segunda-feira, 14 de julho de 2014

A GESTÃO DA SELEÇÃO É UM ESPELHO DA GESTÃO DO BRASIL

* Honório de Medeiros

Posso não ter diploma de técnico de futebol, mas tenho cá minhas convicções e vou meter meu bedelho nesse assunto da seleção brasileira.

Uma delas é de que uma ruma de menino chorão não tem calibre para ganhar copa do mundo. Fiquei impressionado com o chororô deles. Que diabos foi aquilo? Sou de um tempo que homem não chora, engole as lágrimas, trinca os dentes e segue em frente. Não precisa de consolo.

E não adiante vir com conversa de psicólogo. Conheci muitos homens e mulheres de antigamente que não derramavam lágrimas como quem descasca dez cebolas de uma vez só, e eram pessoas equilibradas, íntegras, felizes a seu modo, em tudo e por tudo.

Fiquei perplexo com as lágrimas abundantes, os semblantes arrasados, o drama visceral dos nossos jogadores. Quanta fraqueza emocional... Nem as carpideiras do Sertão choram daquele jeito.

Outro fato que me impressionou foi a vocação brasileira para admitir e admirar sargentões do tipo Felipão, que transpira certezas sem fundamento e manipula os fracos com sua arrogância de botequim. O modelo Felipão anda por aí conduzindo a massa, lembra muito Lula, levando os bestas no bico, apresentando soluções superficiais e imediatistas para problemas antigos e estruturais, cheio de condescendência com os críticos.

Pois Felipão não teve a ousadia de querer impingir ao Brasil que a seleção jogou bem até o "apagão"? E que o "apagão" foi o culpado de tudo?

Para quem estuda Retórica, e analisa o quanto o corpo diz, é um copo cheio ver a mania que Felipão tem de dar uma palmadinha no rosto dos interlocutores quando fala com eles. Fez isso com Van Gaal. Fez isso com José Pekerman. Fez isso com outros. É ultrajante, medíocre, ultrapassado. Lembra certos políticos de quinta categoria, sem compostura, frequentadores de velórios e batizados. É o retrato de quem se esconde por trás de um ethos arcaico, distante de uma razão calcada em argumentos.

Por fim, é intrigante o quanto todo o processo pelo qual passou a seleção brasileira lembra nossa atual situação político-econômica. Assim como no Brasil, a elite que comanda os destinos da seleção é ultrapassada, comprometida do ponto de vista moral, manipuladora e limitada intelectualmente.

Na Argentina também é assim, mas lá tinha um técnico melhor preparado, e jogadores tecnicamente mais qualificados. Sim, e homens calejados jogando futebol...

Fatos são fatos, contra eles não há argumentos. Estão aí para quem quiser apreendê-los. Nesse sentido a gestão da seleção é um espelho da gestão do Brasil. Uma ilusão potencializada midiaticamente ante uma caterva de apaixonados aos quais falta, até mesmo, bom senso, a desmoronar às vezes lentamente, às vezes repentinamente, quando o tempo passa e a verdade aparece. Vejam a propaganda do Governo. Não parece que vivemos na Alemanha?

Quanto à questão tática ou estratégica, basta irmos aos jornais do exterior. Leiam o que os analistas de futebol de fora dizem do jogo de nossa seleção...    

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