terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A "SÍNDROME DO PEQUENO PODER" E UM PODER EM CRISE

Carlos Santos

Começou na quinta-feira (12), a reforma da equipe de auxiliares (cargos de confiança) na Prefeitura de Mossoró, gestão do prefeito provisório Francisco José Júnior (PSD). Ontem (segunda-feira, 16), mais uma etapa.

As modificações ocorrem por natural necessidade de ajustes ao perfil do governante, interesses políticos distintos e circunstâncias administrativas que mexem com a gestão do novo prefeito.

Mesmo com seu discurso de afinação e apoio, além de “desejo” que a prefeita cassada e afastada Cláudia Regina (DEM) retorne ao cargo, o “aliado” Francisco José Júnior não tem qualquer motivo para realmente pensar assim. Nem agir.

A prefeitura não caiu em seu colo. Contudo não estamos diante de puro acaso ou conspiração com tal fim.

Ao saltar no agrupamento governista após as eleições do ano passado, depois de ser candidato reeleito à Câmara Municipal, ele tinha planos de se fortalecer para novos voos. Por isso, articulou e teve apoio de Cláudia Regina para ser “homem de confiança” no Legislativo, o presidindo novamente.

A princípio, tentava conseguir novo mandato como presidente da Casa, já obtido na legislatura passada. Em segundo plano, mirava mandato de deputado estadual, ascensão que seu pai Francisco José (PMN) já tivera.

Mas eis que aparece uma prefeitura em seu caminho, em seu caminho aparece uma prefeitura fragilizada, sucateada, com erário em sangria e com prefeita e vice afastados.

Claramente, Francisco José Júnior, conhecido como “Silveira”, não está na cadeira do Executivo guardando vaga para Cláudia Regina. As chances dela retornar são escassas. Completar o mandato é praticamente impossível.

A avalanche de cassações (11 em primeiro grau e cinco ratificadas no Tribunal Regional Eleitoral-TRE) a deixa numa situação incomum na história política do Brasil. Nunca antes na história desse país se viu algo parecido.

Consciente do vácuo de poder, Francisco José Júnior age rápido, tenta imprimir identidade própria ao período provisório e construir uma candidatura para completar o mandato iniciado por Cláudia e o vice Wellington Filho (PMDB).

O resto é puro sofisma e retórica. Tudo junto, misturado.

O próprio grupo que Cláudia começara a construir, dissociado de amarras com as lideranças de Rosalba Ciarlini (DEM) e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), está sendo rapidamente aniquilado. Boa parcela de sua militância “apaixonada” começa a se esgueirar para jogar incenso sobre novo guru.

É a vida. ”A vida como ela é”, com toque rodriguiano cruel, muito cruel.

Seus fieis “escudeiros” saíram logo em solidariedade à líder, reagrupados – como antes – e primitivamente, fora da prefeitura. Lá montam barricadas e tentarão se soerguer no exílio, sob o fantasma do ostracismo.

Ah, por favor! Ninguém culpe Silveira por essa tarefa de desconstrução ou asfixia de uma liderança emergente. Ele é parte interessada no espólio político de Cláudia, como qualquer um. Não um usurpador, como certos jagunços cibernéticos tentam vender.

O poder é sempre um serpentário repleto de ressentidos e conspiradores, verdugos e tartufos; gente acostumada à idolatria e à perfídia de laboratório. Tudo por lá parece manipulado em tubos de ensaio.

Para alguns, ele nunca será grande o bastante. Para outros, está além de suas possibilidades.

Nesse cenário confuso, Mossoró corre o perigo de ser solapada por algo pior: o surgimento de algum poderoso com “Síndrome do Pequeno Poder”. É aquele indivíduo que no exercício do mando, usa de forma absolutista para se impor, não se preocupando com as consequências dos seus desatinos.

- Cláudia passou, né? A gente está com Silveira – diz candidamente um vereador governista, com o pragmatismo que a situação costuma produzir na política nacional.

Passou?

Vamos em frente. Temos mais interrogações do que certezas diante de nossos olhos.

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