçando-se, assim, tempo, talento, esforço físico, numa palavra – o dinheiro do contribuinte.



Quantas e quantas vezes em uma instituição pública, apenas os fantasmas de realizações bem-sucedidas, cujo único vestígio de sua existência é constituído de papéis roídos e empoeirados, além da memória claudicante dos servidores mais antigos. O desperdício é tanto que são raríssimos os exemplos de reformas administrativas promovidas por este ou aquele Governo sem que se ouça a memória do servidor público. Terceirizam-se os serviços para uma empresa alienígena qualquer e esta, sem qualquer consideração para com o passado da instituição, impõe ao(s) Órgão(s) um aglomerado de normas jurídicas aparentemente bem concatenadas, mas, na realidade, muito distantes do que efetivamente acontece nas veias e entranhas do serviço público, originando emperramento, superposições, desvios de função e injustiças, entre outras irregularidades e ilegalidades.



Triste Brasil: nossa história, como uma fotografia de alguém em sépia que encontramos por acaso, esmaecida pelo tempo, excetuando as raras que conseguimos resgatar e impedir seu desaparecimento têm destino certo: o esquecimento. Sequer percebe, essa parte da elite obscurecida pela devoção ao presente, o que acontece aqui e agora: Aluisio Alves está sendo; Café Filho, ex-presidente da República, é pálida lembrança na memória de poucos.

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