Eu pegava as mãos calosas de minha mãe e lhe perguntava: "como pode"? Ela, pela milésima vez dizia: "foi algo que eu não sei explicar. Mas sua avó nada podia dizer a não ser olhar com aqueles olhos tristes de quem tudo perdoa por tudo compreender. Que posso lhe dizer? Me encantei por aqueles olhos verdes, aquele sorriso, e fui com ele. Movi seus e terras, enfrentei a família, e fui feliz. Chorei muitas lágrimas pelo que não pude lhes oferecer, mas nunca chorei qualquer lágrima pela escolha que fiz." Eu apertava sua mão e fazia uma ligeira cócega na palma, que ela afastava como se tivesse vergonha da dureza de sua pele, antes tão aveludada. Meu pai tudo escutava calado. Nunca soube o que se passava no seu pensamento. Um sorriso enigmático fendia seus lábios. Talvez ficasse pensando no contraste entre a pobreza que deixara para trás, a pé, tantos anos antes, e a lembrança da beleza daquela mulher, quando nova, que decidira largar tudo para acompanhá-lo sem deixar a altivez de lado.
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